postado em 12/03/2010 08:38
Há quatro anos, Ronaldinho Gaúcho e Kaká eram os símbolos da esperança de uma boa campanha da Seleção Brasileira na Copa da Alemanha. Em excelente fase nos clubes, ambos carregaram Barcelona e Milan nas costas até as semifinais da Liga dos Campeões de 2006. Protagonistas de um eletrizante confronto direto por uma vaga na final, o então camisa 10 do clube catalão desbancou o 22 rossonero, derrotou o Arsenal na decisão e apresentou-se ao técnico Carlos Alberto Parreira em alta, como campeão europeu.O alto-astral da dupla foi insuficiente para transformar a boa temporada no time em hexa na Seleção. Apáticos, ambos sucumbiram diante da França, nas quartas de final.
O mundo girou. Às vésperas do início da Copa de 2010, Kaká e Ronaldinho ocupam o cabeçalho no caderninho de desconfianças do torcedor. Culpa do adeus precoce nas oitavas de final da Liga. Dono do meio de campo da Seleção ; onde não divide espaço com ninguém e tem liberdade, como no Milan campeão europeu e mundial em 2007 ; Kaká é um jogador comum ao lado de Cristiano Ronaldo, no Real Madrid. Com oito gols em 28 jogos, não brilha em jogos decisivos. Na quarta-feira, deixou o Santiago Bernabéu vaiado. Sete meses antes, o mesmo público lotou o estádio para idolatrar o reforço de 65 milhões de euros.
Na Seleção, Kaká assume o papel de protagonista. O temor é de que o conturbado ambiente do Real contamine o maestro. Além de estar em pé de guerra com o técnico chileno Manuel Pellegrini, o camisa 10 de Dunga já ouviu boatos sobre o interesse do clube em trocá-lo por Diego, da Juventus. Kaká também irritou-se com o vazamento da notícia de que sofre de um pubalgia crônica.
A irregularidade de Kaká no clube e o risco de contusão exigem de Dunga um plano B. Mas nenhuma das alternativas vive um bom momento. Com 12 gols em 33 jogos ; só não disputou duas partidas do Milan em 2009/10 ; Ronaldinho seria o B. Faz a sua melhor temporada pós-Copa da Alemanha. Mas o retorno divide opiniões por não manter uma sequência de excelentes exibições.
Desprezado desde 1; de abril de 2009, Ronaldinho ouviu de Dunga após o amistoso com a Irlanda que teve a sua chance nas Olimpíadas de Pequim, em 2008. O Gaúcho falhou e virou símbolo do único título não conquistado por Dunga em três anos e meio de trabalho. Isso depois de o técnico engolir em sua fase mais vulnerável a convocação do astro, divulgada por Ricardo Teixeira, no Jornal Nacional.
Mais decisivo do que Ronaldinho na era Dunga, Júlio Baptista é o plano B. Foi dele o primeiro gol no baile sobre a Argentina, na final da Copa América de 2007. Na Roma, o reserva de Kaká é mais reserva ainda: dois gols em 19 jogos. Em 2003/4, fez 20 em 30 partidas pelo Sevilla.
Diego, da Juventus, corre por fora, mas decepcionou Dunga. Em 21 jogos, fez dois gols. Com a camisa da Velha Senhora, são sete em 34 exibições.
Felipe Melo
Pouco badalado no meio de campo da Seleção, o volante é mais um problema. Foi eleito em dezembro o pior jogador de 2009 do Italiano. Em 31 jogos na temporada, tem dois gols e duas expulsões
Números em 2009/10
; Kaká
Real Madrid-ESP
28 jogos, 8 gols
; Luis Fabiano
Sevillha-ESP
14 jogos, 9 gols
; Adriano
Flamengo
5 jogos, 6 gols
; Júlio Baptista
Roma-ITA
19 jogos, 2 gols
; Ronaldinho
Milan-ITA
33 jogos, 12 gols
; Diego
Juventus-ITA
34 jogos, 7 gols
Fiorentina quer Dunga
; Independentemente do resultado do Brasil na Copa, Dunga não deve continuar no comando da Seleção. Ele afirmou que o trabalho foi feito pensando em quatro anos. Por isso, seu destino já está sendo discutido na Itália. De acordo como jornal italiano La Repubblica, o comandante do Brasil poderia ir para a Fiorentina no lugar de Cesare Prandelli, eliminado da Liga dos Campeões na terça-feira pelo Bayern de Munique.
Ataque também tem problemas
Luis Fabiano é o dono da camisa 9 da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo. Na era Dunga, tem 15 gols em 24 jogos. Cinco deles decisivos. Os dois na virada sobre o Uruguai, no Morumbi, um diante da Argentina, em Rosário, e outros dois na virada sobre os EUA, na conquista da Copa das Confederações.
A temporada do Fabuloso é marcada por contusões. Participou de 14 jogos do Sevilla e fez 9 gols. No auge, em 2007/8, marcou 24 vezes em 30 jogos. O marcador implacável do de Luis Fabiano chama-se contusão, o maior temor às vésperas da Copa do Mundo. Na virada do ano, o matador parou por um mês para tratar uma lesão no joelho esquerdo. Retornou aos gramados, mas voltou a se machucar às vésperas do amistoso contra a Irlanda. Foi cortado, mas retornará contra o CSKA, na semana que vem, no duelo de volta pela Liga dos Campeões.
Reserva imediato de Luis Fabiano, Adriano não inspira confiança. O problema não é o jejum de cinco partidas sem gol ; o último foi nos 6 x 2 sobre Portugal, na reabertura do Bezerrão ;, mas as recaídas do Imperador. Depois de abandonar a Internazionale e anunciar a aposentadoria, o Chuteira de Ouro da Copa das Confederações de 2005 voltou ao Flamengo, levou o clube ao título brasileiro com 19 gols, mas não consegue se libertar das baladas, da bebida, dos escândalos e, agora, da balança. No episódio mais recente, teria agredido a noiva, Joana Machado, durante uma discussão em um baile funk.
Desleixado nos treinamentos e acima do peso, Adriano passou 11 dias sem treinar e teria atingido 106kg. Ameaçado de perder a vaga na Copa, voltou a malhar e ontem, coincidentemente, encontrou-se com o auxilar-técnico Jorginho, na Praia da Barra da Tijuca, no Rio, e deve ter levado mais um puxão de orelha do braço direito de Dunga.
Saiba mais
Liga dos Campeões atesta má fase
Às vésperas da Copa de 2006, Parreira tinha 12 de seus 23 eleitos nas quartas de final. Em 2010, pode cair 50%. Kaká (Real) e Thiago Silva (Milan) já estão eliminados. Restam Julio Cesar, Maicon e Lucio (Inter), Daniel Alves (Barcelona) e Luis Fabiano (Sevilla). Os cinco decidem a vida na próxima semana. O Lyon, de Michel Bastos, avançou às quartas.