postado em 27/07/2019 04:07
Anunciada pela CBF nesta semana como nova treinadora da Seleção Brasileira feminina de futebol, a sueca Pia Sundhage, 59 anos, revelou algumas decisões importantes em entrevista exclusiva ao Correio. A primeira delas é praticamente uma obsessão: aprender a língua portuguesa. Além de mostrar respeito pela cultura do país, ela justifica que é quase impossível liderar uma equipe nacional sem falar o idioma local. Pia também conta que pretende aplicar no time do Brasil os métodos dos vitoriosos trabalhos à frente dos Estados Unidos e da Suécia. Atenciosa, objetiva, direta nas respostas, movida a desafios e motivada para estabelecer endereço no Rio de Janeiro em duas semanas, Pia Sundhage se revela competitiva ao extremo. Esteve no pódio das últimas quatro Olimpíadas em primeiro ou segundo lugar. Foi olheira de April Heinrichs no ouro dos Estados Unidos contra o Brasil em Atenas-2004; técnica da seleção norte-americana nas conquistas olímpicas de Pequim-2008 e Londres-2012; e prata nos Jogos do Rio-2016 pela Suécia. Perdeu a final contra a Alemanha no Maracanã, por 2 x 1. O currículo tem ainda um vice-campeonato na Copa do Mundo 2011 e o título de melhor treinadora do mundo em 2012. Como não deixa pergunta sem resposta, Pia fala também sobre a união de forças com a rainha Marta, eleita seis vezes número 1 do mundo.
Quando você recebeu o convite para assumir a Seleção Brasileira? O que foi determinante para topar o desafio?
Recebi o convite no início desta semana. Resolvemos o contrato facilmente. O fator determinante é o Brasil, país do futebol. Eu adoro a técnica do jogador brasileiro. Se eu conseguir aplicar a mentalidade vencedora dos Estados Unidos e a organização defensiva da Suécia, nós podemos fazer um grande trabalho.
O que significa para você ser a primeira treinadora estrangeira da Seleção Brasileira feminina?
Um orgulho muito grande. É a segunda vez que isso acontece comigo. Foi assim também quando assumi os Estados Unidos. Eu sinto a responsabilidade de manter o estilo brasileiro de jogar futebol e dar continuidade ao trabalho adicionando o meu estilo sueco.
Você foi treinadora dos Estados Unidos, da Suécia principal e sub-17, além de assistente da China. Comandar a Seleção Brasileira é o maior desafio da sua carreira?
Eu vivo o aqui e agora. Então, sim, esse é o meu maior desafio. Muito semelhante com 2008, quando assumi os Estados Unidos. Mas há duas diferenças: primeiro, os Estados Unidos sempre foram uma seleção vencedora; o segundo ponto é a comunicação. Se eu quiser transmitir as minhas ideias, preciso aprender a língua portuguesa. Mostrar respeito para merecer respeito. Palavras são importantes no relacionamento entre treinadora e jogadoras.
Você está procurando um curso de língua portuguesa?
Sim, estou ansiosa para aprender português.
A Seleção Brasileira tem agora a melhor treinadora do mundo de 2012 e Marta, a jogadora eleita seis vezes destaque da Fifa. O que esperar dessa combinação quase perfeita?
Uma equipe coesa. Essa é a minha meta, o meu objetivo. Uma estrela precisa de um trabalho de equipe e uma equipe precisa de uma estrela.
Qual avaliação você faz do momento da Seleção. Temos uma mescla de jogadoras veteranas e jovens. O que falta para o Brasil finalmente conquistar a medalha de ouro ou a Copa do Mundo e finalmente subir de patamar?
O Brasil teve alguns bons momentos durante a Copa do Mundo da França. É uma equipe interessante. Se conseguir usar a experiência com a coragem das jogadoras mais jovens, isso elevará o desempenho, trará benefício aos dois lados e poderemos ter uma grande equipe.
Você definiu a comissão técnica? Lilie Person sempre foi seu braço direito. Ela será sua auxiliar?
Vou manter a comissão técnica em respeito ao trabalho, ao desempenho anterior. Eu terei uma assistente, mas o nome ainda não está definido.
O Brasil tem uma forte relação com a Suécia. O primeiro dos cinco títulos mundiais masculinos foi conquistado no seu país, em 1958, contra os donos da casa. Agora, uma treinadora sueca pode dar à Seleção feminina o primeiro título de impacto mundial, ou seja, a inédita medalha de ouro em Tóquio-2020?
Isso seria fantástico. Outra final olímpica seria um sonho tornado realidade (o Brasil foi prata em Atenas-2004 e Pequim-2008. Nos Jogos da China, perdeu para os Estados Unidos, comandado por Pia Sundhage).
Você admira algum treinador brasileiro? Qual inspira Pia Sundhage?
O Carlos Alberto Parreira da Copa do Mundo de 1994 (tetra) e Luiz Felipe Scolari de 2002 (penta).
Como é a sua relação com o Brasil? Já passou férias no país ou esteve apenas nos Jogos Olímpicos do Rio-2016? Imaginou algum dia morar no Rio de Janeiro, onde, há três anos, você disputou a terceira final olímpica consecutiva como treinadora?
Eu nunca passei férias no Brasil, mas vivi uma excelente experiência em 2016.
;Eu adoro a técnica do jogador brasileiro. Se eu conseguir aplicar a mentalidade vencedora dos EUA e a organização defensiva da Suécia, nós podemos fazer um grande trabalho;
;Uma equipe coesa. Essa é a minha meta, o meu objetivo. Uma estrela precisa de um trabalho de equipe e uma equipe precisa de uma estrela;