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O segundo turno em 79 dias

Maratona pelo título recomeça hoje com 34 dias a menos que a primeira metade. Em entrevista ao Correio, o preparador físico do tetra aponta os perrengues do calendário apertado. Datas Fifa aumentam o drama

postado em 21/09/2019 04:16
Artilheiro isolado da Série A com 16 gols, Gabigol desfalcará o Flamengo em dois jogos no  mês que vem por causa da Seleção




O segundo turno do Campeonato Brasileiro começa hoje com os mesmos dramas dos áureos tempos do São Paulo de Telê Santana no início dos anos 1990: calendário extenuante. A segunda metade do Nacional deste ano terá 34 dias a menos do que a primeira. De 24 de abril a 15 de setembro, foram 113 dias de competição, descontando a pausa para a Copa América. De hoje a 8 de dezembro, os clubes da Série A terão 79 dias para disputar mais 19 rodadas. Sete delas no meio de semana! Como se não bastasse o aperto na folhinha, convocações por atacado como as de ontem das seleções principal, pré-olímpica e sub-17 abalam grandes e pequenos elencos da Série A.

A bagunça no calendário perpassa décadas e tem testemunhas oculares da história. Aos 68 anos, Moraci Sant;Anna, preparador físico da Seleção Brasileira na conquista do tetracampeonato na Copa de 1994, e do São Paulo do início da década de 1990, lembra em entrevista ao Correio o episódio em que avisou a Telê Santana para abrir mão de uma das três competições que o tricolor disputava no segundo semestre de 1992.

;Fizemos os testes de potência anaeróbia nos jogadores e o resultado deu muito abaixo. Achamos até que estava errado, mas fizemos outra vez e o resultado deu o mesmo. Então, convencemos o Telê de que tínhamos de abdicar de uma competição pelo risco de não aguentar;, conta Moraci. Entre o Campeonato Paulista, a Supercopa dos Campeões e a Copa Intercontinental ; depois substituída pelo Mundial de Clubes ;, a opção foi colocar a equipe reserva mesclada com jogadores do sub-20 no confronto das quartas de final do torneio continental.

Apesar da derrota em casa para o Olimpia no primeiro jogo, por 2 x 1, o São Paulo fez gol. Na volta, derrota por 1 x 0 no Defensores del Chaco. ;A garotada queria mostrar serviço, e o Telê olhava para mim preocupado. Sofremos um gol de falta e nos olhamos aliviados;, conta Moraci, aos risos. ;Como pode comemorar derrota?;, ironiza.

A recompensa veio depois. Vitória sobre o Palmeiras no primeiro jogo do Paulista, viagem para Tóquio, no Japão, para jogar a Copa Intercontinental contra o Barcelona, e retorno ao Brasil com o título mundial nas mãos para voltar a enfrentar o arquirrival pelo estadual. ;Valeu a pena;, diverte-se.

Em 2013, como preparador físico do Athletico-PR, Moracir viveu outro caso emblemático. O presidente Mario Celso Petraglia não quis colocar a equipe principal para disputar o campeonato estadual com o objetivo de se sair bem no Campeonato Brasileiro daquele ano. O clube havia acabado de subir para a elite.

;O início foi difícil. Tínhamos jogadores sem experiência de Série A e não fizemos muitos amistosos, mas fomos muito bem nas competições daquele ano por causa da falta de desgaste do início da temporada;, acredita . A equipe terminou como terceira colocada do Brasileiro, se classificando para a Libertadores, e chegou à final da Copa do Brasil contra o Flamengo, após ter eliminado Grêmio e Palmeiras no caminho.

Preparador físico do Brasil nas Copas de 1982, 1986, 1994 e 2006, Moraci avalia que os clubes com elencos mais qualificados devem sofrer menos na maratona do segundo turno. ;A vantagem não é em relação ao maior elenco, mas sim ao mais qualificado, que tiver dois jogadores com mais ou menos o mesmo nível para a equipe não perder técnica nem taticamente quando precisar substituir os titulares;, aponta.

O drama é que Flamengo, Corinthians, Atlético-MG e Grêmio estão envolvidos em competições continentais. Além da sobrecarga física, há a entrega e a pressão das partidas. ;A tensão é um componente que aumenta o desgaste dos atletas. Por tudo isso, o risco de lesão aumenta;, crava Moraci.

Vilãs

Como se não bastasse o calendário achatado do segundo turno, as datas Fifa e a overdose de convocações para as seleções principal, pré-olímpica e sub-17 podem desequilibrar o Brasileirão. A listra tríplice apresentada ontem arrancará jogadores de 11 dos 20 clubes da Série A para os amistosos de outubro. O Flamengo, por exemplo, ficará sem Gabriel Barbosa, artilheiro isolado da Série A com 16 gols no primeiro turno. Gabigol defenderá a seleção contra Senegal e Nigéria, em Singapura, com fuso horário de 11 horas à frente do Brasil.

Para driblar as cobranças da imprensa pelas baixas para os clubes brasileiros, Tite lembrou que havia tentado minimizar o prejuízo para as equipes nos amistosos contra Colômbia e Peru, nos Estados Unidos, em stembro. ;Existe outro lado da questão, que é a convocação da Seleção Brasileira, que tem que entregar desempenho e resultado;, argumentou ontem, em entrevista coletiva na sede da CBF, no Rio. Nos amistosos anteriores, o treinador chamou seis atletas que atuam no país, evitando nomes que estavam na Copa do Brasil e na Libertadores.

Tite ainda alfinetou os presidentes dos times. ;O calendário não é da CBF. É dos clubes também;,encerrou o comandante da Seleção Brasileira.


Quem seu time vai ceder à Seleção


Amistosos: Senegal (10/10) e Nigéria (13/10), 24; e 25; rodadas da Série A
Onde: Singapura


Goleiros

Ederson (Manchester City)
Santos (Athletico-PR)
Weverton (Palmeiras)

Laterais
Daniel Alves (São Paulo)
Danilo (Juventus)
Alex Sandro (Juventus)
Renan Lodi (Atlético de Madrid)

Zagueiros

Éder Militão (São Paulo)
Marquinhos (PSG)
Rodrigo Caio (Flamengo)
Thaigo Silva (PSG)

Volantes
Arthur (Barcelona)
Casemiro (Real Madrid)
Fabinho (Liverpool)
Matheus Henrique (Grêmio)

Meias

Lucas Paquetá (Milan)
Philippe Coutinho (Bayern Munique)

Atacantes
Éverton (Grêmio)
Roberto Firmino (Liverpool)
Gabriel Barbosa (Flamengo)
Neymar (PSG)
Richarlison (Everton)
Gabriel Jesus (Manchester City)


HOJE EM CARTAZ

Na 20; rodada

11h
Sinopse
O Glorioso vem de empate contra o Ceará. O tricolor paulista tenta fugir da crise: não vence há quatro partidas.

Onde assistir à sessão
Pay-per-view

Botafogo

Gatito Fernández; Fernando, Carli, Gabriel e Gílson; Cícero; Marcinho, João Paulo, Alex Santana e Luiz Fernando; Vinicius Tanque.
Técnico: Eduardo Barroca

São Paulo
Tiago Volpi; Daniel Alves, Bruno Alves, Arboleda e Reinaldo; Tchê Tchê; Antony, Hernanes, Liziero e Éverton; Pablo
Técnico: Cuca

17h

Sinopse
Em jejum há dois jogos no Brasileirão, o time celeste encara o líder embalado por seis vitórias consecutivas.

Onde assistir à sessão
Pay-per-view

Cruzeiro

Fábio; Orejuela, Dedé, Fabrício Bruno e Rafael Santos; Henrique e Éderson; Pedro Rocha, Thiago Neves e Pedro Rocha; Fred
Técnico: Rogério Ceni

Flamengo

Diego Alves; Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís; Piris da Mota; Gérson, William Arão e De Arrascaeta; Bruno Henrique e Gabriel Barbosa
Técnico: Jorge Jesus

19h

Sinopse
Corinthians sob pressão em casa pela série de três partidas sem vencer. O rival venceu três dos últimos quatro.

Onde assistir à sessão
Pay-per-view

Corinthians
Cássio; Fágner, Bruno Mendez, Gil e Carlos Augusto; Gabriel; Pedrinho, Matheus Jesus, Mateus Vital e Clayson; Vágner Love
Técnico: Fábio Carille

Bahia

Douglas; Nino Paraíba, Lucas Fonseca, Juninho e Moisés; Gregore; Artur, Flávio, Ronaldo e Élber; Gilberto
Técnico: Roger Machado

21h

Sinopse
O Peixe tenta a recuperação depois da derrota para o Flamengo. O tricolor está invicto há cinco partidas.

Onde assistir à sessão
Pay-per-view

Santos
Éverson; Lucas Veríssimo, Aguilar, Gustavo Henrique e Jorge; Alisson; Marinho, Carlos Sánchez, Evandro e Soteldo; Eduardo Sasha
Técnico: Jorge Sampaoli

Grêmio
Paulo Victor, Rafael Galhardo, David Braz, Kannemann e Cortez; Maicon e Matheus Henrique; Alisson, Jean Pyerre e Éverton; Diego Tardelli
Técnico: Renato Gaúcho


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