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"O Mundial foi impactante"

Estrela do Corinthians na final do Brasileirão afirma ao Correio que o futebol feminino mudou de patamar no país depois da Copa. Decisão contra a Ferroviária começa hoje

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 22/09/2019 04:06

Uma das melhores jogadoras do Campeonato Brasileiro, Tamires é peça decisiva no Corinthians, que chega como favorito à decisão do Brasileirão Feminino A1 contra a Ferroviária. A decisão começa hoje, às 14h, na Fonte Luminosa, em Araraquara, e terminará no próximo domingo, no Parque São Jorge, em São Paulo. Em entrevista ao Correio, a lateral-esquerda da Seleção Brasileira fala sobre a segurança de atuar como meia aberta no Timão, avalia a versatilidade de posições como importante ; principalmente nas Olimpíadas ; e aprova a escolha da sede do clube paulistano como palco da final do Brasileirão feminino. Aos 31 anos, Tamires foi um dos grandes reforços do Corinthians para a temporada 2019. A jogadora foi anunciada após protagonizar lances emblemáticos na Copa da França, como o drible por debaixo das pernas no lance do segundo gol do Brasil contra a Austrália.

Corinthians e Ferroviária se enfrentam na final do Brasileirão e na semifinal do Paulista. Como manter o foco na decisão após a vitória por 4 x 0 no primeiro jogo do estadual?
Vamos enfrentar quatro vezes a mesma equipe, mas serão quatro jogos diferentes. Depois da semifinal paulista, vamos virar a chavinha para o Brasileiro. Por ser uma final, faz toda diferença. O clima e as circunstâncias mudam, cada uma entra em campo com a cabeça diferente.

Concorda com a final no Parque São Joge?
Jogamos na Fonte Luminosa, que está com o campo perfeito para jogar futebol, com a grama muito boa. Nosso campo na Fazendinha não é diferente. Lá se tornou a nossa casa, com muita torcida fazendo a festa. Esperamos que nas finais seja dali para melhor. No Campeonato Paulista e no Brasileiro, alguns estádios realmente deixaram a desejar, o que prejudica a qualidade dos jogos. Agora, vamos jogar em campos muito bons.

Você voltou ao Corinthians depois da Copa. Como avalia o seu momento?
Estou muito feliz por voltar ao Brasil e tenho mantido o foco. Estar no Corinthians foi uma decisão muito pessoal. E, no Brasil, ajuda para as mídias estarem me acompanhando mais de perto. Quando eu estava jogando no Fortuna (clube dinamarquês em que atuava desde 2015), eu vinha ajudando e jogando bem, mas o fato de estar mais próximo do torcedor que fala a sua língua, em um momento que a mídia brasileira está mais atenta ao futebol feminino, ajuda a dar mais visibilidade.

A sua posição é lateral-esquerda, mas atua como meia no Corinthians...
Eu aprendi a jogar como meia aberta no Centro Olímpico em 2013, depois saí do Brasil e as pessoas me viam só como lateral-esquerda porque era como eu jogava na Seleção. Mas eu joguei como meia aberta no Fortuna e lá eu fazia essa triangulação com as atacantes. É importante saber jogar em outras posições. Fico feliz com a repercussão. Independentemente de ser como lateral, meia ou até volante, eu tenho que procurar fazer o meu trabalho bem.

O que acha da repercussão do Brasileirão pós-Copa do Mundo?
O Mundial foi tão impactante para tantas pessoas que foi um divisor de águas. Não dá mais para pensar no futebol feminino como era antes. Ainda não vemos falar tanto de futebol feminino, mas cresceu muito e os espaços mostram uma mudança. As pessoas estão aprendendo a ouvir sobre futebol feminino, muitas pessoas acompanham o Brasileiro, vão ao estádio, desde torcedores pequenos até idosos.

A final do Brasileirão é paulista. Como desenvolver o futebol em outros estados?
A Federação Paulista tem encarado de uma outra maneira o futebol feminino, com um departamento mais forte. É um exemplo. Eu sou mineira e fui morar em São Paulo por causa do futebol. Muitas outras atletas fortes de Minas Gerais migram para São Paulo. A mesma coisa acontece em Brasília, por não ter um campeonato estadual forte. As jogadoras ficam muito tempo sem campeonato.

Como está sendo a convivência com a técnica da Seleção Pia Sundhage?
A Pia é uma técnica com bagagem no futebol, passa o que ela quer com muita clareza. Demonstra que quer ir passo a passo. É como se ela quisesse construir uma casa, mas precisasse fazer primeiro o alicerce. Ela pretende montar um sistema defensivo sólido para o time ter uma transição ofensiva bem sólida. Mesmo com a questão da língua, ela consegue ser muito clara. Hoje, muitas atletas falam inglês, então facilita, porque nós traduzimos uma para outra. E a linguagem do futebol é universal. Ela também destaca bastante a questão de ser profissional, quer que todas estejam juntas no café, almoço e jantar para interagir. Isso é muito bacana e se reflete em campo.

É possível perceber o trabalho de renovação?
Acho importante a renovação, mas não pode ser feita de qualquer jeito, sem esquecer das outras atletas que vinham fazendo um trabalho. As experientes têm muito a contribuir na equipe, assim como a energia das mais novas.

O que se fala sobre Tóquio-2020?
Sabemos que o trabalho, hoje, é com período curto para a Olimpíada (a partir de 24 de julho de 2020). Ainda vemos as Olimpíadas de forma distante. Temos de pensar convocação por convocação e jogo após jogo. À comissão técnica, sim, cabe pensar nas Olimpíadas agora.



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