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Voa, canarinho!

Brasil é o ponto final da expedição do Correio pelas 32 seleções classificadas para o Mundial da África do Sul. Oitenta anos depois, Dunga será o segundo técnico da Seleção a brigar pelo título sem nunca ter comandado um clube

Marcos Paulo Lima
Marcos Paulo Lima
postado em 03/12/2009 09:01
Seleção Canarinho do Brasil! Esse era o bordão do narrador paulista de rádio Geraldo José de Almeida, o autor do apelido da esquadra pentacampeã do mundo ; a única presente em todos os sorteios da Copa do Mundo e classificada por antecipação para a 20; edição do torneio, em 2014, como país-sede.

Campeão em 1994 como jogador, o capitão Dunga tentará repetir Zagallo e Beckenbauer: conquistar a taça na função de técnicoEm busca da sexta estrela, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) repetiu, sem querer para o escolher o técnico a fórmula utilizada às vésperas do primeiro Mundial, em 1930. Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga, 46 anos, tem uma curiosidade em comum com Píndaro de Carvalho Rodrigues, o falecido treinador pioneiro do escrete em Copas. Ambos são os únicos que chegaram ao torneio com o Brasil sem jamais terem dirigido clube. Um era lateral. O outro volante. Depois que penduraram a chuteira, foram logo premiados com a prancheta verde-amarela.

Píndaro de Carvalho não teve vida longa na Copa. Foi eliminado na primeira fase, após derrota para a Iugoslávia, por 2 x 1, e uma despedida honrosa com goleada por 4 x 0 sobre a Bolívia. Píndaro se manteve no cargo por mais três jogos e saiu de cena.

O destino traçado pelos críticos quando Dunga assumiu não era tão breve quanto o de Píndaro. Imaginava-se uma passagem uma pouco mais demorada, como a de Paulo Roberto Falcão ; 17 partidas. Dunga foi além. Ganhou a Copa América de 2007, a Copa das Confederações, no meio do ano, e fechou as Eliminatórias em primeiro lugar. Lá se vão 52 partidas no emprego...

O capitão do tetracampeonato está próximo de entrar na lista dos cinco técnicos com mais partidas à frente da Seleção. Falta uma para alcançar o sexto colocado, Telê Santana, e cinco para ultrapassar o campeão mundial de 1958, Vicente Feola (57 partidas).

A 190 dias da abertura do Mundial, Dunga tem apenas um problema para resolver: ainda não encontrou um lateral-esquerdo. O treinador teve sorte até nos adversários oficiais e em amistosos . Dos 31 possíveis adversários na caminhada de sete jogos até o título, o Brasil enfrentou 14 durante a Era Dunga. Seis podem cair na chave tupiniquim no sorteio de amanhã, às 15h (de Brasília), na Cidade do Cabo: Suíça, Portugal, Gana, México, Argélia e EUA. Os demais só a partir das oitavas de final.

O retrospecto de Dunga contra campeões mundiais também é animador. Não perdeu para os bicampeões Uruguai e Argentina, da campeã Inglaterra e muito menos da tetracampeã Itália ; maior ameaça à soberania canarinha em número de troféus. A julgar pelo retrospecto, Dunga tem tudo para erguer a taça em 11 de julho, gritar ;é pra vocês, bando de traíras;, como em 1994, nos Estados Unidos, e quebrar um tabu de duas décadas. O alemão Franz Beckenbauer foi o último a conquistar o título como jogador (1974) e técnico (1990). É a chance de Dunga virar Zagallo, o outro nome da seleta lista, ou deixar o cargo, com todo o respeito, como um Píndaro de Carvalho da vida.

Brasil é o ponto final da expedição do Correio pelas 32 seleções classificadas para o Mundial da África do Sul. Oitenta anos depois, Dunga será o segundo técnico da Seleção a brigar pelo título sem nunca ter comandado um clube

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