postado em 06/07/2019 04:21
São Paulo ; A Argentina disputará o prêmio de consolação da Copa América contra o Chile, às 16h, na Arena Corinthians, com sentimento idêntico ao do Brasil no polêmico desfecho do Mundial de 1978. Há 41 anos, o treinador Cláudio Coutinho deixava Buenos Aires proclamando a Seleção ;campeã moral; do torneio da Fifa, depois da estranha goleada dos donos da casa sobre o Peru, por 6 x 0, na última rodada do quadrangular semifinal. O resultado deu aos anfitriões o primeiro lugar do Grupo 2 no saldo de gols (8 x 5) e a vaga para a decisão contra a Holanda. Ao arquirrival verde-amarelo, coube disputar o terceiro lugar com a Itália ; vitória de virada por 2 x 1, com direito a golaço de Nelinho no Monumental de Núñez.
O vilão do Brasil na trama de 1978 teria sido o goleiro Ramon Quiroga, um argentino naturalizado peruano acusado de facilitar a vida dos donos da casa em plena ditadura militar. Na Copa América, a Argentina aponta o dedo para a arbitragem da derrota de terça-feira, por 2 x 0, no Mineirão, em Belo Horizonte, pela semifinal. Lionel Scaloni só faltou copiar e colar o discurso de Cláudio Coutinho na sessão desabafo da entrevista antes do duelo com o Chile.
Em vez de falar da seleção carrasca do bi vice nas últimas duas finais da Copa América, Scaloni disparou: ;O nosso lugar era na final. Estava vindo de carro para cá (Arena Corinthians) e comentei que, em algumas derrotas, o sentimento de perda passa rápido. Está sendo diferente depois de terça-feira. A cada dia que passa, aumenta o sentimento de que nos tiraram algo grande. Nosso lugar era na final;, repetiu em tom de cobrança o comandante da Argentina. Mais um desabafo depois da crítica de Messi e até de uma carta enviada pela AFA à Conmebol. O rancor aumenta por outro motivo: a Argentina jamais disputou terceiro lugar no atual formato da competição (de 1993 para cá).
A indignação do treinador é com a não utilização do Árbitro de Vídeo (VAR) em dois lances que poderiam ter mudado a história do duelo com o Brasil. Os supostos pênaltis cometidos por Arthur e Daniel Alves. ;Nós fomos superiores contra o Brasil, 70 mil pessoas e mais quatro, seis, sei lá, oito árbitros;, detonou Scaloni.
Doloridos
As perguntas mudavam na sala de conferências da Arena Corinthians, mas Scaloni voltava ao ponto. Foi assim ao responder sobre a motivação de Lionel Messi para o duelo contra o Chile. ;Estamos doloridos, prejudicados, acreditamos que tínhamos (o jogo) na mão, tivemos os méritos em campo para chegar à final. O tema do VAR e da arbitragem, detalhes que aconteceram no jogo impediram. Quanto mais frio, mais conta a gente se dá que algo aconteceu. Mas temos que virar a página e pensar no que vem pela frente;, ponderou.
Scaloni sorriu apenas uma vez, ao dizer ao povo argentino que fica no cargo até 30 de dezembro após uma conversa com o presidente da AFA, Claudio Tapia. Sem modéstia, avaliou que, agora, se considera treinador após o desempenho na Copa América. O time para a decisão do terceiro lugar não contará com Acuña e Lautaro Martínez, suspensos. Lo Celso e Dybala herdam as posições, respectivamente. Messi formará o ataque com Agüero e Dybala.
Alheio à amargura do colega de profissão, o técnico do Chile, Reinaldo Rueda, admitiu que o adversário foi superior ao Brasil na semifinal. ;A Argentina teve mais posse de bola. Atacou, atacou, atacou como a França na final da Eurocopa (2016) contra Portugal; ou o Chile contra o Peru, mas o Brasil foi eficaz no contra-ataque, contundente. Quanto ao VAR, às vezes, tira um pouco da espontaneidade do jogo. Porém, isso é decorrente da tecnologia. O uso é irreversível para o futebol. Tudo o que falarmos sobre polêmicas só vai gerar mais conflitos;.
;A cada dia que passa, aumenta o sentimento de que nos tiraram algo grande. Nosso lugar era na final. Fomos superiores contra o Brasil, 70 mil pessoas e mais quatro, seis, oito árbitros;
Lionel Scaloni, treinador da Argentina
68 gols
Marca de Messi com a camisa da Argentina. O maior artilheiro da história da seleção jogará na Arena Corinthians pela terceira vez: não marcou contra Suíça e Holanda na Copa-2014
Alex Sandro na lateral
Em preparação para disputar a final da Copa América, a Seleção Brasileira treinou, ontem, na Granja Comary. Ainda sem o titular Filipe Luis em plenas condições, o técnico Tite ensaiou o time para enfrentar o Peru com Alex Sandro na lateral esquerda, assim como ocorreu contra a Argentina. O confronto com os peruanos está marcado para amanhã, às 17h, no Estádio do Maracanã. Hoje, Tite comanda o último treinamento antes da decisão e Filipe Luis terá mais uma chance de testar a forma física.