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Série de lesões de Kaká deixam a torcida em pânico às vésperas da Copa do Mundo

postado em 23/03/2010 08:30
Na fila de uma lanchonete no Setor Sudoeste uma "mesa redonda" entre dois dos milhões de treinadores da Seleção Brasileira chama a atenção:
- O Kaká se machucou de novo, tu viu (mostra no celular)?
- Tô sabendo não, velho, o que foi dessa vez?
- Contratura muscular...
- Que ano, hein? Ele tá se contundido demais nessa temporada. Péssimo sinal.
- Ele não vai ficar fora da Copa não, relaxa...
- É, mas se o cara for cortado, quem joga no lugar dele?

Eis a pergunta que não quer calar. O bate-papo entre os dos dois amigos terminou com a seguinte conclusão: "Sem ele vamos ter um meio de campo igual ao da Copa de 1994. Lembra? O Raí pipocou e aí tivemos de aturar Mauro Silva, Dunga, Mazinho e Zinho até o último jogo. Dessa vez vai ser Gilberto Silva, Felipe Melo, Elano ou Daniel Alves e Júlio Baptista...", vislumbrou o apocalíptico.

Está explicado por que a Seleção Brasileira de Dunga depende tanto da saúde do seu camisa 10. Terapias alternativas para as dores de Kaká existem, mas Dunga não confia em Diego e parece ter desistido de Ronaldinho Gaúcho. Sem querer querendo, transformou Kaká em um boneco de porcelana. Qualquer queda ou lesão, por menor que seja, aciona as luzes de emergência. Foi assim quando o Real Madrid vetou o galático dos últimos dois jogos, contra o Valladolid e o Sporting Gijon, devido a uma contratura no músculo adutor da perna esquerda. Tem sido assim nos últimos três anos.

Kaká assumiu o poder na Seleção Brasileira na bola. Isso não se discute. Humilde, tolerou vários castigos de Dunga e sentou-se no banco de reservas. Antes de subir ao trono, usou coletes reservas e as camisas 19, 8 e 18 até mostrar futebol (não marketing) para ser o 10 de 2010. Principalmente depois de levar o Milan aos títulos europeu e mundial, e de ser eleito o melhor do planeta em 2007.

Mas não há como negar: na Era Dunga, o craque tem dado muitas pontadas no coração. O risco de lesão requer um plano B à altura. Nesta temporada, Kaká parou 42 dias para tratar uma pubalgia e está há uma semana e meia longe dos gramados. Em 2009, uma contusão no pé esquerdo o afastou de jogos importantes contra a Itália e o Equador.

Na temporada anterior, sofreu com dores no joelho esquerdo, a ponto de ser submetido a uma artroscopia. Ficou fora de 8 das 11 partidas da Seleção em 2008 e não disputou os Jogos Olímpicos de Pequim. Kaká foi cortado nove vezes por Dunga por motivo de contusão devido a problemas variados: contusão nos joelhos esquerdo e direito, no pé canhoto e lesão muscular na perna direita.

Com maestro, Dunga só perdeu um jogo

Sem Kaká, Dunga viveu seus piores dias. Sofreu uma derrota inédita para a Venezuela, perdeu do Paraguai, empatou em casa por 0 x 0 com a Bolívia, a Colômbia e a Argentina, engoliu a a convocação pública de Ronaldinho pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e só não passou um ano inteiro sem marcar um gol em exibições no Brasil porque goleou Portugal por 6 x 2, na reabertura do Bezerrão. Kaká já tinha voltado.

Os números de Kaká desde a posse do capitão do tetra, em 2006, justificam a fidelidade de Dunga. O astro disputou 34 partidas, fez 13 gols, ganhou a Copa das Confederações, nunca foi visto em baladas e não estava em campo em quatro das cinco derrotas da Seleção. Ronaldinho balançou a rede cinco vezes em 20 exibições, fracassou nos Jogos Olímpicos de Pequim e não é tão comportado. Em nome do bem-estar da Seleção Brasileira, seria o melhor remédio em uma eventual baixa de Kaká.

O melhor remédio, pois quando não teve Kaká nem Ronaldinho, Dunga apanhou para achar um substituto. Lembram da Copa América de 2007, na Venezuela? O técnico Experimentou Diego e Anderson na função, mas ambos refugaram. Quem saiu aprovado foi Júlio Baptista, um dos heróis do título. Por gratidão, Dunga levará o reserva da Roma para ser o suplente de Kaká. Portanto, façamos o que pede o craque. ;O jeito é orar e esperar que nada aconteça;. Afinal, hoje, a Seleção é ele 10.

Lesões na Era Dunga

Contratura muscular
Contusão deixou o jogador fora das últimas duas partidas do Real Madrid

Artroscopia
Antes da cirurgia, dor no joelho esquerdo tira o craque de dois amistosos. Em maio de 2008, a operação tira o jogador de três partidas da Seleção

Contratura muscular
Tira o meia do amistoso contra a Suécia, em março de 2008

Lesão no pé esquerdo
Obriga Dunga a cortá-lo do amistoso contra a Itália, em fevereiro de 2009

Pubalgia
Para por 42 dias no Real Madrid, do fim de novembro a janeiro, para tratar do problema

Lesão no joelho direito
Não é convocado para os jogos contra Chile e Bolívia, pelas Eliminatórias

Números da Seleção;
; Com Kaká
34 jogos, 27 vitórias, 6 empates, 1 derrota
; Sem Kaká
19 jogos, 11 vitórias, 4 empates, 4 derrotas

Parceria opõe gigantes da telefonia

; O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, não comentou se haverá conflito de interesses entre as empresas de telefonia Oi - que anunciou ontem a compra de uma das seis cotas para a Copa de 2014, no Brasil - e Vivo, patrocinadora oficial da Seleção pelos próximos quatro anos. "Estou participando deste evento como presidente do Comitê Organizador da Copa.

Assuntos relativos à CBF eu trato lá", disse o dirigente. A parceira foi celebrada ontem, no Rio, com a presença do presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, do diretor de marketing da Fifa, Thierry Weil, e de Teixeira. O assessor de imprensa da CBF, Rodrigo Paiva, esclareceu. "Na Copa, as seleções não podem exibir patrocínio nas camisas. Não haverá conflito de marcas. Até a Copa de 2014, os jogadores darão entrevistas com uniforme da Vivo."

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