postado em 21/12/2009 12:16
A série de casos de dopings em 2009 entre atletas brasileiros não chega a ser exatamente uma surpresa para o médico Eduardo De Rose, diretor do departamento Antidoping do COB e membro do Conselho de Fundação da Agência Mundial Antidoping (WADA). De acordo com o especialista, o recorde de 48 casos de doping detectados até o dia 18 de dezembro só foi possível porque o controle no Brasil está mais rígido.
"Houve mais controle e, principalmente, houve controle inteligente", comentou De Rose. Até então, o maior número de competidores que haviam testado positivo era de 31, em 2004. "Antigamente se fazia um controle ou por sorteio ou por posição. Hoje, o controle tende a ser mais, tanto em competição quanto fora, por informações prévias que tu tem or vários fatores que podem estar condicionando que aquele atleta esteja dopado. Quando você direciona o controle, vai ter muito mais resultados positivos", explicou.
O novo método de trabalho teria sido responsável por trazer à tona o maior escândalo de doping da história do esporte brasileiro. Em junho, Bruno Lins Tenório de Barros, Jorge Célio da Rocha Sena, Josiane da Silva Tito, Luciana França e Lucimara Silvestre supostamente foram testados porque a atleta da Rede, Ana Cláudia Lemos, teria comentado o assunto com o namorado Basílio Emídio de Moraes Júnior, da BM, que por sua vez teria levado a informação adiante no time. Ambos conseguiram ir ao Mundial de atletismo devido às suspensões dos colegas de profissão.
Em 2009, o Brasil também acompanhou casos como o de Daiane dos Santos, que alegou não ter conhecimento que furosemida era doping e que poderia ser testada mesmo sem estar competindo - a ginasta recuperava-se de duas cirurgias no joelho quando foi pega e não disputava medalhas desde as Olimpíadas de Pequim.
Tal justificativa, porém, não é aceita por De Rose. "É obrigação do atleta se informar. Toda vez que existe uma norma, uma lei, a pessoa é obrigada a conhecê-la. Não posso andar a 200 km/h de carro e dizer que eu não sabia que não poderia andar assim, tenho que saber que as leis de trânsito existem. É uma responsabilidade do atleta, ele tem que saber porque ele é um atleta internacional", alegou.
Segundo ele, no Brasil, existem várias formas de o atleta se prevenir e não cair em um doping involuntário. "O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) tem um endereço de e-mail que você manda perguntar uma coisa e no outro dia você tem a resposta. Todas as Confederações tem médicos que podem fazer isso e os clubes também. O atleta tem que usar a rede de proteção dele, senão é muito arriscado", comentou.
O especialista, porém, não se arrisca a dizer que em 2010 também haverá um grande número de testes positivos. "O interessante é que quando o atleta vê que tu tá indo para isso, ele já trata de escapar e vai para outro lado. É um jogo de gato e rato, então eu nunca sei o que vai ser no ano que vem", explicou.
Agassi - No exterior, o caso de doping que mais teve repercussão não foi punido: através de sua biografia oficial, o ex-número um do tênis André Agassi revelou que utilizou metaanfetamina em 1997 e, quando testou positivo, escreveu uma carta com mentiras à Associação dos Tenistas Profissionais (ATP), que aceitou suas falsas justificativas. Como o caso ocorreu há mais de oito anos, o norte-americano não pode mais der punidos.
De Rose, porém, admitiu que Agassi deveria tomar alguma sanção. "Na minha opinião sim, mas lei é lei e ela dá oito anos de prazo. Eles decidiram que dois ciclos olímpicos são suficientes para se detectar alguma coisa", comentou.