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Lobo em pele de cordeiro, Marcello Lippi está solto para ir à caça da marca histórica do compatriota Vittorio Pozzo. Técnico sente o faro do quinto título para igualar a coleção do Brasil

postado em 01/12/2009 09:18
Dois campeões do mundo como técnico tentarão igualar o feito de Vittorio Pozzo, o único treinador na história das Copas com dois títulos do torneio estampados no currículo. Falecido em 21 de dezembro de 1968, aos 82 anos, Pozzo era o domador do lobo italiano, animal comum no país, no bi de 1934 e 1938.

Marcello Lippi ergue a Copa do Mundo, em 2006Lá se vão 72 anos. Onze treinadores perseguiram o feito, mas não conseguiram igualar a proeza do iluminado Vittorio Pozzo. Responsável pelo fim de 24 anos de jejum da Squadra Azzurra na Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, Marcello Lippi, 61 anos, e Carlos Alberto Parreira, da África do Sul, são os candidatos a exorcizar a maldição. Como a missão de Parreira é impossível, a aposta é em Lippi.

;Igualar a marca de Vittorio Pozzo é um desafio a mais criado pela imprensa, mas a Seleção Italiana está acima de qualquer conquista pessoal. Há um país soberano na Copa do Mundo. A Itália tem quatro títulos e persegue o Brasil, que tem cinco. Nosso foco é na final, em 11 de julho, nosso alvo é o Brasil;, pregou, em entrevista à revista italiana Guerin Sportivo.

Embora minimize a pressão pelo pentacampeonato italiano e o bi pessoal, a trajetória de Marcello Lippi já supera a de Vittorio Pozzo em alguns números. O ex-treinador acumulava um recorde histórico de 30 partidas invicto à frente da Azzurra. Lippi chegou a 31, igualando a marca mundial de Alfio Basile, à frente da Argentina, e de Javier Clemente, nos tempos de treinador da Espanha, e poderia ser o recordista isolado se não tivesse perdido o amistoso para o Brasil, por 2 x 0, em fevereiro.

Em 18 Mundiais, três técnicos estiveram muito próximos da segunda estrela. O primeiro deles foi Mario Jorge Lobo Zagallo. Campeão com o Brasil, em 1970, o Velho Lobo quase fez o bis 28 anos depois, na decisão da Copa de 1998. Favorito contra a França, perdeu por 3 x 0.

Franz Beckenbauer poderia ter o mesmo status de Vittorio Pozzo, mas não conseguiu derrotar a Argentina na final de 1986, no México. Quatro anos depois, mais experiente, conquistou o Mundial em cima do mesmo adversário. Carlos Bilardo também esteve a 90 minutos do bis. Levou a Argentina ao título, em 1986, no México. Na Copa seguinte derrapou na decisão, diante da Alemanha.

Frustrados

A lista dos técnicos campeões do mundo que até tentaram, mas não conseguiram o bicampeonato pessoal é a seguinte: Juan Lopez (Uruguai), Sepp Herberger (Alemanha), Vicente Feola (Brasil), Alf Ramsey (Inglaterra), Zagallo (Brasil), Helmut Shon (Alemanha), Cesar Menotti (Argentina), Enzo Bearzot (Itália), Carlos Bilardo (Argentina), Parreira (Brasil) e Felipão (Brasil)

Totti e brasileiros podem reforçar a Azzurra

Pirlo (E) é o homem de confiança de Marcello LippiMarcello Lippi deixou a Seleção Italiana três dias depois de conquistar a Copa. ;Parei por questões pessoais (o filho, Davide, estava envolvido no escândalo de manipulação de resultados), mas tive dois anos interessantes longe do futebol, disse ao voltar.

Pior para a Azzurra. A Federação Italiana escolheu Roberto Donadoni para sucedê-lo. A opção foi um desastre. Pressionado a quebrar o jejum de 40 sem título europeu, o ex-jogador fracassou no torneio continental de 2008. Eliminado pela Espanha, apanhou de 3 x 0 da Holanda na primeira fase ; a pior derrota da Itália em 25 anos. Demitido, abriu caminho para o retorno de Marcello Lippi.

Na primeira conversa com os remanescentes do título de 2006, Lippi avisou: ;Vocês me deram a maior satisfação profissional da carreira, mas não posso liderar um time sendo refém de dívidas de gratidão. Deixo claro que farei as mudanças necessárias pelo bem da Seleção Italiana.;

E assim tem sido. A classificação foi tranquila. Invicta e sem derrapadas. Mas as duas derrotas para o Brasil, uma por 2 x 0 em um amistoso, e a outra na Copa das Confederações, por 3 x 0, acenderam a luz vermelha. Quando enfrenta uma seleção do seu quilate, a Itália tropeça. Recentemente, por exemplo, não saiu do 0 x 0 contra a Holanda.

Amauri divide Azzurra

Para ter uma esquadra mais forte em 2010, o técnico Marcello Lippi tenta convencer Totti, astro da Roma, a voltar à seleção. O treinador sonha até em convocar brasileiros para o Mundial da África do Sul. Os candidatos são o centroavante Amauri e o zagueiro central Fabiano Santacroce (ler fotolegenda).

Ídolo da Juventus, Amauri chegou a ser convocado por Dunga para a Seleção Brasileira, mas não se apresentou sob a alegação de que a Velha Senhora não o liberou. Na verdade, ele optou pela Itália, e a decisão revoltou um de seus concorrentes, o meia-atacante Giampaolo Pazzini, 25 anos, da Sampdoria. ;A situação me deixa incomodado. Posso entender quando alguém é meio brasileiro e meio italiano, mas não quando não tem nada de italiano;.

O contra-ataque de Amauri, 29, não tardou: ;Escolhi jogar pela Itália há um ano. Sempre respeitei a opinião de todos, inclusive as de Pazzini, e peço que respeitem a minha.;

Leia mais na edição desta terça-feira do Correio Braziliense.

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