postado em 23/03/2010 09:10
Ainda faltam pouco mais de quatro anos para o início da Copa do Mundo 2014, mas antes mesmo do início das obras no Mané Garrincha, algumas federações desportivas já sentem o efeito do Mundial. A reforma no estádio, que já está atrasada aguardando as licitações, obriga a Secretaria de Esporte e Lazer do DF, localizada no estádio, a deixar o local. A entidade mudará para o Complexo Aquático Cláudio Coutinho, onde oito das 13 federações estão alojadas. Essa mudança implicará no desalojamento dessas e das outras cinco federações que ocupam salas no próprio estádio.Uma provável inspeção da Federação Internacional de Futebol (Fifa) em maio, teria sido o motivo da transferência da Secretaria de Esportes e seus 200 funcionários. Segundo o secretário, Hebert Willian de Oliveira Félix, o único local que abriga toda a estrutura do órgão é o Complexo Aquático Cláudio Coutinho. "Não temos para onde ir. Eu não poderia deixá-los (federações) lá e ficar na rua", explica.
A decisão, tomada na tarde de ontem, pegou os presidentes das entidades de surpresa. Afinal, há federações que ocupam a mesma sala há quase dez anos, como é o caso da Federação de Desportos Aquáticos. "Estou muito preocupada. Ainda não sei o que fazer. O problema maior são os equipamentos, como placar eletrônico, que eu não sei onde vou guardar", desabafa a presidente Magda Machado.
As federações de atletismo e vôlei também vivem o mesmo drama. Carmen de Oliveira, ex-corredora e presidente da entidade, admite que já havia sido notificada da desocupação há quatro meses. A dirigente, no entanto, ainda busca um local para trabalhar. "Solicitei à Secretaria de Educação alguma sala numa escola pública, já que tem muitas desativadas, mas ainda não tivemos resposta", explica. "O que as federações passam é um descaso do governo", alfineta.
Uma das justificativas do secretário para tomar essa decisão é que não há registro legal que obrigue a secretaria a manter as federações alojadas. "Para concessão de espaço público, é preciso licitação. Afinal, se deixarmos uma ficar, todas vão querer brigar pelo mesmo direito", analisa. "O problema é que eles sempre estiveram ali e nunca foi formalizado. A própria corregedoria já fez uma inspeção e mandou retirá-los daqui", garante. A última concessão de uso de área pública venceu em 2008, segundo informação da Secretaria.
Carlos Barroso, presidente da federação de vôlei há 14 anos admite o desapontamento com a notícia, mas confessa que, mais cedo ou mais tarde, isso iria acontecer. "É o primeiro dia do impacto, não temos para onde ir. Comigo já aconteceu quatro vezes", reclama o dirigente. "Quando assumi, era no Parque da Cidade, depois fui para o Ginásio Nilson Nelson e dali para uma sala embaixo da arquibancada do Mané Garrincha. Em seguida fomos para o complexo aquático", relembra.
Torneio de vôlei pode ser cancelado
Uma das preocupações de Barroso é que as mudanças repentinas prejudiquem o calendário de competições da federação de vôlei. Com torneio programado para 15 de abril, ele admite que a competição pode até ser suspensa, caso não tenha para onde ir. "Isso pode atrapalhar o andamento desses torneios." Um local para guardar os materiais esportivos também preocupa Barroso. "Meu maior problema é material. Nós temos muita coisa e vamos receber mais", afirma. Além disso, a taxa mensal paga pelos clubes, R$ 20, não é o suficiente para alugar uma nova sala. "É muito pouco. Estou realmente preocupado."
As sem teto
Do Complexo Aquático Cláudio Coutinho
; Federação de Futsal
; Federação Brasiliense de Ginástica
; Federação de Desportos Aquáticos
; Federação Brasiliense de Tênis
; Federação Brasiliense de Tiro Esportivo e Prático
; Federação Brasiliense de Triatlo
; Federação Brasiliense de Vôlei
; Federação Brasiliense de Caratê
Do Estádio Mané Garrincha
; Federação Metropolitana de Judô
; Federação de Motovelocidade do DF
; Federação de Atletismo do DF
; Federação Brasiliense de Remo
; Federação de Beach Soccer do DF
O que diz a associação
O presidente da associação das Federações, Weber Magalhães, só recebeu a notícia no fim da tarde de ontem, pelo próprio Barroso. Sem uma solução imediata, ele garantiu que irá se reunir hoje com as federações para tentar encontrar uma solução. "Amanhã (hoje) vou conversar com o Secretário. Acredito que o governo poderia alugar um prédio para a secretaria e ver um lugar para as federações, pois elas não têm condições", defende. "Imagina a federação sem uma referência nem endereço. A solução terá que ser dada", emenda.