postado em 18/10/2009 09:49
São Paulo - Quando Rubens Barrichelo cravou o melhor tempo nos treinos classificatórios, após um dia inteiro de chuva, espera e tensão, foi como se tivesse passado uma borracha no passado de decepções em Interlagos. Não foi a primeira vez que o piloto brasileiro conseguiu a pole position, feito obtido também em 2003 e 2004 com a Ferrari. Mas nunca Rubinho foi tão feliz no autódromo paulista e jamais teve todas as condições para superar um passado de 16 corridas, 11 abandonos e apenas um pódio (3º lugar, há cinco anos).
O problema é que, para subir no ponto mais alto pódio, Rubinho terá de correr contra os pilotos, a provável chuva e o retrospecto. Nas últimas 10 corridas em Interlagos, em apenas três vezes o piloto que largou na frente conseguiu terminar sustentando a primeira posição. "Mais do que nunca, sinto que posso ganhar. Quero ganhar há 17 anos. Nunca corri para ser o segundo. Vou fazer o meu melhor."
Ontem, Barrichello teve dois motivos para comemorar. Além da volta impecável que lhe garantiu a primeira posição no grid de largada, o piloto brasileiro viu seu principal rival na briga pelo título fracassar no treino classificatório. Companheiro de equipe de Rubinho e líder da temporada, o piloto inglês Jenson Button, que teve problemas no carro, largará na 14ª posição. Sebastian Vettel, que também está na briga pelo Mundial, saiu logo na primeira parte do treino. O piloto alemão, que está na terceira posição na classificação do Mundial, conquistou apenas o 16º tempo.
Especialista em corridas com chuva, Barrichello não fazia questão de pista molhada, onde os erros se multiplicam e as chances de terminar na grama ou no muro são maiores. A chuva veio e abençoou o brasileiro, fazendo com que seus rivais fossem um a um ficando para trás. A sorte e o profissionalismo também estiveram com ele. A estratégia de ir para a pista na hora certa, com os pneus ideais, os freios ajustados e o carro leve foi perfeita.
A felicidade por largar na primeira posição hoje e por manter vivas as chances do título inédito em 17 anos de Fórmula 1 estava estampada no rosto de Barrichello. Emotivo e chorão confesso, ontem ele conseguiu segurar as lágrimas a muito custo.
Consciente de que agora precisa fazer bonito também durante a corrida, Barrichello, 37 anos, sabe que ser pole position ajuda, mas não é sinônimo de vitória garantida. "A pole é meio caminho andado, como a criança que tirou nota cinco e precisa de mais coisas para passar de ano. Ou seja, vencer. Foi bom ficar à frente da RBR porque eles estão em boas condições e mais pesados que a Brawn. Pode ser um prenúncio de uma boa corrida amanhã (hoje). O desempenho do meu carro foi bom durante todo o treino", complementou.
O Brasil e o mundo da Fórmula 1 estão com Rubens Barrichello. Isso fica evidente para qualquer um que caminha pelo autódromo do GP Brasil e percebe a energia positiva vinda até mesmo dos seus rivais. Hoje, depois de 71 voltas e 305,9km, Interlagos pode viver um dia histórico, um domingo para confirmar que a vez de Rubinho demorou, sim, mas chegou.
A matemática do mundial de pilotos
Jenson Button (GBR/BRAWN GP)
Classificação atual:
líder, com 85 pontos
O que precisa fazer
para ser campeão já
no GP do Brasil:
Terminar a corrida
em 1°, 2° ou 3° lugar
Rubens Barrichello (BRA/BRAWN GP)
Classificação atual:
- 2° colocado, com 71 pontos
O que precisa fazer para levar a decisão para o GP de Abu Dhabi:
- Se Button chegar até o 4° lugar, precisa vencer
- Se Button chegar até o 6° lugar, precisa ficar em 2°
- Se Button chegar até o 8° lugar, precisa ficar em 3°
- Se Button chegar até o 9° lugar, precisa ficar em 4°
Sebastian Vettel (ALE/RED BULL)
Classificação atual:
- 3° colocado, com 69 pontos
O que precisa fazer para levar a decisão para o GP de Abu Dhabi:
- Se Button chegar até o 6° lugar, precisa vencer
- Se Button chegar até o 8° lugar, precisa ficar em 2°