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Entrevista - Giba com sede de títulos

Depois de conquistas de peso com a Seleção, Giba se concentra em tentar ganhar a Superliga com o Pinheiros. Após o fim do contrato com o clube paulista, ele não descarta retornar à Europa

postado em 25/12/2009 09:46
São Paulo ; A torcida do Pinheiros/Sky aguarda com ansiedade o retorno às quadras de Giba, eleito melhor jogador de vôlei do mundo em 2004, 2006 e 2007. Com uma tendinite no joelho direito, o atleta tem sido poupado nos jogos do clube paulistano, se preservando para os clássicos da Superliga de Vôlei Masculino. Contra o Funvic/Uptime Cuiabá, na última semana, Giba ficou os três sets da partida entre os reservas (25/15, 25/16, 25/22). A torcida que lotou o ginásio do Esporte Clube Pinheiros gritou seu nome e até chamou o técnico Carlos Castanheira , o Cebola, de burro, mas não teve jeito. Giba nem sequer entrou.

Contra o Soya/Blumenau/Furb/Barão, também no ginásio do Pinheiros, na terça-feira, o ponteiro não ficou nem entre os reservas. Assistiu à vitória por 3 x 0 (25/21, 25/20, 25/18) da arquibancada, em um espaço reservado aos dirigentes e familiares da equipe.

Com uma semana para se recuperar da lesão no joelho, Giba torce para estar em condições físicas para a partida contra o Cimed/Florianópolis, atual líder da Liga, na próxima terça-feira. Em entrevista exclusiva ao Correio, o ídolo de 32 anos e 1,92m, heptacampeão da Liga Mundial, bicampeão do Campeonato Mundial, medalhista de ouro em Atenas-2004 e prata em Pequim-2008, comenta o retorno ao Brasil, a atual temporada e os planos.

Como é ouvir a torcida gritar o seu nome e você nem sequer entrar na partida?
Tranquilo. Ainda estão me poupando por causa do joelho. Os jogos pesados vão começar dia 29, contra a Cimed. Depois tem Vivo, tem Sada, uma série de partidas fortes. Por isso, a gente ainda está se poupando, depois de um ano pesado que foi na Seleção, para curar a tendinite e estar bem o ano inteiro.

Quando você estará 100% fisicamente?
O calendário foi puxado desde que eu voltei da Rússia, então, estamos tentando poupar ao máximo. O campeonato este ano com 17 times jogando, partidas dia sim, dia não, é complicado. Estamos trabalhando justamente para chegarmos bem na hora que importa, que são as finais.

Se o confronto fosse com a Cimed você jogaria?
Sim, sem problema nenhum.

Qual o balanço que você faz do ano pelo clube?
É difícil. Estamos apenas começando, tem muita coisa pra fazer ainda. O Campeonato Paulista foi uma coisa frustrante, queríamos ter chegado pelo menos à final, mas já passou (o Pinheiros/Sky perdeu nas semifinais para o Sesi/São Paulo). Temos que pensar agora só na Superliga, que é um campeonato longo, no qual a gente tem que continuar neste ritmo.

E pela Seleção?
Pela Seleção foi ótimo. Ganhamos tudo! (Com Giba, a Seleção conquistou a Copa dos Campeões do Japão e a Liga Mundial).

É possível ter um 2010 ainda melhor?
Vamos pensar só no Pinheiros/Sky. Na Seleção, só vamos pensar a partir de maio do ano que vem, não temos que ficar muito preocupados com isso. A Superliga aqui é muito importante, principalmente pelo projeto que a gente montou no Pinheiros com a Sky. Então, acho que a gente tem que primeiro pensar aqui, depois a gente pensa lá.

Eleito o melhor jogador do mundo em 2004, 2006 e 2007, você ainda tem o que melhorar?
Tem. Sempre tem. O segredo do nosso time é a busca constante pela melhora em todos os fundamentos. É continuar sempre buscando e melhorando.

Por que o voleibol brasileiro consegue manter seus ídolos no Brasil, diferentemente do futebol?
Os jogadores que estavam fora voltaram este ano. Estava todo mundo 8, 10 anos fora. A gente voltou porque eu acho que para todo mundo foi o melhor a fazer. (Gustavo e Rodrigão, colegas de Giba no Pinheiros/Sky e na Seleção, voltaram da Itália este ano).

Qual são as diferenças entre jogar na Europa e no Brasil?
É difícil comparar as coisas. O campeonato lá, o italiano, por exemplo, acho que existe há 67 anos. Lá é o Velho Continente né, então, a tradição deles é muito maior, tem uma coisa muito mais profissional, exatamente por causa da cultura e da estabilidade do país.

Como é o relacionamento com a torcida lá?
Os clubes lá existem há 20 anos, 30 anos, então, você tem amor pelo clube. Aqui, infelizmente, pela cultura do país, pela economia, é difícil ter uma identidade com algum clube, porque eles duram, no máximo, cinco, seis anos.

Você voltou para ficar?
Vamos ver. A ideia é essa. São três anos de contrato no Pinheiros/Sky, e vou cumprir com certeza. Não quero saber de jeito nenhum de sair daqui antes. E depois, o futuro a Deus pertence.

Temos visto inúmeros casos de doping no esporte brasileiro. E você já passou por isso (foi flagrado por uso de maconha em 2003). O que o atleta deve fazer para não cair nessa armadilha?
É complicado. Cada caso é um caso. Mas é complicado dizer o que tem e o que não tem. O doping, às vezes, é difícil de entender em alguns casos. O doping não vê que a gente, no vôlei, por exemplo, em 365 dias no ano, joga 320 dias. É impossível não tomar um anti-inflamatório pelo menos cinco vezes na semana para poder jogar. Acho que primeiro teria que ser revisto o calendário para depois serem revistas algumas coisas do doping.

"Acho que primeiro teria que ser revisto o calendário para depois serem revistas algumas coisas do doping"

"O Campeonato Paulista foi uma coisa frustrante, queríamos ter chegado pelo menos à final"

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