Joana Tiso
postado em 23/04/2010 08:32
Rio de Janeiro ; Em uma semana, o Flamengo perdeu a cabeça e o rumo. Nem parece que foi campeão brasileiro há apenas quatro meses. Ontem, o dia foi de apreensão, suspeita de queda geral no departamento de futebol e uma longa reunião para repensar o futuro do rubro-negro na temporada. Na prática, nada mudou. Ainda. ;As mudanças todas ficaram para amanhã (hoje). E não dependem dos resultados da Libertadores. Nada está definido ainda e existem divergências. Buscamos uma troca de filosofia e metodologia, mas isso exige calma e serenidade. O Flamengo é muito grande para se discutir em um único dia;, justificou a presidenta do clube, Patrícia Amorim. A tendência é de que Andrade seja comunicado da demissão longe da imprensa.O vice de futebol, Marcos Braz, também será demitido, ao lado do diretor executivo,Eduardo Manhães. ;As pessoas envolvidas, ficando ou não, merecem respeito;, completou a dirigente. Alvo de todos os olhares, o técnico treinou o time à tarde, no Ninho do Urubu, e foi embora em silêncio. ;Até amanhã;, disse, abatido, ao gerente de futebol, Isaias Tinoco. Adriano, um dos pivôs da crise, deixou o local em 20 minutos e não treinou. Os jogadores pediram para não comentar os conflitos internos. Quem tomou a palavra foi Isaias, que desde 2005 não concedia uma entrevista coletiva.
;Estamos todos abatidos, mas o momento é de tranquilidade e seguimos o trabalho normalmente. Inclusive, fechei hotéis e voos em caso de classificação na Libertadores. Ainda aguardamos um posicionamento. É direito da direção fazer o que achar melhor para o clube;, disse. Apesar do discurso equilibrado, ele demonstrou pessimismo: ;Quem chegar, em caso de mudança, vai encontrar tudo organizado;. O cartola também encarou perguntas sobre a possível queda. ;Ameaçado não é o termo. Até porque não se trabalha assim no Flamengo. Estamos todos apreensivos;, explicou.
Enquanto isso, a diretoria se reunia no apartamento do ex-presidente e atual vice geral, Hélio Ferraz, para discutir sobre o destino do Flamengo. Um dos assuntos era o vice de futebol, que chegou atrasado ao encontro. ;Não sei o que vai acontecer. A reunião está rolando, mas só fui chamado agora. Quem manda é a presidenta;, assegurou Braz. Ao escutar o desejo de ;boa sorte; de um jornalista, ele não titubeou: ;Vou precisar;.
A expectativa era de troca-troca no clube. Na saída, Braz comunicou que continua no cargo. ;Eu fico e estou tranquilo. Patrícia segue atenta à nova filosofia de trabalho e conversamos pela segunda vez sobre isso. Foi uma continuação do que começamos na segunda-feira. Ela vai definir tudo com calma;, contou o dirigente, que não soube informar sobre a situação de Andrade. ;Não fui comunicado.;
CARPEGIANI ESTÁ NOS PLANOS
O desejo de Braz seria de demitir Andrade, com quem teve uma negociação desgastante na renovação do contrato, e negociar com Celso Roth, que se enquadra no perfil disciplinador que a diretoria traçou. O treinador está no Rio para ;tratar de negócios;, mas negou que sejam relacionados ao Flamengo. Muricy Ramalho, o primeiro nome especulado, conversa com o Fluminense e foge da realidade financeira do clube ; pelo menos nos gastos com técnicos. A bola da vez é Paulo César Carpegiani, comandante do Flamengo no Mundial de 1981. Joel Santana, do Botafogo, também tem as portas abertas na Gávea.
"Quem chegar, em caso de mudança, vai encontrar tudo organizado"
Isaias Tinoco, gerente de futebol do Flamengo
Isaias Tinoco, gerente de futebol do Flamengo