Porto Alegre ; Nicolas Lapentti chegou para a entrevista coletiva escoltado por dois "seguranças" diferentes, após ter garantido a vitória do Equador sobre o Brasil pela Copa Davis. Logo atrás dele, sem esconder os sorrisos estavam seus pais.
Nenhum dos três ocultou a felicidade com o fim de semana perfeito do filho mais velho da família. Na sexta, ele venceu Thomaz Bellucci. No sábado, ao lado do irmão superou a dupla brasileira formada por Sá e Melo. No domingo, em uma batalha de quase cinco horas, superou a Marcos Daniel. Ao todo, Lapentti ficou quase 12 horas em quadra.
"A força vem de jogar pelo país. Jogar a Davis é distinto de jogar um torneio da ATP. A experiência para administrar energia, quando eu estava cansado, foi muito importante. Essas são as coisas lindas da Davis. Quando a torcida cantava, eu tentava imaginar que era para mim", declarou, sob os olhares de seus pais, que fizeram questão de filmar a entrevista.
Em 17 anos de Davis, esta foi a nona vez que Lapentti venceu as três partidas que disputou em um fim de semana. Porém, nenhuma delas valeu uma vaga no Grupo Mundial. E pouca delas foram tão sofridas. "Não sei se eu imaginava um fim de semana assim. Eu sabia que era importante para mim e para minha carreira. Se perdesse, eu não saberia o que fazer. É uma motivação extra para mim. Foi importante ter jogada partidas de cinco sets no Aberto dos Estados Unidos", explicou.
Massagem
Lapentti afirmou viver um momento indescritível. Na sexta, foram 3h33min de jogo contra Bellucci. No sábado, a partida de duplas durou 3h40min. "Não tinha muito o que fazer. Era alongamento e massagem. Não teve tempo para muita coisa. Só dava para acreditar na preparação prévia", comentou sobre a sua recuperação física entre um dia e outro.
Diante de Daniel, o equatoriano deu indícios de que venceria de maneira fácil ao controlar e ganhar os dois primeiros sets. Porém, cansado, ele perdeu os seguintes. Na última série, acabou encontrando forças para conquistar o ponto decisivo para seu país, após 4h42min: "No quinto set, eu só pensava nas corridas que eu dava com o meu preparador nos treinos que tive. São essas lembranças que nos fazem ter força".
Com uma quebra à frente, Lapentti teve três match-points a seu favor. Em um deles, Daniel acertou uma devolução de esquerda na linha. "Pensei que era o destino. Pensei que o destino não quisesse que eu ganhasse, mas não dava para baixar os braços", revelou.
Aos 33 anos e de volta à elite do tênis, ele não titubeou ao ser perguntado se estaria se aposentando. "Não. Ano que vem tem o Grupo Mundial", afirmou, mostrando um largo sorriso.
Emoção
Após todos os questionamentos dos jornalistas, Lapentti pediu a palavra antes de ir embora. Emocionando, fez um agradecimento público. "Quero cumprimentar a equipe do Brasil. É difícil jogar com amigos. Eles fizeram uma grande luta. Quero cumprimentá-los pelo tratamento que recebi e a torcida. Ela gritou incentivando o Brasil, mas nunca disse coisas ruins para nós. Estão de parabéns".
Depois da entrevista, veio o momento da foto. Lapentti se juntou aos seus sorridentes pais e pousou para eternizar um dos grandes momentos de sua longa carreira.