postado em 06/04/2010 08:25
Imagine a cena: final de Copa do Mundo entre Brasil e Argentina, na África do Sul. O jogo está 0 x 0, o relógio marca 45 minutos do segundo tempo, quando o meia Kaká recebe a bola de frente para o gol. Porém, na hora do chute, o craque brasileiro escorrega no gramado e desperdiça a chance da garantir o hexacampeonato verde e amarelo. Para evitar esse tipo de cena no Mundial, as empresas fabricantes de material esportivo trabalham dia e noite para desenvolver e aplicar em suas chuteiras as mais inovadoras tecnologias visando o melhor rendimento dos atletas da bola. E o maior evento futebolístico do mundo vai ser uma grande vitrine das mais variadas marcas especializadas no assunto. Prova disso é que elas disputam entre si com o objetivo de convencer os grandes astros a calçarem seus produtos.
Além de cada vez mais leves, os calçados estão trazendo mais novidades para os jogadores de acordo com suas características em campo. Chuteiras que dão maior potência nos chutes, precisão e efeito nos cruzamentos ou até que proporcionam mais aderência ao gramado, possibilitando mais fluência nos movimentos e velocidade nas arrancadas.
A tecnologia está presente desde o material do calçado até os mínimos detalhes, como o posicionamento do cadarço e o formato das travas. "São detalhes que geram maior tração e velocidade", explica o empresário Guto Moraes, da Free Corner. Por causa das características de cada uma das chuteiras - como maior controle de bola, aceleração ou precisão nos chutes e cruzamentos -, a procura por cada modelo acaba atraindo jogadores de posições específicas dentro do esporte.
O modelo utilizado por Kaká, por exemplo, é feito com um material macio, que permite ao jogador sentir a bola nos pés, além de ter um solado com uma tecnologia específica para maior aderência. Já Cristiano Ronaldo, que tem um estilo de jogo diferente do brasileiro, utiliza outro tipo de chuteira. A mais cara do mercado, por sinal. As travas do modelo utilizado pelo português são inteligentes. Elas se adaptam ao estilo do gramado, analisando a altura do terreno e se ajustando automaticamente depois que o jogador pisa em campo.
Durante o lançamento do calçado que vai usar na Copa, Cristiano Ronaldo comentou sobre o que é fudamental para ele no calçado. "Para mim, tudo está na aceleração inicial, mas girar e se virar em torno do zagueiro também é importante", declarou. "A chuteira me ajuda a fazer as duas coisas, de modo que possa vencer meu oponente e criar oportunidades de gol", elogiou.
Diferentes características
Enquanto Kaká preza pelo controle de bola e Cristiano Ronaldo pela velocidade em campo, o também brasileiro Ronaldinho Gaúcho já usa outro modelo de calçado, que privilegia na hora de tocar ou lançar para os companheiros. Até mesmo os zagueiros, como o capitão da Seleção Brasileira, Lúcio, buscam chuteiras que facilitem suas vidas na tentativa de parar os adversários. O modelo utilizado pelo defensor brasiliense conta com tecnologias que permitem consistência na hora de mudar de direção e reduzem a perda de energia na hora de correr.
A busca pela melhora no rendimento passa até pelas palmilhas e pela simetria dos cadarços, que, segundo os fabricantes, eliminam erros de passes e finalizações por proporcionar uma superfície de contato com a bola sem irregularidades. Alguns modelos vão além, cobrindo os cadarços com o mesmo material do restante do calçado, deixando-os completamente escondidos.
Adidas F50
Messi (ARG)
David Villa (ESP)
Podolski (ALE)
Nike CTR360
Júlio Baptista (BRA)
Diadora Lx K-Pro 2
Felipe Melo (BRA)
Adidas AdiPURE
Kaká (BRA)
Lampard (ING)
Trezeguet (FRA)
Del Piero (ITA)
Xabi Alonso (ESP)
Umbro Speciali
John Terry (ING)
Pepe (POR)
Deco (POR)
Nike Mercurial Vapor SuperFly II (foto)
Cristiano Ronaldo (POR)
Wayne Rooney (ING)
Luís Fabiano (BRA)
Aguero (ARG)
Robinho (BRA)
Adriano (BRA)
Adidas
Predator
Lúcio (BRA)
Ballack (ALE)
Gerrard (ING)
De Rossi (ITA)
PARA TODOS OS RENDIMENTOS
Se os jogadores vão exibir tudo que há de mais moderno em termos de chuteiras na África do Sul, o peladeiro de fim de semana também pode experimentar essas sensações. Inclusive por um preço mais acessível.
"Existem modelos alternativos, que visualmente são iguais aos dos craques e custam menos. A diferença é que não traz todas as tecnologias do top de linha", explica Guto Moraes. O modelo de Cristiano Ronaldo e Adriano, por exemplo, possui uma versão simplificada, que pode ser adquirida por R$ 299, mais de R$ 1.000 mais barato que o dos craques. "As tecnologias só são perceptíveis no rendimento dos profissionais", acrescenta.
Por outro lado, os fabricantes também disponibilizam opções otimizadas das chuteiras. "São chamados de elite pack. São ainda mais leves que os modelos atuais e trazem tecnologias diferenciadas", explica Guto.
SAIBA MAIS
Mistério para a Copa
As fabricantes aproveitam o ano de Copa do Mundo para adotar o suspense em torno das novas chuteiras que vão desfilar no Mundial. A Nike, que já promoveu o lançamento da Mercurial Vapor SuperFly II, promete lançar um modelo com uma cor específica para os jogadores que vão à África do Sul, mas só em maio. Já a Adidas ainda não mostrou as novidades que serão implantadas nos modelos específicos para a Copa.
MEMÓRIA
Começo artesanal
Se hoje as chuteiras dispõem de tanta tecnologia e proporcionam vantagens aos jogadores de futebol, tudo se deve à iniciativa do alemão Adolph Dassler. O sapateiro, que sonhava em criar calçados específicos para as mais diversas modalidades esportivas, fabricava os objetivos à mão em uma pequena fábrica que contava com apenas 12 funcionários.
Em 1925, ele patenteou a chuteira com botões de couro rebitado que produzia. A partir daí, com a ajuda e a opinião de atletas e técnicos, passou a desenvolver mais a ideia e deu início ao que mais tarde seria uma empresa especializada em artigos esportivos: a Adidas. Hoje, 85 anos depois de patentear, a marca é uma das forças do mercado na produção de chuteiras para futebol.
Baresi ainda sofre com pênalti perdido
; Em 1982, Franco Baresi viu do banco a Itália de Paolo Rossi eliminar o favorito Brasil e caminhar rumo ao terceiro título mundial. Doze anos depois, já consagrado e capitão da Azzurra, o ex-zagueiro isolou sua cobrança na decisão por pênaltis na final que deu o tetra à Seleção de Romário nos Estados Unidos. A emoção de uma vitória histórica ou a tristeza de uma derrota amarga?
Na cabeça do ex-camisa 6 do Milan, a dor no estádio Rose Bowl é lembrança mais constante dos duelos com os brasileiros em Copas. "São jogos diferentes, lembro-me dos dois, mas acho que o do pênalti foi mais marcante, pois em 1982 eu era muito jovem", lembra Baresi, que na Espanha tinha 22 anos.
Deco alfineta brasileiros
; O meia luso-brasileiro Deco causou polêmica em entrevista publicada ontem pelo jornal
A Bola, de Lisboa. Para o jogador, há atletas que vestiram a camisa da Seleção Brasileira e "não fizeram metade" do que ele fez em sua carreira. "Com a minha carreira, a coisa mais normal seria ter jogado pelo Brasil. Há jogadores que não fizeram metade que já vestiram aquela camisa. Jogar na Seleção Brasileira seria a coisa mais fácil e natural para quem ganhou tudo no Porto, foi titular indiscutível no Barcelona durante quatro anos e joga em um dos principais clubes do mundo. A minha carreira fala por mim", afirmou o meia.