Joana Tiso
postado em 31/03/2010 09:09
Rio de Janeiro ; Ao Vasco, basta um empate sem gols para garantir vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil. Para o interino Gaúcho, no entanto, uma vitória sobre o ASA-AL, hoje, às 21h50, em São Januário, representa mais um passo para realizar o sonho alimentado há quase 20 anos de se firmar como técnico dos profissionais do clube. Fã do Barcelona, de Lionel Messi, Gaúcho é um ex-zagueiro que gosta do futebol ofensivo e quer a equipe para frente, como no triunfo por 3 x 0 sobre o Fluminense, pela Taça Rio. ;O Vasco precisa ter o comando do jogo e ditar seu ritmo. Temos que entrar a 100km por hora para vencer e dar mais uma alegria aos nossos torcedores;, ensinou.Mesmo que os jogadores insistam em defender a boa relação com o ex-técnico Vágner Mancini, é impossível ignorar que o clima está melhor no comando de Gaúcho. A alegria pela vitória expressiva sobre o tricolor lembrou os tempos de alto astral na Série B. A descontração invadiu todos os cantos de São Januário, com funcionários sorrindo ; apesar do salário atrasado ; ao comparar Gaúcho com Andrade, ex-interino e atual técnico do Flamengo.
;Foi isso que mudou. Antes, o grupo estava tenso. Agora, chegou uma nova filosofia. Me formei aqui e sei a temperatura do Vasco;, explicou o treinador, sobre a mudança de ares no clube. Mais vibrante que o antecessor, Gaúcho já conseguiu tirar os jogadores de um coma que parecia irreversível. No melhor estilo Joel Santana, que também fez história no clube e hoje comanda o Botafogo, ele sabe como motivar e passar confiança aos atletas.
Antes do clássico de domingo, havia uma crença no clube de que apenas Abel Braga seria capaz de despertar a equipe. O treinador, com passado no Vasco e amigo do presidente Roberto Dinamite, ganha no futebol árabe um salário que a diretoria carioca jamais poderia pagar. Seu desejo de voltar ao Brasil, porém, animou o dirigente, que pretende contar com ele a partir de maio. Mas o Al Jazira não vai facilitar a saída de Abel, que tem contrato até o início de 2011.
Com isso, Gaúcho ganha espaço. Há tempos, Dinamite defende a contratação de um técnico identificado com o Vasco e mostra o exemplo positivo de Andrade nas reuniões da diretoria. A chance de economizar com a promoção do interino anima o presidente, assustado com a dificuldade de pagar os salários e as dívidas do clube.
Força para o atacante
; Bom de papo e conhecedor do futebol carioca, Gaúcho agora mira na recuperação de Dodô, abatido e esquecido no banco de reservas depois de perder dois pênaltis na derrota por 1 x 0 para o Flamengo. ;Dodô tem grande qualidade e atravessou um momento que muitos já passaram. Tem jogador que perde pênalti em Copa do Mundo e volta a jogar bem. Era algo que estava no destino, mas ele vai se recuperar e dar alegrias ao Vasco;, garantiu o confiante treinador. ;Essa caída dele não é falta de interesse. Dodô se abateu. Foi nítido que se assustou com a tempestade.;
Memória
Carlos Roberto Orrigo da Cunha, o Gaúcho, pisou pela primeira vez no gramado de São Januário no fim da década de 1960 e defendeu o Vasco por 13 anos, contando com a categoria de base. Em 1993, teve a primeira chance como técnico dos profissionais. Fez um bom trabalho, com vitórias como a do duelo contra o Palmeiras, mas não foi efetivado para a temporada seguinte. Na base do clube, ele conquistou sete títulos e formou jogadores que fizeram sucesso no Vasco, como o ex-atacante Valdir Bigode.