Superesportes

Fiscal anticorrupção revela desvio de verba do Atlético de Madri

postado em 24/11/2009 13:36
Dez anos após a intervenção do Atlético de Madri, o fiscal anticorrupção Carlos Castresana finalmente abriu o jogo sobre os casos de desvio de dinheiro do clube, "Camisas" e "Atlético", contando detalhes de todo o planejamento realizado por dirigentes do clube madrilenho para benefício próprio. Desde 1987, o Atlético de Madri era comandado pelo controverso Jesús Gil, político e empresário. Apesar de dentro de campo contar com grandes equipes, com jogadores como Simeone, Juninho Paulista e Christian Vieri e conquistar alguns títulos importantes, como o Campeonato Espanhol e a Copa do Rei de 1995/96, a administração do dirigente era cheia de tramas. "A gestão da família Gil pode se resumir em um saque sistemático. O clã desviou mais de 11 bilhões dos cofres do clube, provenientes de negociações de jogadores, para suas empresas familiares em paraísos fiscais", contou Castresana à Rádio Marca. "Toda a investigação partiu de um caso em Marbella (cidade litorânea espanhola) em que se desprenderam irregularidades gravíssimas sobre a transformação do Atlético em Sociedade Anônima Desportiva (SAD), onde no final Jesús Gil não colocou um centavo nessa transação", revelou o fiscal anticorrupção. Em 1999, o governo finalmente interveio no caso, Jesús Gil e sua diretoria foram suspensos de suas funções, mas nunca foram oficialmente culpados de nada. Tudo por conta da falta de mobilização, ou de coragem, dos acionistas rojiblancos. "A acusação (contra Gil) era do Ministério Fiscal, mas todos os três mil acionistas se mantiveram em silêncio. O que teria acontecido se eles tivessem estado junto com a parte acusatória? Houve uma grande lei de silêncio", disse Castresana. O fiscal ainda admitiu que por muitas vezes tentaram "comprá-lo" e faziam muita pressão sobre seu julgamento. "Nunca fizeram nada abertamente, mas tiva alguns 'convites'. Miguel Angél Gil (um dos envolvidos no escândalo) chegou perto de mim e me perguntou se eu poderia conversar com ele em particular. Eu rejeitei, pois é suspeito que um dos acusados queira conversar com o fiscal sem a presença de seu advogado", completou. Na temporada em que Jesús Gil deixou a diretoria dos colchoneros, o time viveu um conturbado momento tanto dentro como fora de campo, e mesmo sendo uma das mais tradicionais equipes do país, caiu à segunda divisão espanhola, retornando apenas em 2002.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação