postado em 17/10/2009 08:07
Foram 269 cartões amarelos e 29 vermelhos em 52 jogos na edição mais violenta da história do Mundial sub-20. A final também teve um expulso. A saída do zagueiro Addo, de Gana, aos 36 minutos do primeiro tempo, no Estádio Internacional do Cairo, parecia abençoar o penta da Seleção Brasileira. Mas outra vez a superioridade numérica virou maldição contra times africanos.Nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, a Seleção sub-23, do técnico Zagallo, caiu diante da Nigéria, nas semifinais, com um jogador a mais. No torneio seguinte, a equipe de Vanderlei Luxemburgo foi vítima de Camarões. Os Leões Indomáveis tinham dois a menos. O filme de terror se repetiu ontem com a sub-20, do treinador Rogério Lourenço, escrita por jogadores cariocas que até então haviam carregado a esquadra nas costas até a final.
Dos 14 gols do Brasil, Alan Kardec e Alex Teixeira, inscritos como atletas do Vasco, e Maicon, prata da casa do Fluminense, marcaram nove. Os heróis viraram vilões em 120 minutos. Irreconhecível na decisão, Alan Kardec tentou marcar gol de mão no tempo normal e furou na frente do gol na prorrogação. Ele acertou a cobrança de pênalti, mas viu Alex Teixeira e Souza, do Vasco, e Maicon, do Fluminense, ofuscar as duas defesas do goleiro Rafael e transformar o Brasil no maior vice do torneio.
Até ontem, a Seleção estava empatada com Espanha, Gana e Nigéria em número de derrotas na final. Cada país tinha dois vices. Derrotado nos pênaltis por Portugal, em 1989, e pela Argentina, no tempo normal, em 1995, o Brasil chegou a três após o título inédito de Gana ; o primeiro de um país africano. Pior: o Brasil também é o segundo em coleção de glórias. São quatro taças, contra seis da Argentina.
Bola de Prata
Vice do ganês Dominic Adiya na eleição do melhor jogador do torneio, o meia Alex Teixeira admitiu que a derrota nos pênaltis machuca mais. ;Dói mais perder dessa forma. Recebemos tristes a medalha de prata, mas lutamos até o fim. O importante é que tivemos vontade durante toda a decisão, é melhor pensar que não faltou nada para vencermos.;
Giuliano, o capitão do time, esteve por duas vezes próximo de receber a taça de campeão, mas a frustração venceu o sonho. Restou conformar-se com a Bola de Bronze. ;Sairemos daqui outros homens, amadurecidos. Sinto um sentimento duplo. Feliz pelo troféu, mas triste pelo insucesso na final.;
Falhou pela segunda vez
Revelado pelo Flamengo, o ex-zagueiro Rogério Lourenço, com passagem também pelo Cruzeiro, não conseguiu apagar da memória, como técnico da Seleção sub-20, a frustração do Mundial de 1989. Na edição daquele ano, ele foi eliminado como jogador por Portugal, nas semifinais.
Números da decisão
Gana - Brasil
16 Finalizações 32
4 Chutes a gol 11
19 Faltas cometidas 22
6 Escanteios 7
3 Impedimentos 2
43% Posse de bola 57%
Prêmios
Bola de Ouro
Dominic Adiya (Gana)
Chuteira de Ouro
Dominic Adiya (Gana), 8 gols
Fifa Fair Play
Brasil
Luva de ouro
Esteban Alvarado (Costa Rica)
Só falta a Copa, profeta Pelé!
Em 1990, Edson Arantes do Nascimento previu que em breve uma seleção africana seria campeã do mundo. Até ontem, os países do continente anfitrião da Copa de 2010 só haviam subido ao alto do pódio no Mundial sub-17, com Nigéria e Gana, nos Jogos Olímpicos (sub-23), com Nigéria e Camarões e na eleição de melhor jogador do mundo da Fifa. O liberiano George Weah foi eleito em 1995.
No Mundial sub-20, a África tinha sido vice quatro vezes. Duas com Gana e outras duas representada pela Nigéria. Com o inédito título das Estrelas Negras, só falta ao segundo continente em fornecimento de pés de obra para a Europa o título da Copa do Mundo para cravar de vez o palpite do Rei. Camarões (1990) e Senegal (2002) foram as seleções que mais se aproximaram do feito ao serem eliminadas nas quartas de final.
Das seis vagas africanas para o Mundial de 2010, três já foram preenchidas. Uma é da anfitriã, África do Sul. Outras duas pertencem a Gana e Costa do Marfim. Nigéria, Gabão, Camarões, Tunísia e Argélia são os favoritos às três vagas restantes.
Responsável pela consagração de Gana, o técnico Selas Tetteh considera que sua seleção tirou o Brasil do sério. ;Eles começaram a entrar em pânico. Quando o gol não veio, chegou a frustração, e eles começaram a perder chances;, disse, eufórico.
O treinador acrescentou que sua equipe era muito boa e formou ;um muro; para segurar os brasileiros. ;Estou muito feliz porque acho que merecemos ser campeões;, comentou.
Sala de troféus
Ano - Campeão - Vice
2009 Gana Brasil
2007 Argentina República Tcheca
2005 Argentina Nigéria
2003 Brasil Espanha
2001 Argentina Gana
1999 Espanha Japão
1997 Argentina Uruguai
1995 Argentina Brasil
1993 Brasil Gana
1991 Portugal Brasil
1989 Portugal Nigéria
1987 Iugoslávia Alemanha
1985 Brasil Espanha
1983 Brasil Argentina
1981 Alemanha Catar
1979 Argentina União Soviética
1977 União Soviética México