postado em 04/11/2009 09:11
O caso do doping da ginasta Daiane dos Santos ; flagrada em um exame antidoping por uso da substância proibida furosemida e que corre o risco de ser suspensa por até dois anos do esporte ; colocou em rota de colisão o clube da atleta, o Pinheiros, e a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG).Em nota divulgada na última sexta-feira, o Pinheiro defendeu Daiane e declarou que a atleta estava inelegível para ser submetida a exames antidoping e que caberia à CBG ter informado a Federação Internacional de Ginástica (FIG) dos fatos, de modo que nenhum processo investigatório fosse aberto.
Segundo o Pinheiros, a CBG foi informada do afastamento de Daiane para a realização da cirurgia (a atleta foi operada no joelho direito em 21 de outubro do ano passado). ;O tratamento de recuperação foi devidamente informado à Confederação Brasileira de Ginástica e ao Comitê Olímpico Brasileiro, com cópia aos respectivos departamentos médicos, em 21 de outubro de 2008, por meio de carta oficial do Esporte Clube Pinheiros, acompanhada de diagnóstico do Dr. Wagner Castropil.;
De acordo com a nota, ;com base nestas informações, a Confederação Brasileira de Ginástica excluiu Daiane da Seleção Brasileira permanente em 23 de outubro de 2008, data em que a atleta se tornou inelegível para a realização de exames antidoping.; O clube alegou que cabia à CBG ;notificar a Federação Internacional de Ginástica sobre o histórico e a situação da atleta, a fim de evitar a abertura de procedimento investigatório.; Em outras palavras, o clube paulista acusou a CBG de prejudicar Daiane ao não informar a FIG.
O Correio tentou ouvir a presidente da CBG, Maria Luciene Cacho Resende. Entretanto, a dirigente estava inacessível, devido a uma reunião do Campeonato Pan-Americano Juvenil de Ginástica Artística, que reunirá 17 países, em Aracaju, a partir de hoje.
O marido de Luciene, Ary Resende, afirmou que a atual presidente não comandava a CBG na data em que o Pinheiros alega ter enviado o comunicado sobre a situação de Daiane (ela assumiu em 13 de fevereiro deste ano). Segundo ele, como a sede da CBG está sendo transferida de Curitiba para Aracaju, o documento referido pelo Pinheiros ainda não foi localizado para ser checado.
Sem defesa aceitável
A reportagem ouviu a ex-presidente da CBG, Vicélia Florenzano, hoje presidente da Federação Paranaense de Ginástica, que comandou a Confederação por 18 anos. Segundo ela, a CBG em nenhum momento agiu contra Daiane. Vicélia explicou o que aconteceu à época e disse que não há nada que a confederação pudesse ter feito para evitar o exame antidoping.
;A Daiane foi convocada para a Copa do Mundo de Stuttgart e o Pinheiros confirmou que ela participaria;, lembrou Vicélia. ;Mas a Daiane antecipou a cirurgia e cancelou a participação. O Pinheiros pode ter comunicado {a confederação, mas isso não significa que a FIG leve isso em consideração.;
Segundo a dirigente, a única coisa que poderia ter livrado Daiane de um exame seria a aposentadoria. ;Só existe essa possibilidade. Ela pode ter se lesionado, mas não deixou de ser atleta. A CBG não errou de forma alguma.; Para Vicélia, a situação da ginasta é complicadíssima. ;O anseio do clube é procurar alguma maneira para que Daiane não receba uma punição forte. Mas ele (Pinheiros) não vai conseguir. Queria até que tivesse tido alguma falha minha, mas mesmo que eu declarasse isso à FIG não iria mudar nada. Gostaria muito de ajudá-la, mas não posso;, lamentou.