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Prova de 2010 do Rali Dakar cruzará Argentina e Chile durante 17 dias

Pela segunda vez, América Latina sedia o mais tradicional evento motor cross country do mundo

postado em 02/01/2010 07:01
A aventura começou ontem. A 31ª edição do Rali Dakar, a segunda na América do Sul, teve largada em Buenos Aires, na Argentina. Ao todo, os 378 veículos participantes percorrerão 9.030km, passando também pelo Chile, até o dia 17 de janeiro. No primeiro dia, porém, houve apenas deslocamento de 317km até a cidade de Colón - sem tempos cronometrados. Hoje, o desafio inicia para valer. Uma das grandes novidades desta edição é a presença de brasileiros nas principais equipes do Rali Dakar. Ao todo, são 25 representantes do Brasil, um recorde. Entre os destaques estão Guilherme Spinelli, na segunda participação, que vai competir pelo time francês JMB, ganhador de 12 edições da corrida, enquanto Maurício Neves estreará pelo conjunto da fábrica da Volkswagen, vencedor entre os carros em 2009. Guilherme Spinelli e Maurício Neves são comedidos quanto às possibilidades de vitória. Mas sabem que, pela estrutura que possuem, terão de mostrar alto nível de desempenho se quiserem seguir nos respectivos times em 2011. "Essa seleção foi fruto de anos de trabalho no cross country", ressalta Spinelli. Para o Dakar 2010, ele passou por uma fase de treinamentos e adaptação no Marrocos. O objetivo era preparar melhor carros e pilotos para o desafio nas regiões desérticas. Maurício Neves venceu forte concorrência pela vaga no rali. "A Volks brasileira queria colocar um piloto do país no Dakar e, pela minha experiência em várias provas, como o Rali dos Sertões, fui selecionado", conta. Mas o processo foi demorado - dependeu de longas negociações entre a matriz alemã e a filial brasileira. Quando tudo foi acertado, a equipe já estava com a preparação em andamento. "Perdi algumas etapas do processo, mas acho que participei das mais importantes." Desafios do caminho O Rali Dakar vai passar pelas cidades argentinas de Buenos Aires, Colón, Córdoba, La Rioja, Fiambalá, San Juan, San Rafael e Santa Rosa. No Chile, o percurso contempla Copiapó, Antofagasta, Iquique, La Serena e Santiago. Os competidores atravessarão duas vezes a Cordilheira do Andes, chegando a 4.726 metros acima do nível médio do mar. Por quatro dias, enfrentarão o Deserto do Atacama, considerado o mais seco do mundo. A organização do evento também precisar encontrar um meio de acalmar a ira dos ambientalistas. Os chilenos estão protestando contra a realização do Rali Dakar no Deserto do Atacama, no norte do país. Segundo os integrantes da ONG Ação Ecológica, na prova realizada no ano passado, os pilotos participantes destruíram seis áreas arqueológicas. Outro problema é conseguir maior eficiência das equipes de resgate. Em 2009, o francês Pascual Terry foi encontrado morto vários dias depois de ser vítima de um edema pulmonar originado por uma disfunção cardíaca. Favoritos ao título Com a saída da Mitsubishi no ano passado, Volkswagen, BMW e Hummer deverão disputar a vitória entre os carros no Rali Dakar. O piloto mais cotado para o título é o atual campeão, o sul-africano Ginel De Villiers (Volkswagen). Os grandes rivais são o francês Stéphane Peterhansel (BMW) e o espanhol Carlos Sainz (Volkswagen). Nas motos, o espanhol Marc Coma vai tentar o bicampeonato adotando a tática de estabelecer um ritmo próprio durante a corrida. "O primeiro rival sempre foi a própria competição. Superar os mais de 9 mil quilômetros já é um obstáculo de fôlego", ressalta. Segundo ele, o maior adversário será o companheiro da KTM, o francês Cyril Despres, campeão em 2007. Entenda o caso O Rali Dakar é a maior e mais dura prova de automobilismo em todo o mundo. A corrida acontecia geralmente entre a Europa e a África, com a maior parte das edições terminando nas praias da capital do Senegal, Dakar, após a passagem pelo deserto do Saara. Competem as categorias de automóveis, motos e caminhões. A prova teve a primeira edição em 1979 (com início em 26 de dezembro de 1978). Dos 170 participantes, apenas 69 completaram o percurso. O rali costumava iniciar sempre em Paris e terminar em Dakar, interrompendo-se por um dia para a travessia marítima do Mediterrâneo. Contudo, devido a razões políticas, de segurança, patrocínios e outros fatores, a corrida, incluindo a origem e o término, tem variado ao longo dos anos. Em 4 de janeiro de 2008, véspera da largada, a prova foi cancelada devido à suposta falta de segurança em trechos da Mauritânia, onde dias antes quatro turistas franceses haviam sido assassinados. Existiram também ameaças da rede terrorista Al Qaeda. Em 2009 foi a primeira vez que o Rali Dakar aconteceu em terras sul-americanas. Pela segunda vez, América Latina sedia o mais tradicional evento motor cross country do mundo

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