postado em 09/04/2010 01:27
A rivalidade entre Brasil e Argentina entrou em quadra na noite desta quinta-feira (08/04), na partida entre Universo e Juventud Sionista, no Ginásio da Asceb, pelo Torneio Interligas. Ao contrário da semifinal, onde os brasilienses passearam em quadra contra o Libertad Sunchales, o jogo foi digno de playoff, com direito a muita emoção, participação intensa da torcida e vitória de virada dos donos da casa por 102 x 93. Porém, nem tudo foi positivo. Um princípio de briga no segundo quarto deixou os ânimos exaltados em quadra e por pouco não se tornou em uma briga generalizada.Com a vitória, o time da capital federal se classificou para a decisão da competição. Agora, o Universo aguarda a decisão do outro grupo, que conta com os brasileiros Minas e Franca, e os argentinos Peñarol e Atenas. A final está prevista para o próximo dia 14 de abril, ainda sem local definido.
O jogo
A partida começou difícil para os donos da casa. Sem conseguir imprimir a forte defesa ou encaixar os contra-ataques habituais, o Universo viu os hermanos do Sionista jogarem justamente como eles mesmos estão acostumados. Com uma defesa forte e contragolpes fulminantes, os argentinos fizeram nada menos do que 32 pontos no primeiro período. Além disso, seguraram o Universo em apenas 21, abrindo 11 pontos no placar.
A segunda etapa foi marcada por um princípio de confusão em quadra. Guilherme se enroscou com Iglesias e começou o empurra-empurra. Indignado com o adversário, o ala-pivô do Universo colocou o dedo na cara do argentino. Os atletas foram separados logo, mas o camisa 12 dos donos da casa seguiu revoltado, agora com a arbitragem, reclamando muito. Os jogadores da capital alegavam que o argentino tinha tentado derrubar Guilherme com uma rasteira. Na sequência, ele cometeu falta em Fioretti e foi para o banco aplaudindo de forma irônica os árbitros. Brigas à parte, os donos da casa não conseguiram diminuir a vantagem e foram para o vestiário perdendo por 59 x 48.
O terceiro quarto continuou no mesmo ritmo, e o Universo continuou sem conseguir parar o ataque adversário. A equipe só se manteve no jogo graças a Alex, que terminou com incríveis 33 pontos e 11 rebotes e converteu várias bolas de três no período. Do outro lado, a movimentação argentina continuou dando resultado. Liderados pelo bom armador Cequeira, o Sionista rodava bem a bola e sempre finalizava em boas condições.
No último e decisivo quarto, o Universo finalmente tomou conta do jogo e do placar. Atrás no marcador desde o começo, o time do DF tomou a frente pela primeira vez faltando cinco minutos para o fim do jogo. E o jogo se manteve parelho até os três lances que levantaram a torcida e definiram de vez o resultado. E o principal protagonista foi o pivô Estevam. Primeiro, ele recebeu a bola na cabeça do garrafão. Vendo os companheiros marcados, ele não hesitou e partiu para a cesta, enterrando, literalmente, na cabeça do pivô adversário. E foi apenas o começo. Na volta para a defesa, o camisa sete subiu para dar o toco e começar o contra-ataque que terminou em uma bandeja de Alex e colocou o ginásio inteiro em pé - até mesmo alguns flamenguistas que continuaram no local e acabaram torcendo para o Universo.
Responsável pelo momento que virou o jogo, Estevam se empolgou, jogou bola e camisa para a torcida e comentou sobre os lances. ;A enterrada é um momento mágico do basquete. Já dei na cabeça como também já levei na cabeça, mas o importante é continuar o trabalho para terminarmos com o título;, declarou, enquanto era bastante assediado pela torcida, que entrou em quadra para pegar autógrafos e tirar fotos com os atletas. O pivô terminou com um duplo-duplo de 18 pontos e 10 rebotes.
Já Alex, cestinha e grande destaque do jogo, exaltou o clima e a rivalidade do confronto com os argentinos. ;A maioria das equipes argentinas joga com paciência, com catimba, sabe segurar o placar , quando eles tem uma vantagem é difícil buscar o placar. Mas conseguimos jogar bem na defesa, segurar uns rebotes importantes e depois que virou a equipe se animou muito mais;, apontou.
Guilherme reclama de deslealdade
Ainda visivelmente nervoso após a partida, o ala-pivô Guilherme disse que os adversários tiveram a intenção de machucar e confirmou que ficou revoltado com a situação. ;É uma sacanagem que o cara faz, ele passa o pé em mim e eu posso me machucar. E aí quem vai jogar no meu lugar? Ele? O Maranho, que não apitou a falta? Não, não vai jogar;, disparou. ;Vão me criticar porque eu fico nervoso, mas não vou ficar?;, questionou.
Flamengo se recupera
Derrotados por apenas dois pontos na primeira rodada do Torneio Interligas, o Flamengo evitou terminar a competição sem vitórias ao bater os argentinos do Libertad Sunchales por 89 x 68, na partida preliminar. Os grandes nomes do jogo para o Fla foram Jefferson e Hélio, que anotaram 19 e 18 pontos, respectivamente. Pelos argentinos, Lewis foi o grande destaque, com 27 pontos e 12 rebotes.
Cestinha do Novo Basquete Brasil (NBB) e grande astro da equipe carioca, o ala Marcelinho não esteve em um dia muito inspirado. Além de enfrentar os argentinos em quadra, o jogador foi provocado pelos torcedores do Universo durante toda a partida. Cada erro do camisa 4 rubro-negro era comemorado como se fosse uma cesta da equipe de Brasília.
Fora os xingamentos, um grupo de torcedores preferiu adotar o bom humor na torcida contra o jogador do rival. ;Movimenta, Marcelinho;, ;Olha a marcação;, gritavam da arquibancada, arrancando risadas dos presentes.
Torcidas se provocam
Presente no ginásio antes da partida do Universo para acompanhar o jogo entre Flamengo e Libertad Sunchales, os torcedores da equipe da capital federal trocaram provocações com os flamenguistas. Enquanto a torcida rubro-negra evocou o já tradicional grito ;el, el, el, torcida de aluguel;, os donos da casa responderam com bom humor: ;ol, ol, ol, torcida de futebol.;
Homenagem aos cariocas
Antes do início do duelo entre Universo e Juventud Sionista, as duas equipes e os torcedores presentes no na Asceb prestaram homenagem às vítimas das chuvas no Rio de Janeiro. O ginásio permaneceu em silêncio por um minuto em respeito aos que morreram na cidade carioca.