postado em 20/03/2010 08:25
Aos 23 anos, Bruno Rezende já conquistou muita coisa no vôlei. Em 2008, chegou à final das Olimpíadas de Pequim e voltou para casa com a prata. Pela Liga Mundial, foi campeão em 2006, 2007 e 2009 e, na Superliga, acumula três títulos. Mas o sucesso nunca lhe subiu à cabeça. Pelo contrário. Ele foi categórico ao afirmar que ainda precisa de muita estrada até se tornar um ícone na posição.Bruninho está em Brasília e hoje, às 17h, no Ginásio do Cruzeiro, sua equipe, Cimed, líder da Superliga, enfrenta os candangos da Upis, pela 14; rodada do segundo turno da competição. Maestro de um grupo que tem no elenco os meios de rede Lucão e Éder, o ponteiro Thiago Alves e o líbero Mário Jr., só para citar os companheiros de Seleção Brasileira, o levantador conversou com exclusividade com o Super Esportes. Ele falou sobre as expectativas para a Superliga e analisou o grupo do Brasil no principal desafio do ano, o Campeonato Mundial da Itália, que acontece entre setembro e outubro.
Foi um bate-papo tranquilo com um dos mais promissores jogadores do vôlei brasileiro, que leva para quadra a mesma filosofia exigente e obstinada do pai, Bernardinho: trabalhar cada vez mais em busca da vitória e da perfeição técnica.
Em quatro anos de existência, o Cimed conquistou três títulos da Superliga e um vice-campeonato. Na temporada atual, é o líder.
Qual o segredo de tanto sucesso do time?
Acho que é principalmente o grupo de trabalho. São jogadores de talento, mas que não eram consagrados. Eles foram feitos aqui com muita disposição. Temos uma comissão técnica competentíssima e o time em nenhum momento se acomoda. A gente sabe que depois de cada título precisa se motivar ainda mais, trabalhar ainda, porque as equipes visam cada vez mais a gente. O nosso principal ponto forte é o conjunto. Temos uma base mantida há alguns anos e isso tem feito a diferença.
Este ano, a Superliga está com 17 equipes, recheada de campeões olímpicos e estrelas da Seleção Brasileira. A vida da Cimed ficou muito mais complicada ou não?
Todos os anos a gente tinha quatro equipes muito fortes. Este ano, temos sete ou oito equipes que vão brigar pelo título. Essa foi a grande diferença. O nível técnico subiu porque temos mais equipes fortes. É um perde e ganha danado ali em cima da tabela. Na nossa equipe, o mais importante é que em nenhum momento a gente se deixou levar pelo resultado. Encaramos cada jogo como uma final, porque nessa Superliga, se vacilar, a qualquer momento aparecem as derrotas.
No começo da sua carreira você ouviu muito aquela coisa de ser "o filho de Bernardinho". Você já se sente descolado dessa imagem?
Desvencilhar totalmente é impossível, porque querendo ou não as pessoas vão relacionar a isso. Mas essa questão já está completamente superada, porque no início me incomodava um pouco. Enquanto as pessoas não relacionarem o fato de que eu estou lá (na Seleção) por conta dele; Acho que isso é que me chateava muito. As pessoas hoje já não falam mais isso.
Além do pai, sua mãe (Vera Mossa) foi uma craque. O vôlei é sempre assunto entre vocês ou isso fica meio de lado para não saturar?
É claro que acaba uma partida minha mãe me liga, meu pai me dá um puxão de orelha; Minha mãe é mais coruja e não dá tanto puxão de orelha como me pai. Mas em casa a gente tenta de alguma maneira parar com o assunto, porque senão fica só no vôlei e aí é complicado.
Este ano, além da Liga Mundial, a Seleção Brasileira terá o Campeonato Mundial. O Brasil venceu os últimos dois mundiais (Argentina-2002 e Japão-2006). O grupo do Brasil tem Espanha, Cuba e Tunísia. Será seu primeiro Mundial. O que você acha desses primeiros rivais?
Antes do Mundial temos a Liga Mundial que já vai ser uma preparação. Ali a gente vai entrar com tudo, porque já temos um grupo forte, com Bulgária, Holanda e Coreia. No Mundial, é a competição mais importante do ano, com o Brasil buscando o tri. Já vencemos a Liga Mundial no ano passado e os olhos do mundo estão voltados para a gente novamente. Temos que carregar o peso de sermos os favoritos mesmo. É um grupo complicado. Cuba é um time jovem e de muito potencial. A Espanha foi a penúltima campeã europeia. A Tunísia teoricamente é o rival mais fraco do grupo, só que não podemos dar mole. Mas o Brasil vai com tudo, com a volta de alguns jogadores, como o Dante. Acredito que o Brasil vai fazer um grande campeonato.
O William nunca digeriu completamente a derrota para os Estados Unidos na final das Olimpíadas de Los Angeles-1984. No seu caso, aquela derrota na final em Pequim-2008 ( 3 x 1 20/25, 25/22, 25/21 e 25/23) para os Estados Unidos já ficou totalmente para trás?
É claro que todos ficamos tristes, principalmente pelo fato de alguns jogadores estarem saindo da Seleção como Gustavo, Anderson, André Heller. Acho que eles mereciam muito essa medalha de ouro. E foi por pouco. É lógico que aquela partida não me sai da cabeça. Me lembro como se fosse ontem. A gente sabia que podia vencer. Mas os Estados Unidos foram superiores em todo o ano, venceram a Liga Mundial, as Olimpíadas. Eles mereceram. Não é nada que me faça ter nenhum pesadelo. A medalha de prata tem que ser muito valorizada também.
Com 23 anos, você já se considera um ídolo como levantador ou acredita que é cedo demais para dizer isso?
Acho que falta muito para chegar a ícones como William, Maurício, Ricardinho. Levantador é igual vinho: quanto mais velho melhor. Eu tenho 23 anos, tenho muita coisa para evoluir. A cada ano me sinto mais amadurecido, melhor tecnicamente, mas eu sei o quanto ainda posso crescer. Ainda tenho alguns defeitos, algumas manias que eu preciso melhorar. Tenho que continuar trabalhando sem jamais tirar os pés dos chão.
Hoje
Upis x Cimed
Horário: 17h
Local: Ginásio do Cruzeiro
(ao lado da Feira)
Ingressos: R$ 10 (inteira)
R$ 5 (meia)