postado em 12/04/2010 17:12
O russo Yevgueni Trofímov, ex-treinador de Yelena Isinbayeva, culpa Vitaly Petrov, atual comandante da recordista mundial, pela fase delicada da atleta, que decidiu se afastar do salto com vara por tempo indeterminado. Para o antigo chefe, ela está "fora de controle".
"Ao trabalhar com uma atleta deste nível, o treinador deve ter uma posição clara e firme. Ele deve mandar. Acho que em algumas situações ele deixou ela decidir", declarou Trofímov, que comandou Isinbayeva até o final de 2005, em entrevista à Agência Ves Sport.
No Mundial de Berlim-2009, Isinbayeva não conseguiu sequer um salto válido. No Mundial Indoor realizado em Doha no último mês de março, ela ficou no quarto lugar. No Catar, a brasileira Fabiana Murer aproveitou o vacilo da russa e conquistou a medalha de ouro.
Segundo o ex-técnico, em função da conduta de Petrov, que também trabalhou com o lendário ucraniano Sergey Bubka, a atleta perdeu a forma física, começou a fracassar nas grandes competições e passou a competir com a preparação psicológica comprometida. Para Trofímov, a fase vivida por Isinbayeva é esperada.
"Tudo isso influiu na técnica do salto. Os saltos de Yelena ficaram pesados. Ela perdeu o dinamismo e a capacidade de voo, o que a diferenciava do resto. Quando o técnico começa a escutar os desejos da atleta porque ela é uma estrela, acontece o que estamos vendo", disse o russo.
Isinbayeva vive em Mônaco e treina grande parte da temporada em Fórmia, na Itália. Para Trofímov, a saltadora de 27 anos deve retornar à Rússia para ser acompanhada de perto pela federação de atletismo local, pelos treinadores nacionais e pelo Ministério de Esportes.
Trofímov afirma que Isinbayeva não soube como administrar o sucesso e diz que a missão de fazê-la "colocar os pés no chão" seria de Petrov. O técnico da estrela até 2005 aprovou a decisão de parar, mas acha muito cedo para a atleta encerrar sua carreira marcada por dois títulos olímpicos e quatro mundiais (dois indoor e dois outdoor).
Trofimov culpa uma empresa publicitária por sua ruptura com Isinbayeva e admite que é impossível retomar a parceria. "Pelas minhas previsões, ela pode saltar 5,15m, 5,20m (o recorde mundial é de 5,06m). Infelizmente, não me deixaram escrever essa história", disse o ex-treinador.