postado em 12/01/2010 07:01
As seleções africanas têm fama de serem abusadas em Copa do Mundo. Portanto, se o técnico bósnio Vahid Halilhodzic adotar contra o Brasil, em 20 de junho, o 4-3-3 utilizado ontem no empate por 0 x 0 contra a fraca Burkina Faso, prepare-se para fortes emoções. O indefinido camisa 6 verde-amarelo e os volantes Gilberto Silva e Felipe Melo terão muito trabalho, nós e o goleiro Júlio César tomaremos muitos sustos, mas Dunga e sua trupe só não deixarão os Elefantes mansinhos na África do Sul se calçarem um salto do tamanho do usado pela Costa do Marfim durante a estreia na Copa Africana.Os 90 minutos e os acréscimos da exibição marfinense foram um ataque contra defesa. Os campeões continentais de 1992 golpearam insistentemente pela direita, com o lateral Eboué (Arsenal). Atônita e acuada em seu campo de defesa, Burkina Faso pedia a Deus para o jogo acabar.
Ousado, o adversário do Brasil mostrou uma faceta diferente do convencional. Em vez do 4-4-2, Vahid Halilhodzic escalou três atacantes: Drogba (Chelsea), Gervinho (Lille) e Bakari Koné (Olympique de Marselha). O trio infernizou Burkina Faso com uma correria desenfreada, trocas de posição constantes, tabelas envolventes e algumas firulas desnecessárias. Gol que é bom, nenhum.
Talvez, a justificativa esteja em um fundamento no qual as seleções africanas ainda pecam: as péssimas finalizações. A má pontaria de Gana foi aliada do Brasil nas oitavas de final da Copa de 2006, na Alemanha, e pode ser novamente em 2010 se a Costa do Marfim não colocar os pés na forma até lá.
Poucos jogadores no continente africano têm a categoria do camaronês Eto;o, do togolês Adebayor ou o próprio Drogba para arrematar o gol com sabedoria. Quando quem sabe um pouco mais não está em um dia inspirado, ocorre o que se viu ontem, em Cabinda. Um festival de desperdícios. Bakari Koné, por exemplo, poderia ter sido o nome do jogo, mas errou tanto que foi sacado para a entrada de Kalou, do Chelsea. Aflito, Vahid Halilhodzic acrescentou mais dois atacantes ; Dindane e Keyta, mas não apareceu um pé iluminado para colocar a bola no fundo da rede de Burkina Faso.
Resultado: como o Grupo B só tem três países após a desistência de Togo, vítima de um atentado das Forças de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), na qual morreram o assessor de imprensa e o auxiliar técnico da seleção, a favorita Costa do Marfim corre o risco de ser eliminada na primeira fase. o duelo do dia 15, contra Gana, será uma final. Quatro dias depois Gana enfrenta Burkina Faso.
Drogba culpa atentado
Chateado com o resultado, o capitão da Costa do Marfim atribuiu a falta de gol ao estado de guerra vivido em Cabinda. Horas antes do jogo, o técnico Vahid Halilhodzic revelou que a estrela do Chelsea tinha sido ameaçada de morte. ;Depois de tudo o que aconteceu com Togo nos últimos dias é impossível ter o mínimo de concentração para jogar;, desabafou Drogba. ;Não esquecemos do que aconteceu, mas temos cartas na manga para derrotar Gana e avançar na competição;, avisa o craque.
Prisão
A polícia de Cabinda anunciou ontem que três suspeitos do ataque foram presos. Dois rebeldes separatistas do estado angolano que assumiram a autoria dos ataques foram capturados. As prisões foram realizadas perto do local do atentado, na estrada de Massabi, que liga Angola à República do Congo, dentro de Cabinda.