postado em 21/09/2019 04:15
A judoca Rafaela Silva, de 27 anos, foi reprovada no exame antidoping ao qual foi submetida em 9 de agosto, durante a disputa dos Jogos Pan-Americanos de Lima, onde conquistou a medalha de ouro em sua categoria da modalidade. O teste detectou que ela havia consumido fenoterol, substância presente em medicamentos contra a asma e capaz de melhorar o desempenho de um atleta.
Segundo a judoca, em 4 de agosto ela teve contato com um bebê de sete meses que usa produtos contra a asma, e daí foi contaminada. ;Tenho o hábito de permitir que as crianças mordam meu nariz. Faço isso sempre, por exemplo, com meu sobrinho, o Silvestre, de quatro meses, e nesse dia (4 de agosto) fui ao apartamento em que mora uma colega judoca e tive contato com a Lara, filha dela, que usa o produto contra asma;, narrou Rafaela, durante entrevista coletiva concedida ontem, no Rio.
Vinte dias após esse antidoping, Rafaela se submeteu a outro exame idêntico, no âmbito do Mundial de Judô, quando foi medalha de bronze. Esse antidoping não identificou mais a substância proibida. ;O fenoterol é eliminado do corpo com muita rapidez, e isso pode ajudar na defesa da Rafaela;, afirmou L. C. Cameron, chefe do departamento de Genética e Biologia Molecular da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), que também participou da coletiva.
Segundo o advogado Bichara Neto, que defende Rafaela perante as cortes internacionais neste caso e também participou da entrevista coletiva, a audiência preliminar no âmbito dos Jogos Pan-Americanos ocorreu na última quinta-feira, e uma primeira decisão em relação à atleta deve ser emitida na próxima semana. No entanto, Rafaela não será suspensa ; pode, no máximo, perder a medalha pan-americana.
Depois dessa decisão é que o caso será encaminhado à Federação Internacional de Judô (IFJ, na sigla em inglês), que então analisará o caso, com poder para suspender Rafaela. ;O processo ainda não foi aberto, nenhum prazo está correndo, então não há nenhuma previsão de quando haverá qualquer decisão da Federação;, disse Bichara Neto.
Ele será responsável por explicar à entidade que Rafaela não quis se dopar nem agiu de forma irresponsável. ;Em teoria, pode haver suspensão de até dois anos, mas estou confiante de que ela ficará livre de qualquer pena;, afirmou.
;Nenhum atleta está preparado para viver um momento desses, mas vou continuar treinando e competindo normalmente. Nunca me dopei, não uso drogas nem bebida alcoólica, e o contato com a substância foi totalmente involuntário;, disse a judoca.
Rafaela Silva ganhou no início de agosto a medalha de ouro no Pan de Lima, no Peru, e no fim do mesmo mês faturou o bronze ; tanto em sua categoria ao vencer a francesa Sarah-Léonie Cysique como nas equipes mistas ; no Mundial do Japão.
A atleta participou de duas edições dos Jogos Olímpicos. No Rio-2016, ela foi ouro e está cotada para repetir a conquista no próximo ano, no Japão. No momento, a brasileira está em quarto lugar no ranking mundial da categoria e é um dos principais nomes do país na modalidade.
;Tenho o hábito de permitir que as crianças mordam meu nariz. Faço isso sempre, por exemplo, com meu sobrinho, o Silvestre, de quatro meses, e nesse dia (4 de agosto) fui ao apartamento em que mora uma colega judoca e tive contato com a Lara, filha dela, que usa o produto contra asma;
Rafael Silva, judoca