Jogadores do Flamengo curtiram o carnaval, mas foram absolvidos

Preparador físico do clube descarta que folia dos jogadores tenha influenciado na eliminação do rubro-negro da Taça Guanabara, diante do Botafogo

Patrícia Trindade

postado em 19/02/2010 08:53

Rio de Janeiro ; Vágner Love foi visto no segundo dia de desfiles na Marquês de Sapucaí com refrigerante na mão, curtindo o carnaval carioca. Não consumiu álcool nem se envolveu em confusão com mulheres ; estava com a esposa e amigos ;, dois ingredientes que acompanham a vida boêmia dos boleiros. Mas deixou o camarote por volta das 4h de terça-feira, véspera da semifinal da Taça Guanabara, contra o Botafogo. Em campo, não correspondeu. Apesar de ter feito a tabela que resultou no gol de Vinícius Pacheco, perdeu chances que normalmente não deixa passar, cara a cara com o goleiro e dentro da pequena área, onde é implacável. Léo Moura, Petkovic e Toró desfilaram na avenida no primeiro dia do evento e deixaram a Sapucaí com o sol nascendo.

Do lado do Botafogo, Joel Santana pediu, em tom de proibição, que seus jogadores não fossem ao Sambódromo, embora ele mesmo tenha comparecido no primeiro dia do carnaval, como bom folião que é. Coincidência ou não, o clube que mandou representantes à Sapucaí e era favorito à vaga foi eliminado. E o que manteve seus atletas na linha, está na final, contra o Vasco.

Injustiça

O preparador físico do Flamengo, Alexandre Sanz, rechaça qualquer possibilidade de a farra dos rubro-negros ter influenciado no resultado na derrota por 2 x 1, na quarta-feira. ;O futebol é emocionante porque não é justo, existe a chance de o pior bater o melhor. E foi o que aconteceu na semifinal;, disse o preparador. ;O Flamengo dominou o jogo e não levou. Fomos melhores que o Botafogo em tudo: tivemos posse de bola de 64%, finalizamos mais, corremos mais e mantivemos o time deles acuado a maior parte do tempo. O Botafogo teve três chances e marcou duas vezes. Era o dia deles.;

Alexandre explica que pediu aos jogadores para não se excederem na farra. ;Profissionalmente, os orientei a comer e a dormir bem nesse período. O carnaval é uma festa cultural no Rio. Não vamos proibir ninguém de curtir. Por isso, não demos treino no domingo, e os de segunda e terça foram marcados para as 17h. Eu li que o Love deixou a avenida às 4h, mas tenho certeza de que depois ele dormiu as oito horas que deveria, em tempo de treinar normalmente no fim da tarde no Ninho do Urubu;, contou. ;Quem me garante que um jogador que ficou em casa não ficou acordado em frente à TV assistindo aos desfiles até as 7h? Quem dorme pouco tem falta de reflexo e sente cansaço. E não foi o que aconteceu com o Flamengo nem com o Love ontem (quarta-feira). Ele (Love) estava em um dia ruim, como acontece com todo jogador um dia.;

"O futebol é emocionante porque não é justo, existe a chance de o pior bater o melhor. E foi o que aconteceu na semifinal. O Flamengo dominou o jogo e não levou"
Alexandre Sanz, preparador físico do Flamengo

"Não dá é para passar em branco, tenho que estar sempre para apoiar neste momento difícil, para saber o que está acontecendo"
Patrícia Amorim, presidente do Flamengo

Conversa para tranquilizar o elenco

Rio ; Um dia depois da eliminação na Taça Guanabara, o Flamengo se reapresentou para iniciar os trabalhos para a estreia na Libertadores. No entanto, antes do treinamento de ontem, os jogadores ficaram reunidos com a presidente Patrícia Amorim. Segundo ela, a conversa serviu para apoiar o elenco rubro-negro e acalmá-lo para a sequência dos compromissos, pois afirmou que nada mudará por conta do resultado.

;Eu nunca vou perder a diferença entre o certo e o errado. Se o departamento disser que está liberado, eu vou respeitar isso. Hoje (ontem) teve alguns jogadores liberados e outros vieram e não treinaram, mas conversaram bastante. Não dá é para passar em branco, tenho que estar sempre para apoiar neste momento difícil, para saber o que está acontecendo. No Flamengo, todos sabem que tem cobrança e queremos o compromisso de todos. Quem não sabe disso não pode estar no clube;, disse.

No entanto, Patrícia Amorim também ressaltou que no Flamengo sempre existirá a cobrança. ;Falei algumas coisas para os jogadores. Disse que não vai ter mudança por causa da derrota. Temos de saber que nem sempre vamos vencer, mas temos que procurar saber o que houve e não nos conformar com as derrotas.;