postado em 23/10/2009 09:18
Não foi somente a distância de dez quilômetros, o cansaço e as adversárias que Poliana Okimoto precisou superar para sagrar-se campeã da temporada 2009 da Copa do Mundo de maratonas aquáticas. Técnico e marido da atleta, Ricardo Cintra conta que uma das principais dificuldades da brasileira no mar está na violência das adversárias.
Com apenas 1,65m e 48kg, Poliana é vítima fácil de socos e cotoveladas das rivais, em geral donas de portes físicos bem mais privilegiados. "Ela apanha muito durante as provas", conta o técnico, que tenta preparar a pupila com treinos de contato físico nos mares de Santos, onde reside o casal.
O caso mais grave se deu no Mundial de Nápoles, em 2006. Após surpreender ao ficar em segundo lugar na prova de 5km, Poliana passou a ser marcada de perto na disputa de 10km por Larissa Ilchenko, diversas vezes campeã mundial desde 2004. Na hora da largada, ao passar por cima da faixa que indica o início da disputa, a russa acertou uma cotovelada que estourou o tímpano da brasileira.
"Foi proposital", acredita Cintra. Ainda assim, Poliana continou na prova e conquistou nova prata, atrás justamente de Ilchenko. Ao pisar em terra firme novamente, com água no labirinto, Okimoto sequer conseguia ficar de pé enquanto o ouvido escorria sangue. Mesmo assim, Okimoto não quis revidar. "Ela é muito boazinha, ingênua", avalia o técnico.
Aos poucos, porém, a experiência tem feito Poliana suportar melhor esse tipo de situação. "Antes, ela apanhava e ficava quieta, mas agora também bate. Já a vi até xingando, coisa que ela não costumava fazer", confessa o treinador.
Fora da água, a situação também é tensa. "As alemãs, americanas não aceitam de jeito nenhum (o sucesso de Poliana). Elas nem olham na nossa cara", conta Cintra. "Isso é uma coisa que dificulta muito no Circuito Mundial, pois temos que conviver com nossos adversários o tempo todo. É um clima ruim, mas agora eu também não cumprimento mais ninguém, não estou nem aí", admite.
Mais comedida, Poliana ainda cumprimenta as rivais e acredita ser possível a "paz" entre as competidoras. "A gente sempre conversa bastante até porque viajamos muito tempo juntos e não tem como ficar cada um por si", explica a atleta, que vê um lado positivo até mesmo na forte marcação das estrangeiras. "Isso é até bom, pois quando chegar um Mundial ou uma Olimpíada sei o que fazer. Não vou mais ficar assustada", avalia.