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Vasco e Botafogo fazem neste domingo a decisão da Taça Guanabara

Patrícia Trindade, Joana Tiso
postado em 21/02/2010 09:54
Rio de Janeiro ; De um lado, o Vasco, expoente de um estilo de jogo atrevido e com um repertório variado de lances. Do outro, o samba de uma nota só do Botafogo, um time limitado tecnicamente, disciplinado taticamente, mas letal nas bolas aéreas. No duelo entre as duas escolas, às 17h, no Maracanã, sairá o campeão da Taça Guanabara ; o primeiro turno do Campeonato Carioca.

A proposta de jogo do Vasco é clara: cuidado com as jogadas aéreas e velocidade na saída de bola para confundir a defesa do Botafogo. Com maior poder de marcação e mais força ofensiva no meio de campo do que o rival, a tendência é de que o cruzmaltino domine o setor e tome a atitude no clássico.

O técnico Joel Santana não foge da fama de retranqueiro e tem armado o alvinegro no contra-ataque. Nada que preocupe o Vasco, acostumado a partir para cima dos adversários com o futebol atrevido de Philippe Coutinho e Carlos Alberto. O único receio é com a bola alta, especialidade do oponente.

Bastaram duas jogadas corretas por cima para o Botafogo derrotar o Flamengo, que teve mais chances na semifinal. Para não provar do mesmo veneno, o técnico Vágner Mancini investiu em treinos que simularam o principal recurso do arquirrival. Dedé, zagueiro reserva com os mesmos 1,93m de Loco Abreu, cumpriu o papel do uruguaio nas atividades da Colina, cabeceando para o gol e escorando para quem vinha de trás. Foi assim, como um pivô aéreo, que o centroavante infernizou a defesa rubro-negra.

O Vasco conta com uma zaga alta, ao contrário do Flamengo, e a ajuda do volante Nilton, de boa impulsão, para escapar da armadilha alvinegra. Treino não faltou, inclusive secreto. Resolvido o problema atrás, Mancini trabalhou jogadas para corrigir as falhas do setor ofensivo na semifinal contra o Fluminense ; falta de apoio dos laterais, problemas na saída de bola dos volantes e erros no último passe dos armadores. Com isso, Dodô ficou isolado e pouco fez. A ordem é aproximar os jogadores do meio e o atacante, que deve ajudar também como pivô para desconcentrar a defesa alvinegra.

O trunfo do Vasco será a velocidade, característica que Joel Santana tenta imprimir nos contra-ataques, mas nem de longe é o forte do Botafogo. É com rapidez no toque de bola que o cruzmaltino pretende envolver o rival, principalmente com o quinteto formado por Márcio Careca, Souza, Carlos Alberto, Coutinho e Dodô. Nervoso no setor defensivo, o time de General Severiano costuma apelar para as faltas. O Vasco, que tem bons cobradores, também quer tirar casquinha das jogadas de bola parada.

Análise por setores dos finalistas

Vasco

Goleiro

; Fernando Prass
Seguro, calmo e com ótimo reflexo. É o trunfo da melhor defesa do Carioca. Precisa melhorar na saída de bola e não costuma defender pênaltis.

Zagueiros
; Fernando e Titi
Eles têm entrosamento e um ótimo retrospecto para dar confiança ; três gols sofridos em oito jogos. São altos, o que pode facilitar na bateria antiaérea. Por outro lado, ambos têm deixado buracos na defesa e pecam pela lentidão em alguns lances.

Laterais
; Elder Granja e Márcio Careca
Os dois têm liberdade tática para apoiar, embora o façam com intensidade diferente. Granja joga mais recuado e, quando ataca, faz bons cruzamentos. Careca é rápido, tem bom preparo físico e chega ao ataque com mais frequência.
Pode ser uma boa alternativa
nas tabelas com Philippe Coutinho pela esquerda. Granja precisa
apoiar mais, e Careca tem que melhorar nos cruzamentos.
O lateral-esquerdo cometeu muitas faltas na semifinal contra
o Fluminense.

Volantes
; Nilton, Léo Gago e Souza
Os três marcam bem, tanto na proteção à zaga como na cobertura dos laterais. Chegam ao ataque com perigo e arriscam bons chutes de fora da área. Cobram faltas e devem ajudar a brecar o jogo aéreo do Botafogo.

Meias
; Carlos Alberto e Philippe Coutinho
Técnica, habilidade, força ofensiva, bons dribles e velocidade.
Carlos Alberto atua mais pelo centro, tabelando com Coutinho e Souza em busca do lance que deixe Dodô na cara
do gol. Coutinho joga como se fosse um ponta e tem no drible a especialidade.

Atacante
; Dodô
Artilheiro isolado do Carioca, além de muito perigoso dentro da área, tem ajudado como pivô e sofrido faltas frontais. Quando Carlos Alberto e Coutinho não conseguem escapar da marcação, Dodô fica isolado na frente e participa pouco do jogo.

Botafogo

Goleiro

; Jefferson
É sinônimo de tranquilidade no setor mais crítico do Botafogo, a defesa. É alto (1,88m), tem excelente reflexo e vem se especializando em salvar o Glorioso. Foi um dos heróis na vitória sobre o Flamengo.

Zagueiros
; Wellington, Fahel e Fábio Ferreira
O titular Antônio Carlos sofreu uma pancada na coxa esquerda no clássico contra o Flamengo, na quarta-feira, e dificilmente terá condição de jogar. Wellington, 20 anos, revelado nas categorias de base do Cruzeiro, ex-capitão da Seleção Brasileira Sub-20 (2008) e campeão da Copa São Paulo de Juniores e do Brasileiro sub-20 de 2007 com o ex-clube, tem fama de zagueiro-artilheiro e deve assumir a função, pelo lado direito. Fábio Ferreira, o zagueiro que atua pelo lado esquerdo, tem disposição de sobra, mas lhe falta técnica e velocidade. Volante de origem, Fahel é o homem da sobra.

Alas
; Alessandro e Marcelo Cordeiro
Marcelo Cordeiro atua quase como um ponta-esquerda no 3-5-2 de Joel. Como o meio de campo é lento, o Botafogo depende das suas investidas para ajudar Lúcio Flávio a fazer a bola chegar ao ataque. Cruza bem e vai com velocidade à linha de fundo. Alessandro faz mal as duas funções.

Volantes
; Leandro Guerreiro e Eduardo Leandro Guerreiro é o mais lúcido. Faz jus ao sobrenome. É um leão na marcação. Eduardo não sabe fazer as vezes de segundo volante e se atrapalha. Tem bom toque de bola, mas anda em má fase.

Meia
; Lúcio Flávio
Não está conseguindo fazer o mínimo que se espera de um camisa 10. É lento, mas quando joga com um outro jogador de criação ao seu lado consegue criar com inteligência e habilidade. Os adversários já perceberam sua solidão e escalam um volante bom e o anulam.

Atacantes
; Loco Abreu e Herrera
Do alto do seu 1,93m, o uruguaio Loco Abreu é referência não só para finalizar, mas também para fazer a função de pivô, protegendo a bola e ajeitando para um companheiro melhor colocado, como fez contra o Flamengo. O argentino Herrera é habilidoso, rápido, sabe jogar tanto fora quando dentro da área e se movimenta bastante pelas pontas. Reserva, o jovem Caio é o talismã de Joel Santana e da supersticiosa torcida alvinegra.

Alvinegro tem pouco a esconder

Não tem mistério. O Botafogo vai encarar o Vasco da mesma maneira que entrou na semifinal contra o Flamengo: fechado na defesa, resignado com o fato de ter um time tecnicamente inferior e menos entrosado; consciente de que o rival tem jogadores com mais condições de definir o clássico individualmente, e sem o menor pudor de admitir que tem apenas duas jogadas para tentar surpreender o cruzmaltino: as cabeçadas do ataque de gigantes, liderado pelo uruguaio Loco Abreu, de 1,93m, e as investidas do lateral Marcelo Cordeiro pela esquerda, nos contra-ataques.

Jogadas ensaiadas e bolas paradas sempre vão buscar as cabeçadas de Loco Abreu, artilheiro do Alvinegro na competição com cinco gols ; todos de cabeça. Mas, na vitória por 2 x 1 sobre o Flamengo, na semifinal, o uruguaio mostrou outra faceta, usando o porte físico com inteligência e talento para jogar como um pivô, de costas, protegendo a bola e tocando com habilidade para seu companheiro de ataque Herrera, ou ainda para Lúcio Flávio ou Marcelo Cordeiro.

Joel Santana sabe que precisa ter uma saída de bola rápida para compensar a lentidão do meio de campo, da zaga e da lateral direita. Mas não conseguiu colocar em prática no clássico contra o Flamengo o que foi combinado na prancheta. A ordem então é compensar a deficiência técnica com muita disposição na defesa e tentar um contra-ataque certeiro.

As funções de marcar estão bem definidas: Leandro Guerreiro vai ser a sombra de Carlos Alberto; Dodô deverá ser seguido de perto por Fábio Ferreira e Wellington vai colar em Philippe Coutinho. Fahel, improvisado na zaga, jogará na sobra, encobrindo o setor que já levou 14 gols.

As duas maiores armas do Botafogo estão no banco. O atacante Caio, que fez gols decisivos contra América e Flamengo, sempre entrando no segundo tempo, e Joel Santana, que disputou 21 turnos do Carioca na carreira, levou 10 e nunca foi vice. Mais uma vez, as apostas estão do outro lado. Mas o folclórico treinador não se deixa abater e assombra o Gigante da Colina com a fama de Rei do Rio.

Desfalque

O zagueiro de 20 anos deve ser o substituto de Antônio Carlos, que recupera-se de uma lesão na coxa esquerda e dificilmente será liberado pelo departamento médico.

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