A principal característica de campeões é a determinação. Natália Mayara, 15 anos, sabe bem o que é isso. Pernambucana radicada em Brasília, a tenista venceu os Jogos Parapan-Americanos Juvenis no último fim de semana, em Bogotá, tanto na categoria open individual quanto na dupla mista, ao lado do paulista Pedro Rocha. ;Enfrentei as colombianas, que tinham torcida por jogarem em casa, e senti uma pressão muito grande para ganhar. Quem me ajudou naquela hora foi o meu técnico. Ele me orientou para que colocasse o nervosismo e a ansiedade nas bolas. Deu certo;, lembra.
Para o treinador da atleta, Wanderson Cavalcanti, a candanga foi muito bem, principalmente por ter sido sua segunda competição de grande porte. E os resultados falam por si só. Natália enfrentou sua principal adversária, a colombiana Maria Angélica Villalobo, duas vezes. Na primeira, na partida individual, venceu por 6/4 e 6/1. Nas duplas, ao lado de Pedro, bateu Maria Angélica e Andrés Flores por 6/2 e 6/3. ;A Natália sempre jogou com adultas, porque na América do Sul existem poucas tenistas da mesma faixa etária dela. Só agora, que o Rio de Janeiro foi eleito para sediar as Olimpíadas, é que começaram a falar em trabalho de base. Estamos à procura de novos atletas para os desafios que vêm pela frente;, afirma Cavalcanti.
Sexta melhor tenista em cadeira de rodas do mundo, segundo o ranking da Federação Internacional de Tênis (ITF), Natália conheceu o esporte há três anos, no Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cefete), onde treina por três horas às terças, quintas e sextas-feiras. ;Comecei na natação, e o Wanderson me convidou para fazer uma aula. Joguei, gostei e não penso em parar;, conta ela, que faz planos para os próximos nove anos. ;Minhas metas são participar em 2011 dos Jogos Parapan-Americanos, no México, das Paraolimpíadas de 2012, em Londres, e, principalmente, dos Jogos de 2016, no Rio.;
Ainda no ritmo da vitória, a tenista já mira o próximo desafio: as Paraolimpíadas Escolares, entre 10 e 15 de novembro, em Brasília. ;Essa competição é importante para preparar os para-atletas para o ano que vem, quando começam a contar os pontos para o ranking do Parapan de 2011. O Brasil nunca levou uma equipe feminina para os Jogos Paraolímpicos e queremos ser os primeiros. Precisamos de atletas;, convoca Wanderson.
Acidente em Recife
Em 26 de setembro de 1996, Natália, então com 3 anos de idade, estava com a mãe em uma das paradas de ônibus da Avenida Agamenon Magalhães, em Recife, quando um coletivo subiu na calçada e atropelou a menina. O acidente foi tão grave que ela sofreu edema cerebral, diversas escoriações, e teve as pernas amputadas. Internada por 95 dias, a menina foi operada 12 vezes.
Aos 8 anos, Natália veio a Brasília para tratamento na Rede Sara Kubitschek com a família e aqui ficou. Conheceu o esporte para portadores de necessidades especiais aos 12 anos, com a natação, seguida pelo tênis, e desde então não parou mais.
Criação americana
Criado em 1976 nos Estados Unidos, o tênis em cadeira de rodas requer muita técnica, velocidade, resistência física, reflexo, precisão e força de seus atletas. A bola pode quicar duas vezes, sendo que a primeira delas deve ser dentro da quadra. Fora isso, os pontos são conquistados da mesma maneira que no tênis convencional. As partidas são disputadas numa melhor de três sets, com cada set sendo disputado até seis games.
Campeão geral
O Parapan-Americano Juvenil ocorreu entre os dias 18 e 22 deste mês e contou com a participação de 600 atletas ; 90 brasileiros ; de 14 países, entre 13 e 21 anos. O Brasil sagrou-se campeão geral, com 133 medalhas (80 de ouro, 39 de prata e 14 de bronze)
Categorias
; Quad: comprometimento funcional em três ou mais extremidades.
; Open: comprometimento dos membros inferiores.
Como fazer
Com atividades gratuitas, o Cetefe oferece 12 modalidades para portadores de necessidades especiais. Em algumas delas, o material é cedido para iniciantes.
Modalidades: tênis de quadra, tênis de mesa, badminton, natação, bocha, atletismo, tiro com arco, futebol com cinco jogadores, futebol com sete jogadores, vôlei sentado, futebol para amputados e golbol.
Local: SAIS, Área 2A, Edifício Enap, Ginásio,
Sala G-04 ; Asa Sul
Mais informações pelo telefone: (61) 2020-3168