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Jogadora brasiliense entra numa fria

Depois de conquistar a medalha de prata com a Seleção Brasileira, a atleta candanga se apresentará ao seu novo clube, o Zarechie Odintsovo, da congelante Moscou

postado em 17/11/2009 08:45
Luiz Roberto Magalhães
Enviado Especial

Fukuoka (Japão) ; Consagrada após a medalha de ouro e o título de melhor jogadora das Olimpíadas de Pequim, a ponteira Paula Pequeno, que ajudou o Brasil na conquista da prata, no Japão, na Copa dos Campeões, encerrada no domingo, está de malas prontas para uma inédita aventura. Recuperada de uma operação no joelho realizada em maio, a brasiliense, que completará 28 anos em 10 de janeiro, embarcou do Japão direto para o frio da Rússia, onde defenderá seu novo clube, o Zarechie Odintsovo, de Moscou.

A candanga, única atleta da capital a ter conquistado uma medalha de ouro em jogos olímpicos, contou ao Correio o que espera da vida em terras russas. Comentou as dificuldades da contusão, a satisfação de ser mãe (sua filha, Mel, está com 3 anos) e, humilde, garantiu que o ouro não mudou em nada sua vida ; continua com a determinação de sempre para, em 2012, tentar ajudar a Seleção a chegar ao bicampeonato olímpico.


Em 2008 você foi medalha de ouro e eleita a melhor jogadora das Olimpíadas de Pequim. O que mudou na sua vida depois dessas conquistas?
Acho que ser campeã olímpica é um momento mágico, especial demais. Então, só o que mudou foi essa alegria imensa enquanto a gente tinha tempo de comemorar. Mas depois nada mudou. Está na história, está marcado, gravado, mas a gente sabe que tem muito trabalho para ser feito. Queremos ser bicampeãs, tricampeãs, e assim vai, com novos objetivos. Uma medalha olímpica não sustenta ninguém, muito pelo contrário. É muito bom para o currículo, para a carreira, mas não quer dizer que chega. É dali para mais e para melhor.

Você este ano passou por uma cirurgia no joelho esquerdo em maio. Como foi a recuperação e como está o joelho?
Está ótimo. O pior já foi. Na Superliga (2008/2009) passei um momento muito difícil. Foram dois meses e meio de muita luta, sem saber o que era, o exame não acusava (ela tinha um pedaço de osso solto no joelho). Eu sofri muito porque era uma coisa nova, que eu não sabia lidar. Foi uma situação que poucos aguentariam e eu me sinto orgulhosa de pelo menos tentar até o fim ter feito o meu papel (no ex-time do Finasa) como capitã, como jogadora e como ídolo.

Você vai se transferir agora para a Rússia, para o Zarechie Odintsovo, de Moscou. Como imagina que será essa experiência?
Sei que vai ser uma barra pesada, até porque é uma situação muito extrema sair do Brasil pela primeira vez e ainda por cima para um país completamente diferente, com cultura e clima diferentes. Mas estou superfeliz. Estou com uma disposição muito grande. Minha família vai se encontrar comigo em dezembro, o que já é meio caminho andado. Sem a filha, não há mãe que aguente. A família inteira vai estar em sacrifício.

Pela primeira vez, Paula vai defender um clube do exterior

Por falar em filha, a Mel vai fazer 3 anos. Como tem sido conciliar treinos, viagens, torneios com a responsabilidade de ser mãe?
Ela é tão esperta que burlou a medicina e veio (risos). É uma bênção na minha vida, por mais que eu hoje tenha muito mais atribuições. Eu preciso ser esposa (é casada com o jogador de handebol Alexandre Folhas), jogadora, amiga, parceira. Hoje, sentir saudades da minha filha e chorar por isso é o melhor choro, porque é um amor bonito, é grandioso e só quem tem sabe.

Que análise você faz deste time renovado do Brasil após as Olimpíadas de Pequim?
Sempre acaba sendo ruim a saída de uma jogadora como a Fofão (levantadora campeã na China que se aposentou da Seleção). Mas não podemos encarar como perda porque ela decidiu assim. Temos que tentar ajudar as levantadoras que estão surgindo agora (Dani Lins e Ana Tiemi), que são muito talentosas. Elas têm tudo para crescer muito. Ainda são inexperientes, não só elas como as novas que entraram. É um time talentoso, alto e que tem um bom caráter, e isso é muito importante. Acredito muito nesta geração.

Ano que vem, Brasília completará 50 anos.
E você faz parte dessa história, como um dos orgulhos candangos. Quais as suas principais lembranças da capital?

Primeiro, eu quero agradecer à torcida, e toda a força que todo mundo me deu desde o início. Eu sempre tive muito apoio dos brasilienses. É uma cidade que eu amo visitar. Minha família inteira está em Brasília. É um lugar que sempre me municia de muita energia para voltar a encarar uma vida difícil, atribulada. Não deixa de ser sacrificante, mas é boa. Só tenho a agradecer e dar os parabéns para Brasília. Quanto mais a cidade crescer, mais a gente vai estar feliz, e nós, candangos, estaremos orgulhosos.



; O repórter viajou a convite da
Confederação Brasileira de Vôlei (CBV)

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