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Zé Roberto diz que está fora de 2016

Em conversa com o Correio, técnico conta como estão os preparativos para a participação brasileira no Grand Champions Cup, no Japão, e revela que não estará no comando da Seleção nas Olimpíadas do Rio, em 2016

postado em 10/11/2009 09:08

Luiz Roberto Magalhães
Enviado especial

Tóquio ; Aos 55 anos, o paulista José Roberto Guimarães vive uma fase sem precedentes no comando da Seleção Brasileira feminina de vôlei. Depois do inferno atravessado nos Jogos de Atenas-2004(1), quando viu a final olímpica escorregar por entre seus dedos, Zé Roberto deu a volta por cima quatro anos depois. Faturou o inédito ouro olímpico e escreveu seu nome na história como o único treinador de vôlei do planeta a levar uma seleção masculina (Barcelona-1992) e uma feminina ao topo de um pódio olímpico.

Zé Roberto: Desde o Grand Prix de 2008, o Brasil conquistou nove títulos seguidos. Depois daquela competição, vieram o ouro na China e o título do Final Four, ainda no ano passado, e, em 2009, a boa fase seguiu com os troféus em Montreux, Copa Panamericana, Torneio Classificatório para o Campeonato Mundial, Final Four, Grand Prix e Campeonato Sul-Americano. Com esse notável retrospecto, a Seleção de Zé Roberto desembarcou em Tóquio, onde começa a disputa da Grand Champions Cup, que reúne os campeões continentais (Brasil, República Dominicana, Itália, Japão, Tailândia e a convidada Coreia do Sul) em busca do 10; caneco seguido.

O Brasil estrearia nesta madrugada, contra a República Dominicana. Após o último treino antes da partida, ontem, o técnico conversou com o Correio e adiantou que não estará no comando do time nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Os planos são seguir no cargo até Londres, em 2012, e, depois, se aposentar da Seleção.
[SAIBAMAIS]
Só até Londres

O que aconteceu em Atenas fez parte de todo o aprendizado. Se não tivesse tido Atenas não teríamos ganho Pequim;

Acho que vamos fazer uma das melhores Olimpíadas da história, não tenho dúvida disso;

Em 2016, eu vou estar com 62 anos e vou ajudar no que puder. Mas com certeza eu não serei o técnico;

Desde o ano passado, já são nove títulos seguidos que o Brasil conquista no vôlei feminino, incluindo dois Grand Prix e um ouro olímpico. Como está a preparação no Japão para lutar pelo 10; troféu em sequência?
Acho que vai ser o campeonato mais difícil deste ano. É o fim da temporada e os outros times melhoraram muito. A gente teve a oportunidade de jogar um pouquinho e fazer alguns amistosos contra o Japão e nunca vi o time deles tão bem. A Itália acabou de ganhar o campeonato europeu (Zé classifica, neste momento, a Azurra como a melhor equipe do mundo). Acho que vamos ter alguns problemas. Esperamos nos apresentar bem e continuar dando experiência ao grupo.

Do time campeão olímpico temos apenas seis jogadoras na Grand Champions Cup (Paula Pequeno, Thaissa, Mari, Sassá, Sheilla e Fabi). Qual a principal diferença entre a equipe que brilhou na China e essa do Japão?
É a experiência. Aquele time foi preparado durante anos para chegar naquele nível. Principalmente nos últimos quatro anos, nós tivemos uma intensidade de treino e jogos internacionais que deram àquela equipe uma experiência grande. Esse time precisa jogar, principalmente por conta das trocas de levantadoras que tivemos. Essa é uma posição extremamente complicada. A levantadora, como a gente diz, quanto mais velha melhor. Ela precisa rodar, precisa jogar com as atacantes e entender o tempo e a velocidade de cada uma.

Após a final em Pequim, você declarou que aquela seria a primeira noite que você iria dormir um sono verdadeiramente tranquilo desde aquela partida nas Olimpíadas de Atenas. Da China para cá, como você se classifica como técnico? Seu trabalho ficou menos tenso ou o título adicionou alguma pressão?
Acho que não. O que aconteceu em Atenas fez parte de todo o aprendizado. Se não tivesse tido Atenas não teríamos ganho Pequim. Acho que uma coisa vem com a outra e o mais importante é que o Brasil tem mantido um bom padrão de jogo, se mantido bem em termos de ranking mundial. Mas a gente sabe que vamos encontrar dificuldades. Não somos um time imbatível. Temos problemas e vamos ter que continuar treinando e melhorando. A pressão, em se tratando de Seleção Brasileira, existe sempre. Após Atenas, antes de Atenas, antes de Pequim, após Pequim...

Ano que vem, teremos o Campeonato Mundial. É um título que o vôlei feminino ainda não tem, assim como a Copa do Mundo. Essa é a principal meta para 2010?
O Mundial é o campeonato mais importante do ano que vem. A gente sabe que vão ter equipes candidatas ao título, mas o importante é tentar manter esse padrão que estamos tendo até o momento. É extremamente difícil, vão ser 24 seleções lutando para ser a campeã mundial e o Brasil é uma delas.

Como você viu a vitória do Rio para sede das Olimpíadas de 2016?
Fiquei feliz. Acho que muita gente torceu, acreditou que seria possível e felizmente adquirimos o direito de sediar os Jogos em 2016. Acho que vamos fazer uma das melhores Olimpíadas da história, não tenho dúvida disso.

Muita gente, depois da vitória carioca, começou a fazer planos. Você pretende seguir no comando da Seleção até lá?
Não. Acho que tudo tem o seu tempo. Em 2016, eu vou estar com 62 anos e vou ajudar no que puder. A gente já está pensando em 2016. O trabalho está sendo feito agora. A Seleção B e a comissão técnica que vamos montar serão justamente pensando no Rio 2016. Mas, com certeza, eu não serei o técnico.

Você é o único treinador que conduziu uma seleção masculina e uma feminina ao ouro olímpico. Depois disso, suas ambições pessoais vão até onde?

Acho que continuar ensinando, ganhando. A gente tem mais um desafio pela frente neste ciclo olímpico. Temos o Mundial do ano que vem, as Olimpíadas de 2012, em Londres, fora os outros campeonatos que devemos jogar até lá. Mas a minha tarefa ainda não está cumprida. Espero ajudar mais a Seleção Brasileira, inclusive na construção do time que vai jogar em 2016.

Sua ideia é disputar as Olimpíadas de Londres?
Sim. Jogar em Londres e, depois, entregar o bastão.

OS NÚMEROS


9 - Número de títulos seguidos da Seleção Brasileira em menos de dois anos

17 anos - Tempo que Zé Roberto conquistou a medalha de ouro nos Jogos de Barcelona, em 1992

O repórter viajou a convite da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV)

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