Patrícia Trindade
postado em 03/02/2010 09:00
Rio de Janeiro ; Eduardo pega a bola no campo de defesa, olha para a frente, Lúcio Flávio está a poucos metros, porém bem marcado e Marcelo Cordeiro ensaia uma corrida pela lateral esquerda para começar o contra-ataque. O volante percebe a chegada do seu marcador e, num gesto atrapalhado, toca de qualquer jeito para Leandro Guerreiro, seu companheiro de meio-campo, atrasando a saída de bola. É a senha para o técnico Joel Santana parar o treino mais uma vez e dar uma bronca geral: ;Já falei que é para jogar para frente, p;!”. ;Quero essa bola aqui (no ataque) em 10 segundos! Se não tiver velocidade, o cara chega e a gente não avança, p;,; bradou o treinador de dentro do campo, gesticulando muito e puxando os jogadores pelo ombro para a posição correta.É uma pequena amostra de como Natalino quer o Botafogo amanhã, contra o Madureira, às 19h30, no Maracanã, pela penúltima rodada da Taça Guanabara, o primeiro turno do Campeonato Carioca: firme na marcação, veloz no meio e organizado taticamente. ;A autoestima do grupo está baixa;, explica o treinador, referindo-se à crise que se instalou em General Severiano depois da goleada para o Vasco por 6 x 0 há duas rodadas e que culminou com a saída de Estevam Soares e sua chegada ao clube da estrela solitária.
;Se tem uma coisa que aprendi nessas minhas andanças (experiência internacional com a Seleção da África do Sul) é que treinador tem de ser linha dura mesmo. Eu cobro e acho que estou certo. O futebol pede para que o técnico seja assim. Tenho certeza que esse grupo vai melhorar. Precisamos vencer o Madureira para ir às semifinais;, decreta Joel, que atrasou o início do treino ontem em uma hora para conversar com seus comandados no vestiário do Engenhão.
;Não deixa o cara subir, não deixa ele apoiar. Essa marcação está frouxa, não deixa!”, gritou Joel para o lateral-direito Alessandro, um dos mais criticados pela torcida desde a campanha do Brasileiro do ano passado e um dos quatro jogadores que tiveram a cabeça pedida à diretoria nos últimos dois jogos ; Lúcio Flávio, Fahel e Eduardo também sofrem com a perseguição.
Com a pior campanha entre os considerados quatro grandes do Rio, o Alvinegro ocupa a terceira posição do Grupo B, com 12 pontos, o mesmo que seu rival de amanhã, que leva vantagem por ter quatro gols a mais de saldo.
