postado em 27/06/2019 04:26
São Paulo ; Eles estavam separados, ontem, por uma distância de 4,8km. Enquanto uma legião de ex-jogadores de Reinaldo Rueda trabalhava com a Colômbia, no Pacaembu, o treinador vira-casaca armava o atual bicampeão Chile no Centro de Treinamento do São Paulo, na Barra Funda, para a batalha de amanhã na Arena Corinthians, às 20h, pelas quartas de final da Copa América. Vencerá quem tiver detalhes privilegiados sobre o adversário.
Nascido em Cali, Reinaldo Rueda tem história na Colômbia. Foi o mentor da melhor campanha do país na história do Mundial Sub-20. Sob o comando dele, a seleção alcançou o terceiro lugar em 2003, nos Emirados Árabes Unidos. Só não disputou o título contra o campeão Brasil porque um gol de pênalti marcado pelo ainda promissor Andrés Iniesta ; a quatro minutos do fim do tempo normal ; o impediu.
A campanha brilhante deu a Rueda a chance de comandar a seleção principal na Copa América 2004. O treinador de 62 anos tinha 47 na época. A responsabilidade de defender o título conquistado três anos antes de forma invicta e sem sofrer gol sob o comando de Francisco Maturana pesou. A Colômbia caiu nas semifinais contra a Argentina por 3 x 0. Rueda resistiu. Havia herdado o elenco na lanterna das Eliminatórias para a Copa-2006. O time terminou em sexto lugar, ficou fora do Mundial da Alemanha e o ciclo chegou ao fim.
Na época, Rueda contou que o maior orgulho da passagem pela seleção foi a organização das divisões de base. ;O legado mais importante é a qualidade dos jogadores que surgiram depois, o trabalho que deixamos para o futuro e a formação humana dos nossos jogadores;, disse.
Rueda era o responsável por todas as seleções. Eduardo Lara liderava a Sub-20. A fábrica de talentos colocou na praça pelo menos três jogadores convocados pelo português Carlos Queiroz para esta Copa América: o centroavante Radamel Falcao, o zagueiro Cristian Zapata e o goleiro titular David Ospina. Enquanto as promessas se consolidavam na seleção principal, Reinaldo Rueda se aprimorava na Alemanha e realizava o que não havia conseguido com a Colômbia. Classificou Honduras para a Copa-2010 e colocou o Equador no Mundial-2014.
A volta por cima ao futebol colombiano começaria em 2015, com seis títulos em dois anos. Entre eles, a Copa Libertadores da América em 2016. Três jogadores da Colômbia integravam o elenco do Atlético Nacional, sob comando de Rueda: o goleiro reserva Camilo Vargas (campeão apenas do Torneio Finalización em 2015); o volante Mateus Uribe e o zagueiro Dávinson Sánchez.
O beque do Tottenham, da Inglaterra, conhece muito bem Reinaldo Rueda. Esteve cotado para jogar no Flamengo quando o treinador comandou o clube carioca. Provavelmente, será o responsável por passar detalhes a Carlos Queiroz. ;O Chile não é forte somente no ataque. Uma das fortalezas está no meio de campo, como maneja as partidas. Não podemos nos atentar apenas para o ataque deles;, advertiu Sánchez.
O volante Gustavo Cuéllar é outro inimigo íntimo de Rueda. Na passagem pelo Flamengo, o técnico barrou Márcio Araújo e promoveu o colombiano a titular. Ele não saiu mais. Além de virar intocável no time rubro-negro, ganhou moral na seleção. No último domingo, foi o autor do gol da vitória por 1 x 0 sobre o Paraguai.