José Antonio Alves
postado em 30/11/2009 11:04
O Flamengo joga com mais tranquilidade fora de casa. E provou ontem, na vitória sobre o Corinthians, no Estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas, mesmo desfalcado da sua principal estrela, Adriano. A uma rodada do fim e pela primeira vez no campeonato, o time rubro-negro assumiu a liderança do Brasileirão, e tem a oportunidade de conquistar o título, depois de 17 anos, no domingo, contra o Grêmio, no Maracanã.
Mas para sair com a faixa de campeão, o Flamengo terá que superar alguns traumas dentro do Maracanã, como reconheceu o goleiro Bruno, após o empate com Goiás, diante de um público de mais de 80 mil: %u201CÀs vezes, a torcida atrapalha%u201D. Uma referência a pressão que o jogador sofre pela necessidade de vencer.
Diante de um Corinthians sem nenhuma pretensão, o Flamengo também tinha a obrigação de conquistar os três pontos para se manter vivo briga pelo título. E, só conseguiu porque o técnico Andrade armou um paredão, formado por Toró e Aírton, na frente área para neutralizar qualquer iniciativa de Ronaldo, o Fenômeno, e prendeu os laterais Leonardo Moura e Juan para evitar as jogadas pelas pontas com o velocista Jorge Henrique.
Com isso, Willians, que também é forte na marcação, ficou mais liberado para explorar o lado direito de ataque em cima de um lento Escudero. Pela esquerda, Zé Roberto também levou vantagem sobre Jucilei. Era um jogo de paciência, como gosta de atuar o Flamengo, dentro e fora casa. Além disso, a saída de Ronaldo, aos 23 minutos do primeiro tempo, facilitou a vida dos zagueiros rubro-negros.
Agora, com dois pontos de vantagem sobre o vice-líder Internacional, resta saber se o Flamengo será capaz de suportar a pressão da torcida no Maracanã contra o Grêmio, que já estragou a festa rubro-negra, em 1997, na final da Copa do Brasil.
Memória
Em 1997, na final da Copa do Brasil, o Flamengo, que tinha Romário e Sávio, empatou em 2 x 2 com o Grêmio e assistiu à festa do tricolor gaúcho, comandado por Evaristo de Macedo, diante de um público de mais de 95 mil torcedores. Sete anos depois, a cena repetiu. E também na Copa do Brasil. Desta vez, foi contra o modesto Santo André, de São Paulo, quando o rubro-negro perdeu por 2 x 0 com um público de mais de 71 mil pessoas, após empatar a primeira partida em 2 x 2, fora de casa.
Em 2008, após conquistar o tricampeonato carioca, o Flamengo tinha tudo para avançar às quartas de final da Taça Libertadores. Após vencer por 4 x 2 a primeira partida contra o América do México, fora de casa, o time jogava por empate ou até derrota por 2 x 0 para se classificar. Mais de 50 mil torcedores compareceram ao Maracanã e outra vez assistiram a festa do adversário, que marcou três gols e não sofreu nenhum.
Clima de festa no vestiário
Campinas %u2014 O clima era de festa entre os jogadores do Flamengo ao término da partida, pela vitória contra o Corinthians e a ascensão à liderança do Brasileirão faltando apenas uma rodada. %u201CAprendemos a lição da partida do Goiás. Hoje tivemos uma vontade enorme para enfrentar o Corinthians. Temos uma grande chance de conquistar o título. Essa geração, esses garotos da equipe, essa torcida, merecem muito%u201D, comemora Petkovic.
Léo Moura, um dos mais experientes da equipe, também exaltou bastante os jovens do elenco rubro-negro. %u201CA gente só tem jogador novo na idade, por que todos sabemos o quanto esse título representa e vamos fazer de tudo para conquistar o título%u201D, garante o lateral-direito. Questionado se teve facilidades, Léo Moura rebate: %u201CNão foi jogo de compadre não. Eles chegaram várias vezes ao gol. Mas nós soubemos aproveitar melhor as oportunidades. Agora é hora de comemorar essa vitória.%u201D
Corinthians 0
Felipe; Jucilei, Chicão, Paulo André e Escudero (Dodô); Edu (Moradei), Elias, Boquita e Defederico; Jorge Henrique e Ronaldo (Souza)
Técnico: Mano Menezes
Flamengo 2
Bruno; Leonardo Moura, Álvaro, Ronaldo Angelim e Juan; Airton, Toró, Willians e Petkovic (Fierro); Zé Roberto e Bruno Mezenga (Dênis Marques)
Técnico: Andrade
Gols: Zé Roberto, aos 26 minutos do primeiro tempo; Leonardo Moura, aos 49 minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Moradei, Souza, Elias, Escudero, Paulo André, Felipe, Álvaro, Toró, Ronaldo Angelim e Petkovic
Cartão vermelho: Chicão Público: 25.691 pagantes Renda: R$ 723.800
Torcida grita %u201Cé campeão%u201D
Felipe Seffrin
Enviado Especial
Campinas (SP) %u2014 Uma hora antes de a bola rolar no Estádio Brinco de Ouro da Princesa, as torcidas do Corinthians e Flamengo já lotavam as arquibancadas e trocavam provocações mútuas. Os cerca de 3.500 mil rubro-negros presentes não pouparam a masculinidade de Ronaldo e provocaram os corintianos com gritos como %u201Cão, ão, ão, segunda divisão%u201D e %u201CLibertadores o Corinthians nunca viu%u201D. Já os 22 mil alvinegros comemoraram a ausência de Adriano, clamando %u201Cô, ô, ô, o Adriano pipocou%u201D. Mas, quando a partida começou, foram os cariocas quem cantaram mais alto.
A torcida do Flamengo bem que tentou pegar no pé de Ronaldo, vaiando o Fenômeno cada vez que ele pegava na bola. Mas quando o atacante do Timão, torcedor flamenguista declarado, se machucou em um lance na pequena área e teve que ser substituído logo aos 25 minutos do primeiro tempo, os rubro-negros, ironicamente, gritaram o nome do jogador. Logo depois, quando o time abriu o placar e assumiu a liderança, com a derrota do São Paulo para o Goiás, um carnaval vermelho e preto se armou em Campinas, com direito a gritos de %u201Cé campeão%u201D. Até os corintianos comemoraram.
Duelo à beira do gramado
Campinas %u2014 Nem parecia que era o Flamengo quem jogava pelo título do Campeonato Brasileiro. Técnico rubro-negro, Andrade ficou praticamente os 90 minutos do jogo à beira do gramado, mas aparentando tranquilidade. Já Mano Menezes, treinador garantido com o Corinthians na Libertadores do ano que vem e sem chances de título, estava tão nervoso, como de costume, que foi até expulso pelo árbitro Evandro Rogério Roman (PR). Mano reclamou acintosamente por cartão amarelo para Ronaldo Angelim por falta em Souza e viu todo o segundo tempo dos camarotes.
Sidnei Lobo, auxiliar técnico de Mano Menezes, assumiu o comando da equipe no gramado e cobrou bastante da equipe, sem muito sucesso. Já Andrade, sem extravasar o otimismo que vinha das arquibancadas a cada gol do Goiás sobre o São Paulo, demonstrou confiança em seus jogadores. No segundo gol rubro-negro, na cobrança de pênalti de Leonardo Moura, aos 48 minutos do segundo tempo, o treinador flamenguista conteve a euforia e comemorou de forma tímida. Àquela altura, a partida já estava ganha.
Ao final do jogo, Mano Menezes criticou a arbitragem, que teria favorecido o Flamengo. %u201CLevamos três cartões amarelos e a minha expulsão em um lance que foi a nosso favor. Saio do jogo com vergonha do futebol brasileiro. Se passou a semana inteira discutindo a honra das pessoas e até quem vem com atitude sai com a honra questionada%u201D, dispara, se referindo às especulações de que o Corinthians poderia entregar o jogo.
Atuações
Corinthians
Felipe
Falhou no gol de Zé Roberto, que chutou a bola por debaixo das suas pernas. No segundo, de pênalti, feito por Leonardo Moura, nem foi na bola. Limitou-se a bater palmas para árbitro Evandro Rogério Ronan, protestando contra a marcação da falta. Nota 3
Jucilei
Falhou no lance do gol rubro-negro, quando perdeu a disputa de bola para Zé Roberto. Também não apoiou o ataque, ficando mais na lateral do campo. Nota 2
Paulo André
Anulou completamente o atacante Bruno Mezenga e ainda buscou gol nas cobranças de escanteio. Nota 3
Chicão
Jogou com segurança na defesa, mas cometeu uma falta desleal em Fierro e acabou expulso. Nota 3
Escudero
Só tem tamanho. Deveria de trocar de posição, pois de lateral-esquerdo é fraco na marcação. Pelo menos, foi um dos poucos que jogou com a disposição. Saiu por cansaço. Nota 5. Dodô entrou e acabou sendo o responsável pelo
lance o segundo gol do Flamengo. Nota 2
Elias
É um volante que apoia muito. Ontem, no entanto, ficou apenas na marcação. Nota 2
Edu
Sofreu um estiramento na virilha com dois minutos de partida e saiu. Sem nota. Moradei entrou e também se limitou
a marcar. Nota 3
Boquita
Apareceu pouco na partida. Foi chamado a atenção pelo técnico Mano Menezes pela sua falta de vontade. Nota 2
Defederico
Foi disparado o melhor do Corinthians. Habilidoso, ele criou as principais jogadas de ataque e não teve sorte no lance em que driblou o goleiro Bruno, ao concluir fraco para o gol. Ronaldo Angelin tirou a bola em cima da linha. Nota 7
Jorge Henrique
Começou bem a partida. Procurou a tabela com Ronaldo, enquanto esteve em campo, mas abusou das reclamações a arbitragem. Nota 3
Ronaldo
Saiu com 25 minutos de jogo, alegando uma contusão na coxa. Enquanto esteve em campo, recebeu forte marcação, mas não levou perigo para Bruno. Nota 2. Souza entrou e atuou mais de pivô. Não deu um chute a gol. Nota 3
Por José Antonio Alves
Flamengo
Bruno
Durante o jogo só fez uma defesa difícil. Numa cobrança de falta de Chicão, ele mandou a bola para escanteio.
Também usou a experiência, retendo a bola e simulando contusão. Nota 7
Leonardo Moura
Ficou preso na lateral, quando poderia ter avançado mais ao ataque.
Cavou o pênalti e fez o segundo gol. Nota 5
Álvaro
Não deu espaço para o Fenômeno, enquanto esteve em campo.
Depois da saída do atacante Corintiano, jogou com mais tranquilo. Levou o terceiro cartão amarelo e desfalca o time na decisão contra o Grêmio. Nota 6
Ronaldo Angelim
Também fez um jogo
seguro e ainda salvou o
gol, que seria do empate,
do meia Defederico,
em cima da linha. Nota 7
Juan
Ainda não entrou em forma e também ficou mais preso na marcação. Nota 5
Toró
Perfeito na proteção aos zagueiros. O maior mérito,
no entanto, foi o lançamento para Zé Roberto fazer
o primeiro gol do
Flamengo. Nota 7
Aírton
Jogou com muita determinação. Formou uma boa dupla de volantes com Toró. Nota 6
Willians
Além de ser um grande roubador de bolas, sabe usa muito bem o lado direito de ataque. Deu uma canseira em Escurdero. Nota 7
Petkovic
Procurou armar as jogadas,
mas ontem, talvez pelo campo pesado por causa da
chuva, não esteve bem.
Cansou no segundo tempo e saiu. Nota 6. Fierro entrou e provocou a expulsão do
zagueiro Chicão. Nota 4
Zé Roberto
Foi o destaque da partida. Na ausência de Adriano, ele ficou com a responsabilidade de marcar os gols. Cumpriu a função, e ajudou bastante na marcação. Nota 9
Bruno Mezenga
Sentiu o peso de substituir o Imperador. Participou pouco do jogo e acabou substituído. Nota 4. Dênis Marques entrou e
perdeu uma grande chance oportunidade de gol, ao chutar em cima de Felipe. Nota 3