Fim de expediente. A servidora pública Lais Cantuaria, 32 anos, deixa o prédio do Ministério Público Federal, no Setor de Autarquias Sul, e acelera rumo ao Park Way. O objetivo é escapar do trânsito pesado e chegar a tempo para o início da aula. Por diversas vezes, tem sido o melhor momento do dia. Trocar de roupa, tirar os sapatos, pisar a areia e dominar a bola. Soa como um retorno à infância ; uma entrada no parquinho de diversões. No entanto, o cenário é outro. Há quase um ano e meio, Lais pratica futevôlei e comemora os benefícios alcançados com a modalidade.
;Estava cansada da academia e precisava encontrar um esporte novo, mais motivador e com grande queima calórica. O futevôlei vem ajudando no meu condicionamento físico, pois tem muitos saltos e não é fácil correr na areia. Meu corpo está mudando para melhor. Vejo também como benefício a socialização que acontece. A todo tempo, estou conhecendo pessoas novas e bacanas. São muito solícitos em ajudar quem tem dificuldade;, comenta Lais, feliz em integrar o crescente grupo de mulheres nos espaços dedicados a aulas de futevôlei no Distrito Federal.
Nos últimos anos, o interesse feminino pela modalidade impulsionou a multiplicação de academias por todo o DF, ampliando investimentos e gerando empregos. No setor Park Way, próximo a Águas Claras, a Arena 61 é um exemplo recente. Inaugurado há seis meses, o empreendimento é uma sociedade entre o engenheiro civil Igor Couto, 29 anos, o bancário Thyago Espíndola, 29, e o atacante Henrique Almeida, 28, emprestado à Chapecoense pelo Grêmio. O local, que gera a própria energia elétrica a partir de 29 painéis solares instalados, conta com quatro quadras e recebe aulas de segunda a sexta-feira, nos três turnos. São três professores para atender um público de 140 alunos ; sendo 60% mulheres.
Pioneira entre as competidoras locais e criadora de um lance específico para as necessidades femininas (veja arte), Lana Miranda, que ostenta 18 títulos nacionais e 10 mundiais, tem algumas justificativas para o futevôlei ganhar prestígio entre as mulheres. ;É uma questão de empoderamento. A mulherada quer chegar à praia e tirar uma onda batendo altinha, mostrar que tem o domínio da bola. É um esporte que proporciona excelente condicionamento físico, torneando especialmente as coxas, os quadris e o abdômen;, explica.
Segundo a melhor jogadora da história formada na capital do país, é evidente a ampliação dos espaços dedicados ao futevôlei no DF. Quando iniciou a carreira, apenas alguns poucos clubes na orla do Lago Paranoá ofertavam o esporte. Hoje, de acordo com a atleta, mais de 20 pontos, entre lotes comerciais e quadras em parques ecológicos urbanos, oferecem aulas da modalidade.
Proprietário da academia ClubeCoat, no Setor de Clubes Sul, Fabrício Carone é um dos pioneiros do segmento. Praticante apaixonado pelo futevôlei e patrocinador de alguns atletas da capital, ele percebeu o crescimento do interesse pelo esporte em Brasília e levou as quadras de areia para um ambiente antes dominado pelos aparelhos de musculação e aulas de ginástica. ;Entre outros motivos, o futevôlei seduz os praticantes por ser uma modalidade ao ar livre, na qual é possível pegar um bronzeado durante os exercícios. Eu e meu sócio percebemos que as aulas nos clubes estavam lotadas e instalamos uma quadra na academia. Não foi suficiente e acrescentamos mais uma;, conta o empresário, que recebe média de 25 alunos em cada aula de futevôlei ; sendo 40% mulheres.