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Festa nas areias do Rio de Janeiro

Em Copacabana, milhares se reuniram para acompanhar o anúncio da sede dos Jogos Olímpicos e vibraram com a vitória do Rio de Janeiro

Patrícia Trindade, Joana Tiso
postado em 03/10/2009 08:45
Rio de Janeiro - Olhos grudados no telão, atentos ao envelope nas mãos do presidente do COI, Jacques Rogge. O silêncio tomou conta de Copacabana. Vestidas com as cores do Brasil, milhares de pessoas olhavam para o mesmo lugar, aguardando o anúncio da sede das Olimpíadas de 2016. Quando o dirigente virou o envelope e o nome do Rio de Janeiro apareceu na imagem, a orla da praia mais famosa do mundo explodiu de alegria, choro, abraços, mãos para o alto, gritos e uma chuva de papel picado brilhante. Um bandeirão de mais de dois quilômetros de extensão e 800 quilos, com os dizeres "Rio loves you" (o Rio ama vocês), cobriu as areias e passava de mão em mão. [SAIBAMAIS]Em clima de feriado, sob um sol escaldante e calor de 30 graus, os cariocas pararam a cidade, que teve telões espalhados em vários pontos para comemorar a vitória sobre Madri na final. O ufanismo era estampado nas roupas, nos rostos pintados, nos assessórios bem-humorados e nas bandanas com os dizeres: "É a vez do Rio". Em coro, torcedores dos times de futebol do Rio, que estampavam os uniforme de seus clubes, se uniram para cantar: "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor". Os números oficiais da presença popular em Copacabana são discrepantes: 30 mil, segundo a Polícia Militar, e 100 mil, de acordo com a guarda municipal. Independentemente das estatísticas, a festa foi um resumo do povo carioca: alegre, eclético, com ritmos que foram do rock ao funk, passando pelo pagode e pelo samba. Lulu Santos abriu o show do aquecimento e não deixou de alfinetar os espanhóis: "Depois que a gente vencer Madri, vamos rir dos oficiais da imigração que barram brasileiros lá". No domingo, a festa recomeça às 16h, com shows de Arlindo Cruz, da Blitz e da bateria do Salgueiro. Liberados para comemorar A prefeitura decretou ponto facultativo, mas muitos trabalhadores do setor privado e autônomos também marcaram presença. A diarista Regina Célia, de 61 anos, telefonou para a patroa e perguntou se podia fazer a faxina em outro dia. "Ela riu e deixou. Hoje é dia de festa", disse a aposentada. "Sei que muita gente é contra a Olimpíada aqui no Rio, mas se os políticos gastarem o dinheiro direitinho, quem sabe essa cidade toma jeito de vez", revelou, esperançosa. A dona de casa Adriana Silva, de 38 anos, acompanhou o anúncio ao lado do filho, Mateus, de 11, que é surdo. "Ele fez questão de vir. Está na escolinha de futebol e quer fazer natação. Viu que pode fazer parte da Paraolimpíada e está empolgado. Essa Olimpíada aqui vai ser uma bênção", elogiou Adriana, sob os olhares atentos de Rodrigo, que faz leitura labial e balançou a cabeça em sinal positivo, concordando com a mãe.

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