postado em 24/11/2009 08:55
Correr durante 24h: este é o desafio que Rita de Cássia Gomes Jacob e Henderson Silva, o Formiga, resolveram enfrentar. Os dois embarcam amanhã para o Rio de Janeiro, onde disputarão a II Ultramaratona Rio 24h dos Fuzileiros Navais. Não bastassem as dificuldades impostas pela longa duração da prova ; vence quem correr a maior distância em um dia ; eles ainda têm um outro obstáculo pela frente: a prova é feita numa pista de atletismo, com apenas 400m. ;Ninguém aguenta ficar girando;, conta Formiga. Tanto que o sentido da corrida muda a cada duas horas. Assim, diminui o desgaste do corpo e da mente.;A dificuldade é que não tem uma linha de chegada para mentalizar;, explica Henrique Gomes Jacob, filho de Rita, quem incentivou os dois. Ele disputou a prova no ano passado. Rita ficou dando o apoio ; comida, roupa e água. Desta vez, iriam correr juntos, mas, no sábado, fazendo Wakeboard, ele torceu o pé. Agora, irá apenas como apoio de Rita e de Formiga.
Mas eles não vão para competir entre os primeiros. ;É mais o limite, o desafio do atleta;, justifica Formiga, que praticou duatlo durante anos e hoje é professor de educação física. ;A gente tem que fazer por prazer;, emenda Rita. Henrique garante, com a experiência, que esse é o caminho. ;É para você se descobrir. Hora que o corpo reclama, entra a cabeça.;
Estratégias variadas
Na hora da prova, cada um tem uma forma diferente para resistir às 24h correndo. Alguns competidores param para dormir e comer. Outros preferem não sair da pista. O importante, ressalta Henrique, é ter certeza de que terá ânimo para voltar a correr. ;Tem que ter em mente que, mesmo quando dá uma caminhada, você descansa para correr no ritmo que estava antes.;
O próprio Henrique planejava fazer 150km na prova do ano passado. Acabou conseguindo completar ;apenas; 135km. Isso porque sofreu uma crise de hipotermia. O biotipo magro o desfavoreceu diante de uma chuva, à noite. 9kg acima do seu peso normal, Formiga garante que não terá esse problema, rindo. Ele pretende correr entre 150 e 180km nas 24h.
Preparação leve
Rita e Formiga se prepararam de formas totalmente diferentes. Mas nenhum dos dois corre, nem de longe, a distância que farão sábado. Como já fez provas de Ironman, ele se preocupou mais em saber se daria conta de correr no circuito oval. Aproveitou seu aniversário, em agosto, e fez uma festa treino: passou três horas na pista, com a companhia de alunos e amigos. Garantida a resistência à monotonia do ambiente, ele investiu em treinos para fortalecer a musculatura ; foi correr em caixa de areia, além de percursos mais longos ; de 25km. Mas não consegue treinar com regularidade e frequência. ;O trabalho e o estudo não deixam;, justifica.
Já Rita decidiu depois da prova do filho, ano passado, que passaria a correr. Passou a fazer musculação diariamente, aliado ao treinamento de corrida e acompanhamento de nutricionista. A preparação já ajudou na saúde: ela perdeu 10kg desde quando começou a treinar. Mas nas pistas, até hoje, só correu provas de 5km. No sábado, pretende fazer de 60 a 70km. ;Tem que ir devagar.;
Anjos ao lado
;Se não fossem eles, eu não teria terminado nenhuma prova.; A declaração de Henrique quebra a ideia de que a maratona é uma prova solitária. Ele explica que, para correr, precisa da ajuda constante do apoio. Rita e Formiga fizeram este papel nas competições dele diversas vezes. ;Você fica feliz por ele;, conta Rita. Mas no sábado, será a vez dele ajudá-los enquanto eles superam todos os seus limites. E ver Formiga cair no choro. Porque essa é a reação que o atleta tem certeza que terá. ;Cada um tem a sua;, explica o compreensivo Henrique. ;Eu sinto um vazio por dentro. Depois dá um pouquinho de depressão e muita fome;, emenda rindo.