postado em 24/03/2010 09:27
José de San Martin foi o general responsável pela libertação da terra que viria a se chamar República da Argentina das garras dos colonizadores espanhóis em 1810. Arriscou a vida pela pátria livre. Duzentos anos depois, um pequeno guerreiro de apenas 22 anos ; com média de oito gols nos últimos oito dias ; talvez carregue nos ombros uma pressão muito maior. Ao lado de apenas dez soldados, lutará não só contra o mundo na Copa, mas contra a desconfiança do próprio país.Lionel ;La Pulga; Messi é o nome cotado para ser ;o herói do Bicentenário argentino;. Possui um talento que prontamente silencia os críticos, tanto com números quanto com lances de individualidade única, e o mais importante, com voltas olímpicas. É o artilheiro da Espanha com 25 gols, e da Europa com 34. Rodada após rodada, encanta o mundo com dribles estonteantes, característicos nas conquistas nacionais, continentais e mundiais do Barcelona.
Mas a capital catalã está a 10.460km de Buenos Aires. Aos hinchas albicelestes, dói no peito ver um gênio pela tevê e um jogador comum nas terras da América. Em 18 jogos das Eliminatórias, apenas quatro gols saíram dos pés da Pulga. Em 2009/2010, balançou a rede uma vez, na derrota por 2 x 1 para a Espanha. Por conta disso, recai sobre Messi a culpa da seleção jogar abaixo do que a tradição pede. Na Argentina, ele tem popularidade comparável a de clubes pequenos, sendo chamado até de El Catalán, por ter ido para Barcelona aos 13 anos.
Contudo, uma simples análise técnica e tática constata o que parece óbvio: não se pode cobrar que Messi jogue como no Barça, pois a Argentina não é o time catalão. Ele já jogou num posicionamento similar em alguns jogos: na ponta-direita ao lado de outro ponta e um centroavante. Entretanto, em um esquema sem meias de passe criativo, acaba desabastecido, precisando voltar para buscar a bola e armar jogadas.
No Barcelona, Xavi e Iniesta tanto marcam quanto atacam, munindo Messi da liberdade que um gênio gosta para brilhar. Além disso, a pressão psicológica e a falta de entrosamento da esquadra comandada por Diego Armando Maradona não devem ser ignoradas.
Só que La Pulga não para de maravilhar e assombrar o mundo com seu talento. O mesmo que pode mostrar na seleção, apesar do esquema. E o mesmo que já comparam ao de Diego Armando Maradona. Baixinhos, canhotos, artistas da bola com a camisa do Barça e, lógico, argentinos. Impossível fugir da mesma comparação da qual Ortega, Riquelme, D;Alessandro e Aimar não se mostraram dignos.
Duas perguntas para...
Elias Perugino, editor da ;El Grafico;, revista argentina de maior prestígio internacional
Messi já pode ser comparado a Maradona?
As conquistas de Messi parecem ter maior peso que as de Maradona. Ele conquistou a Espanha, a Europa e o Mundo pelo Barça, enquanto, na mesma idade, Dieguito só tinha feito grandes campanhas pelo Argentinos Juniors e pelo Boca, chegando ao auge no Napoli e na Copa de 86 só depois. Na questão do estilo de jogo e pela magia em campo, de fato um lembra o outro. Mas é preciso esperar até que a carreira da Pulga acabe. Vocês mesmos tiveram o exemplo do Ronaldinho, que há quatro anos era o melhor, e hoje pode nem ir para a África.
E como se explica a mágoa dos argentinos com ele na seleção?
Os grandes momentos de Messi com a alviceleste foram nas categorias de base, nas Olimpíadas. Nas Eliminatórias, ficou devendo, talvez porque renda mais num time que saiba ter mais controle da bola. Para a Copa, a esperança é de que se entrose com o grupo nos dias de preparação, pois quando fez isso para a Copa América 2007, saiu-se bem.
Aos 22 anos, Messi tem mais títulos
Quando tinha a idade de Messi, Dieguito já tinha disputado, e falhado, na Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Era novidade no Barça, mas na Argentina começou a construir sua lenda com um título nacional pelo Boca Juniors e sendo artilheiro por cinco campeonatos seguidos. La Pulga também já passou por uma Copa, mas marcou menos vezes na carreira.
No entanto, fez o que fez na Europa, ganhando a Liga dos Campeões sagrando-se o melhor do mundo pela Fifa. A proximidade se mostra forte outra vez, já que as comparações são feitas princpalmente por torcedores, jogadores e dirigentes catalães.
Ainda assim, por mais óbvio que pareça, Messi não é Maradona. É um guerreiro suficientemente capaz de emancipar o próprio nome. Ainda que não se torne herói no Bicentenário, já que nem El Diez ganhou em 86 sem uma equipe forte como alicerce, ainda que também esteja cercado por jogadores top de linha, como Higuain, Tevez e Verón. Mas se existe alguém no mundo próximo da imortalidade de uma conquista de Copa, é ele.
O que eles disseram
;Podem comparar (o Messi) ao Maradona, não ao Pelé, que era muito mais forte;
Tostão, colunista do Correio Braziliense
;Para a minha geração, Maradona foi o maior que vimos jogar;
Pep Guardiola, técnico do Barcelona
;O que ele está fazendo no Barcelona, o Ronaldinho já fez muito mais. É um grande jogador, que vem respaldado por uma grande seleção (Argentina), diferentemente do Drogba e do Cristiano Ronaldo, por exemplo. Se ele jogar o que sabe, a Argentina é uma das grandes favoritas na Copa;
Djalminha, ex-meia do Flamengo e do Palmeiras
Tostão, colunista do Correio Braziliense
;Para a minha geração, Maradona foi o maior que vimos jogar;
Pep Guardiola, técnico do Barcelona
;O que ele está fazendo no Barcelona, o Ronaldinho já fez muito mais. É um grande jogador, que vem respaldado por uma grande seleção (Argentina), diferentemente do Drogba e do Cristiano Ronaldo, por exemplo. Se ele jogar o que sabe, a Argentina é uma das grandes favoritas na Copa;
Djalminha, ex-meia do Flamengo e do Palmeiras