postado em 14/07/2019 04:27
A braçadeira da Seleção é seletiva. Fissurada por jogadores de uma posição específica: a lateral direita. Capitão do tri no Mundial de 1970, Carlos Alberto Torres era o dono daquele pedaço do campo. Xerife do penta em 2002, Cafu mandava no cantinho na conquista da Copa América 1999. Daniel Alves da Silva manteve a tradição na semana passada com dois diferenciais em relação aos antecessores: ergueu o troféu do nono título continental no Maracanã depois da vitória por 3 x 1 sobre o Peru ; e com direito a melhor jogador do torneio. Na entrevista a seguir, o dono da camisa 13 fala sobre o 40; título na carreira. Nenhum jogador de futebol coleciona mais glórias do que o baiano de Juazeiro. O Rei Pelé soma 37. Mawell, Giggs, Iniesta e Piqué, 35. O fominha Messi soma 34; Vitor Baía, 33; e Xavi e Ibrahimovic, 32 cada. A coleção de glórias é invejável, mas Daniel Alves não idolatra as conquistas coletivas e muito menos, as individuais. Na entrevista a seguir ao Correio, minimiza o fato de ter sido eleito o melhor jogador da Copa América. Desempregado após deixar o PSG, planeja um passo de cada vez. O primeiro, em curto prazo, a escolha do novo time para a temporada 2019/2020. Em longo prazo, a disputa da Copa do Catar. Se chegar à final no mundo árabe, Daniel Alves terá 39 anos e seis meses na decisão marcada para 18 de dezembro de 2022.
O italiano Dino Zoff egueu a Copa do Mundo aos 40 anos em 1982. Você terá 39 anos e seis meses no Catar. Podemos vê-lo erguendo o hexa em 18 de dezembro de 2022?
A Copa do Catar é uma realidade. Se eu vou estar lá, eu não sei (risos), mas que a Copa vai existir, vai (risos), isso é uma realidade. Falando um pouco mais sério, acredito que, para eu chegar a esse momento tão especial, preciso construir. Tenho esse objetivo, mas sei que tenho que buscá-lo, dar bons passos até lá para estar em alto nível, competir. É um sonho que eu tenho e farei tudo o que estiver ao meu alcance.
Qual é a fórmula da sua longevidade?
Não estou correndo mais do que os jogadores de 20 anos, mas estou pensando mais do que eles, isso é totalmente diferente (risos).
Você é o jogador com mais títulos na história do futebol. São 40 conquistas em 19 temporadas como profissional. Dá mais de uma taça por ano. Qual é o impacto da Copa América 2019 na sua coleção?
A diferença desse título para os outros é que foi no Maracanã, em casa, com nosso povo, nossa família. Isso faz com que seja um pouco mais especial. Quando você conhece todo o trabalho que está sendo feito por trás da conquista, joga aliviado das preocupações. Fazer isso em casa é muito especial.
Ganhou a Copa América em 2007, a Copa das Confederações em 2009 e 2013, mas agora foi campeão usando a braçadeira. Tem diferença ser capitão e levantar a taça?
Levantar a taça primeiro ou por último dá na mesma. O mais importante é que o objetivo seja alcançado. Geralmente, as pessoas dão uma importância maior para ser o capitão, mas acredito que o capitão verdadeiro de uma equipe é sempre o seu técnico.
Na Copa da Rússia houve revezamento de capitães. Na Copa América foi você do início ao fim. Acha que deve continuar assim?
Não tenho a menor preocupação (com isso). Na Seleção há outros jogadores que exercem papel muito importante, mas não tem braçadeira para todos. O mais importante é estar na Seleção, somar com os companheiros.
É o momento mais especial da sua carreira?
Não, não creio. É um momento especial, mas tive melhores momentos na carreira. É claro que, quando bate uma certa idade, as pessoas dão você por terminado. Porém, não é o momento mais incrível da minha carreira, não.
Mas você foi eleito o craque da Copa América...
Não luto por isso. A gente pratica um esporte coletivo. Prezo pela vitória do coletivo. Os prêmios individuais são secundários quando você pratica um esporte coletivo. Para mim, são extras. Meu prêmio é voltar a jogar com a Seleção Brasileira depois de um ano longe (ficou fora da Copa da Rússia por causa de uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito ), mais até do que ser eleito o melhor jogador da Copa América.
O Tite é um dos melhores treinadores com quem você trabalhou?
É um dos melhores que eu já tive não só como ideia de futebol, mas por tirar o melhor dos atletas como gestor de pessoas. Volto a insistir, falei isso em outras ocasiões, é o mais parecido com o Pep Guardiola. É favorável ao nosso futebol que tenhamos gestores de atletas, de equipes, técnicos qualificados como o Tite.
Indignado com a arbitragem, o Messi disse que a Copa América estava armada para o Brasil ser campeão. O Tite pediu respeito. Você conhece bem o Messi dos tempos de Barcelona. Ele exagerou?
Foi o que eu falei na zona mista quando acabou a final. Eu acredito que foi um desabafo desnecessário dele. Somos profissionais qualificados, batalhamos muito, abdicamos de muita coisa por essa conquista. Insisto: não concordo com a declaração e acredito que isso é página virada. Quando você fala uma coisa que não pensou naquele momento, vê depois que não deveria ter dito. Foi falado, não concordo, vida que segue...
Você acaba de deixar o PSG. Onde vai jogar na próxima temporada?
Onde eu vou jogar no futuro, não sei, mas, assim que eu souber, todos serão informados. Eu não gosto muito de esconder o jogo, mas agora só posso dizer que não tenho nada concreto, nenhuma oferta, nada definido sobre onde eu posso jogar. Só sei que tem que ser um time que vai aspirar conquistas.
Neymar ainda não se apresentou ao PSG. Ele merece um puxão de orelha?
O que as pessoas mais gostam é de dar puxão de orelha no Neymar. Às vezes, são puxões de orelha desnecessários. As pessoas não sabem a realidade das coisas, os acordos que foram feitos entre eles. As pessoas deveriam se aprofundar na informação, nas publicações, entender o que acontece. Do contrário é toda hora puxão de orelha no Neymar, puxão de orelha no Neymar, puxão a orelha no Neymar (repete). Neymar sabe da vida dele, do que tem que fazer. As pessoas deveriam respeitar. Ele é dono da vida dele e decidirá o que é melhor para ele.
Onde pretende encerrar a carreira?
Deixei claro várias vezes que gostaria de finalizar a minha carreira no Bahia como forma de agradecimento. Se eu pudesse dar uma passada no São Paulo também, mas são coisas muito futuristas, vontades que existem. Não quer dizer nada. O importante é viver o presente, tentar construir coisas sólidas no presente para estar pronto na hora em que o futuro chegar. Adoro o Bahia, e pelo São Paulo, sempre torci. São possibilidades.
116 jogos
Tem Daniel Alves com a camisa da Seleção Brasileira, com oito gols e 20 assistências
;Não estou correndo mais do que os jogadores de 20 anos, mas estou pensando mais do que eles, isso é totalmente diferente (risos);
;Meu prêmio é voltar a jogar com a Seleção Brasileira depois de um ano longe (ficou fora da Copa da Rússia por causa de lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito ), mais até do que ser eleito o melhor jogador da Copa América;
;Neymar sabe da vida dele, do que tem que fazer. As pessoas deveriam respeitar. Ele é dono da vida dele e decidirá o que é melhor para ele;
SENHOR DOS TROFÉUS
Bahia
1 Copa do Nordeste (2002)
Sevilla
- 2 Copas da Uefa (2005/2006 e 206/2007)
- 1 Supercopa da Uefa (2006)
- 1 Copa do Rei (2006/2007)
- 1 Supercopa da Espanha (2007)
Barcelona
- 3 Liga dos Campeões (2008/2009, 2011/2012, 2014/2015 e 2015/2016)
- 3 Mundial de Clubes (2009, 2011 e 2015)
- 3 Supercopa da Uefa (2009, 2011 e 2015)
- 4 Copa do Rei (2008/2009, 2011/2012, 2014/2015 e 2015/2016)
- 6 Campeonato Espanhol (2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2012/2013, 2014/2015 e 2015/2016)
- 4 Supercopa da Espanha (2009, 2010, 2011 e 2013)
Juventus
- 1 Campeonato Italiano (2016/2017)
- 1 Copa da Itália (2016/2017)
Paris Saint-Germain
- 2 Campeonato Francês (2017/2018 e 2018/2019)
- 1 Copa da França (2017/2018)
- 1 Copa da Liga Francesa (2017/2018)
- 1 Supercopa da França (2017)
Seleção Brasileira
- 2 Copa América (2007 e 2019)
- 2 Copa das Confederações (2009 e 2013)