postado em 20/06/2019 04:18
São Paulo ; Houve um tempo em que o terceiro jogo da Seleção Brasileira na fase de grupos de qualquer torneio de alto nível era mero cumprimento de tabela. Dava até para o treinador escalar time misto, reserva, alternativo ; como queiram. Os tempos são outros. A última vez em que o Brasil teve 100% de aproveitamento aconteceu em casa na Copa das Confederações 2013. De lá para cá, houve sofrimento e agonia até os últimos minutos para amargar inclusive eliminação contra o Peru na Copa América Centenário de 2016, nos Estados Unidos. O gol de mão de Ruidiaz desbancou os pentacampeões, derrubou Dunga e abriu caminho para Tite.
A rotina é inusitada para um Brasil que historicamente se acostumou a ser o primeiro aluno da classe. Para não fugir do roteiro recente, a Seleção enfrentará o Peru no sábado, na Arena Corinthians, às 16h, pela última rodada do Grupo A, sob pressão. O anfitrião dificilmente ficará fora das quartas de final, porém, atraiu um desgaste emocional desnecessário. A essa altura, não sabe se será primeiro, segundo ou terceiro da chave. A Gol, parceira aérea da CBF, está de plantão para saber se o próximo voo será com destino a Porto Alegre, Rio de Janeiro ou de volta a Salvador ; palco do frustrante empate de terça-feira por 0 x 0 com a Venezuela.
Para sorte de Tite, a Arena Corinthians é uma espécie de divã para a Seleção. Dois jogos, duas vitórias em partidas oficiais: uma na abertura da Copa 2014 contra a Croácia (3 x 1); outra no triunfo por 3 x 0 sobre o Paraguai no duelo que classificou o Brasil antecipadamente para a Copa da Rússia. O estádio localizado na Zona Leste de São Paulo também colocou o país nas quartas de final dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, contra a Colômbia, na arrancada rumo à conquista da inédita medalha de ouro. O treinador do time sub-23 era Rogério Micale, mas o comandante da principal esteve lá e ouviu dos corintianos: ;Olê, olê, olê, Tite, Tite;.
Era Tite
Na era Tite, o Brasil se deu bem nos sorteios. Escapou do grupo mais forte na Copa 2018 (Suíça, Costa Rica e Sérvia) e nesta Copa América (Bolívia, Venezuela e Peru). Nem assim, a Seleção se impôs. Empatou com a Suíça, sofreu para derrotar a Costa Rica e a Sérvia, na Rússia, e não pode se dar ao luxo de relaxar no sábado contra o Peru.
;O atleta não é insensível. Volto a dizer que temos de saber trabalhar em cima da adversidade. Eu falava (contra a Venezuela) para continuar tocando (a bola) até encontrar a melhor opção de passe porque esse é nosso jeito de jogar. Não adianta querer fazer de outra forma, porque não é o nosso modelo. As características dos atletas são de triangulação, são impetuosas;, argumentou Tite após o tropeço contra a Venezuela.
Os treinos para o duelo de sábado começarão hoje à tarde no Centro de Treinamento do São Paulo com alguns pontos de interrogação. O meia Everton merece ser titular. Maestro da vitória sobre a Bolívia na estreia, Philippe Coutinho não manteve o brilho diante da Venezuela. Clamor nacional para assumir o lugar de Gabriel Jesus desde a Copa, Firmino ainda não correspondeu. Sucesso nos amistosos pós-Mundial, Richarlison não desencantou na Copa América. ;A tendência é de crescimento, cobrem de mim lá na frente;, promete Tite.
Agonia do Brasil na fase de grupos
Copa 2014
7 pontos de 9 possíveis
Brasil 3 x 1 Croácia
Brasil 0 x 0 México
Camarões 1 x 4 Brasil
; Classificado na última rodada
Copa América 2015
6 pontos de 9 possíveis
Brasil 2 x 1 Peru
Brasil 0 x 1 Colômbia
Brasil 2 x 1 Venezuela
; Classificado na última rodada
Copa América 2016
4 pontos de 9 possíveis
Brasil 0 x 0 Equador
Brasil 7 x 1 Haiti
Brasil 0 x 1 Peru
; Eliminado na última rodada
Jogos Olímpicos Rio-2016
5 pontos de 9 possíveis
Brasil 0 x 0 África do Sul
Brasil 0 x 0 Iraque
Dinamarca 0 x 4 Brasil
; Classificado na última rodada
Copa 2018
7 pontos de 9 possíveis
Brasil 1 x 1 Suíça
Brasil 2 x 0 Costa Rica
Sérvia 0 x 2 Brasil
; Classificado na última rodada
Copa América 2019
Brasil 3 x 0 Bolívia
Brasil 0 x 0 Venezuela
Peru x Brasil
; Não deixará de se classificar, mas não sabe se em primeiro, segundo ou até terceiro
2013
Ano em que, pela última vez, a Seleção concluiu uma fase de grupos com nove pontos ; 100% de aproveitamento ;, no início da campanha do tetracampeonato na Copa das Confederações