postado em 18/01/2010 08:58
Dez dias antes de completar 33 anos, o triatleta Kenny de Sousa Alves enfrentará um dos maiores desafios de sua vida. Estreante na prova que integra a lista das mais difíceis do planeta, o brasiliense se prepara para encarar os 243km de aventura da 28; edição do Mundial de Multisport Coast to Coast, na Nova Zelândia, em 13 de fevereiro. ;Minha meta é completar a prova. Sei que será difícil, porque não tenho intimidade com o percurso e o clima de lá, mas acredito que trabalho mesmo terei com a parte da canoagem. Serão 67km por um rio forte, cercado por um cânion, porém, me sinto preparado;, garante.Cansado do asfalto, há quatro anos o brasiliense decidiu trocar o terreno plano das pistas pelo piso acidentado e desafiador das trilhas. Desde então, tem se mantido entre os cinco melhores triatletas no xterra (natação, mountain bike e corrida em trilha) do Brasil. Como se não bastasse, ele, que é professor de triatlo, começou a praticar canoagem, de olho nas provas de corrida de aventura. ;Em 2006, entrei para a equipe Oskalunga Multisport. Além de ganhar experiência na corrida e no ciclismo em terrenos acidentados, passei a fazer canoagem;, conta. ;Isso me dá maior segurança para o Mundial, mas estou indo na humildade. A prova é muito difícil e tudo será novidade para mim.;
Além de Kenny, a paulista Camila Nicolau representará o Brasil na prova. Os dois conquistaram a vaga no Coast to Coast com a vitória na etapa do Mundial disputada em junho do ano passado, em Brasília. Desde então, Kenny mudou sua rotina de treinos e passou a investir mais tempo no aprendizado da canoagem. ;Venho treinando canoagem por uma hora em média, duas vezes por semana. Para a corrida e o ciclismo, dedico de três a quatro horas por dia, seis vezes por semana. Tudo para pelo menos terminar a prova bem;, explica ele.
Com o objetivo de se adaptar ao percurso e ao clima da ilha, Kenny embarcará para a Nova Zelândia na próxima quarta-feira. A orientação partiu de Alexandre Carrijo, organizador da etapa brasileira do Mundial e coordenador da equipe de apoio que acompanhará o brasiliense durante o percurso. ;Ano passado, eu acompanhei Guilherme Pahl (também dos Oskalunga) e vi o quanto a prova é dura. Tenho passado todo o meu conhecimento para o Kenny. Estou certo de que ele se sairá bem;, aposta.
A ida antecipada também será voltada para a escolha do caiaque. Além de experimentar os modelos, Kenny fará o reconhecimento do rio Waimakariri. ;Ele é selvagem e fica dentro de um cânion com 40km de extensão. Apesar de ser verão, como a ilha fica próxima à Antártida, podem acontecer fortes ventanias, com rajadas de ventos poderosas, capazes de levar o remo embora;, diz Carrijo. ;É importante conhecer o rio para não quebrar o caiaque, e encontrar um em que me sinta confortável. Antes de escolher, farei testes em águas paradas e no rio;, emenda.
Cuidados com o equipamento
Além do equipamento básico de segurança, como luvas e capacete, Kenny Alves levará na bagagem sua bicicleta e dois tipos de tênis, um para a corrida no asfalto e outro para a trilha. O caiaque será alugado lá. ;Além de ficar caro levar um daqui, é bastante arriscado. Fica mais viável testar o que eles têm e ver em qual me adapto melhor;, justifica. Por exigência da organização do evento, cada competidor também deve levar roupa térmica de polipropileno (material plástico) e outra dentro de um saco estanque, na mochila.
Alimentação reforçada
Dois dias antes da competição, Kenny receberá uma supercarga de carboidratos (massas) e hidratação com isotônicos. No dia da prova, o atleta tomará um café da manhã reforçado, uma hora e meia antes da largada. Paralelo ao desafio de encarar os 243km, os competidores precisam usar a criatividade para se alimentarem durante o percurso. ;Um dos motivos de eu ir mais cedo é para tentar aprender ao máximo o que os nativos fazem e imitar o que eu achar de interessante. Uma das estratégias que soube que eles aplicam na prova é a de pregar comida no remo, para não deixarem de se alimentar durante os 67km de canoagem. Com certeza farei o mesmo;, garante.
Além de carboidrato em gel, isotônico e algumas barras de cereal, Kenny levará cápsulas de sal para as provas de corrida e ciclismo. ;Antes de encarar o ciclismo de 15km, farei uma parada rápida para comer um sanduíche e macarrão;, explica. Segundo Carrijo, a massa instantânea é triturada antes de ser preparada e temperada apenas com azeite, sal e um pedaço de queijo pasteurizado. ;Colocamos a mistura numa garrafinha, e se o tempo estiver apertado, ele segue comendo. Não dá nem para sentir o gosto, de saborear;, explica o coordenador.
As categorias
; Os atletas são divididos em cinco categorias: 18 a 39 anos, 40 a 44 anos, 45 a 49 anos, 50 a 54 anos, e a partir de 60 anos. O tempo de conclusão da prova costuma ficar entre 10 e 24 horas.
Quem é ele
Nome: Kenny de Sousa Alves
Nascimento: 23/2/1977, em Brasília
Altura: 1,79m
Peso: 72kg
Começo: em 1988, começou a correr, e dois anos depois passou a praticar triatlo, por incentivo do pai, o triatleta Edmundo Alves da Costa ; morto no início do ano passado durante a primeira etapa do Campeonato Brasileiro, em Nova Lima (MG). Há quatro anos, começou a competir no triatlo xterra e a andar de caiaque.
Conquistas:
; Campeão do Brasília
Multisport (2009)
; Bronze no Brasília
Multisport (2008)
; Quarto colocado no Multisport de Florianópolis (2008)
; Oitavo na etapa do Mundial xterra de Angra dos Reis-RJ (2009)
Saiba mais
Cerca de 800 atletas de 10 países participarão da competição. Está em estudo o projeto de ampliar as etapas do Mundial de quatro para oito, incluindo o Hemisfério Norte no desafio. Tudo indica que 2010 será o último ano em que apenas Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Brasil farão parte do roteiro. Caso aprovados, Japão, Reino Unido, Escandinávia e Canadá entrarão na disputa.