postado em 26/06/2019 04:16
Paris (França) ; Uma menina que deixa Alagoas aos 14 anos e se torna seis vezes a melhor jogadora de futebol do mundo abre naturalmente portas para outras mulheres tanto nos gramados quanto fora deles. Marta, no entanto, não parou por aí. Na quinta Copa do Mundo da carreira, a camisa 10 brasileira aproveitou o protagonismo em campo para decretar de vez o posicionamento a favor da luta pela igualdade de gênero.
Após ficar fora da estreia da Seleção Brasileira no Mundial, diante da Jamaica, Marta foi a campo no segundo jogo, atraindo a maior parte das atenções do confronto. Diante da Austrália, marcou o gol de pênalti que, além de abrir 2 x 0 contra o algoz do Brasil na Copa do Mundo de 2015, a igualou ao alemão Miroslav Klose como maior artilheira da história das Copas do Mundo. Com os holofotes do mundo inteiro voltados para ela, a craque brasileira comemorou a façanha apontando para a chuteira com o símbolo da igualdade.
Inevitavelmente, Marta acrescentava ao feito histórico no futebol a pauta da desigualdade entre os valores pagos às mulheres em relação aos homens no esporte. A atual melhor do mundo pela Fifa chegou ao Mundial da França sem patrocínios na chuteira, onde é comum aparecer marcas esportivas, pois se recusou a aceitar um valor que fosse menor ao dado pelas mesmas marcas a atletas masculinos.
Visibilidade
Naquele 13 de junho, a camisa 10 brasileira foi a campo com uma chuteira toda preta e apenas o símbolo formado por dois traços que vão do rosa ao azul em degradê, que integra a campanha Go Equal. Aos 33 anos, Marta e todo o elenco brasileiro sabiam que esta era uma Copa do Mundo especial pela divulgação e visibilidade atingidas. O duelo França e Brasil registrou a maior audiência da história do Mundial feminino, com mais de 30 milhões de espectadores. Antes, a final de 2015 em que os Estados Unidos ganharam do Japão ostentava o recorde, com 25,6 milhões de pessoas.
;São oportunidades que a gente precisa agarrar com unhas e dentes;, ressaltou Marta, ao ser questionada sobre o engajamento nesta Copa do Mundo. ;Eu sempre defendi muito a igualdade em todas as minhas falas, desde o momento em que eu decidi praticar esse esporte;, disse a atacante. Ainda que tenha dado essa declaração, o empenho dela pela causa se mostrou enfático agora.
Destaque do dia
Van den Sande
A imagem que marcou o último jogo das oitavas de final da Copa do Mundo entre Holanda e Japão foi o abraço entre as companheiras de Lyon. Van den Sande, da equipe holandesa, consolou a capitã da seleção japonesa, Saki Kumagai, após o fim da partida vencida pelo time europeu. Kumagai saiu arrasada por ter influenciado diretamente o resultado da partida, decidida em um pênalti após a bola bater na mão dela. A cobrança foi revertida com sucesso por Lieke Marten, eleita melhor jogadora do confronto. A vitória holandesa nas oitavas de final desclassificou o Japão, campeão da Copa do Mundo em 2011.