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Por que tá bombando?

Correio aponta cinco motivos para a Série A deste ano ostentar a segunda melhor média de público da história (desde 1971). As próximas 16 rodadas podem ajudar a quebrar o recorde registrado na edição de 1983

postado em 05/10/2019 04:14
Correio aponta cinco motivos para a Série A deste ano ostentar a segunda melhor média de público da história (desde 1971). As próximas 16 rodadas podem ajudar a quebrar o recorde registrado na edição de 1983


Em 1983, o Campeonato Brasileiro ostentou média de público de 22.953 torcedores ; a maior da história (desde 1971). Trinta e seis anos depois, a Série A registra 21.197 pagantes por jogo. No total, 4.663.503 ingressos foram vendidos em 220 partidas. A 23; rodada começa hoje com expectativa de crescimento constante e até quebra de recorde. Dono da maior torcida do país segundo pesquisa recente do Datafolha, o líder Flamengo disputa o título ponto a ponto com o Palmeiras, quarto colocado no ranking. Santos, Corinthians e Internacional acompanham o pelotão de elite a distância.

Para entender o sucesso de público nesta edição, o Correio separou cinco tópicos ;modernização dos estádios, qualidade do espetáculo, nível técnico, notoriedade do jogo e acessibilidade aos ingressos ; e ouviu o especialista André Monnerat, head de negócios da Feng, empresa especializada em projetos de engajamentos de torcedores.

;O aumento da média ao longo dos anos se dá exatamente por esses fatores. Ao mesmo tempo em que se tornou mais fácil a decisão de ir ao jogo, os clubes passaram a trabalhar melhor seus programas de sócios, que também foi, ao longo do tempo, entendendo melhor e tomando gosto pelo campeonato de pontos corridos", afirma Monnerat.

Evolução

A média de ocupação dos estádios no Brasileirão é de 47%. O público médio supera nesta edição o da badalada Copa União de 1987, como era chamado o torneio à época. Aquela edição teve 20.877 torcedores por jogo. Portanto, menos do que o registrado nesta temporada. A versão de 2019 é a que mais arrasta fãs aos estádios na era dos pontos corridos. Supera 2018, que registrou 20.301 pagantes.

O aumento do número de torcedores nos estádios é sólido. Cerca de 13.600 pagantes assistiram o Campeonato Brasileiro por jogo entre 2003 e 2008. Entre 2009 e 2013, 15.452. Levando em conta os últimos cinco anos, verifica-se aumento maior: 17.402 pessoas passaram a ir in loco às arenas. A seguir, o Correio detalha o sucesso em cinco tópicos.

*Estagiários sob a supervisão de Marcos Paulo Lima



Melhores médias de público da Série A
1; - Flamengo
(52,369)

2; - Corinthians
(36.072)

3; - São Paulo
(34.169)

4; - Palmeiras
(31,292)

5; - Fortaleza
(30.266)

21.197
Média de público do Brasileirão-2019 em 220 jogos: a maior da era dos pontos corridos. A contar de 1971. O recorde é 22.953, em 1983

1/ Arenas
; Por conta da Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, a modernização dos estádios brasileiros passou a ser cada vez mais comum. Beira-Rio, Arena da Baixada, Fonte Nova, Castelão, Mineirão e Maracanã, estádios que têm tradição no cenário nacional, passaram por revitalizações, se tornaram mais confortáveis e foram abraçados pelos torcedores. O Corinthians, que tradicionalmente mandava jogos no Pacaembu, passou a utilizar a Arena Corinthians, que também foi construída para a Copa.

; Outros times aproveitaram o efeito Copa e construíram arenas próprias. O Grêmio deixou o tradicional Estádio Olímpico para mandar partidas na moderna Arena do Grêmio. O Palmeiras trocou o velho Parque Antártica pelo Allianz Parque, inaugurado em 2014.

; Arenas deficitárias da Copa, como Mané Garrincha, Arena da Amazônia, das Dunas e Pantanal, passaram a receber jogos com bom público. O melhor público da Série A em 2019 foi registrado em Brasília: 65.418 pagantes na goleada do Flamengo sobre o Vasco por 4 x 1.

2/ Sócio-torcedor

; A receita dos 20 clubes da Série A com os programas, que começaram em 2000 no país, aumentaram 42% nos últimos cinco anos, gerando R$ 390 milhões. O líder é o Inter.
O Colorado soma mais de 200 mil associados. Os benefícios são diversos ao torcedor fidelizado.

; Hoje, os sócios representam um percentual muito relevante no público presente do Brasileirão. No Palmeiras, líder nacional em taxa de ocupação de seu estádio nos últimos anos, os sócios foram 51% do público do clube no Brasileirão. O segundo com mais sócios é o São Paulo. O tricolor superou 155 mil, seguido por Grêmio (151 mil) e Palmeiras (130 mil).

; ;Os programas de sócio-torcedor se consolidaram em muitos clubes nos últimos anos. Hoje, quatro dos cinco times de maior média de público (Flamengo, Corinthians, Palmeiras e Fortaleza) já têm em média os sócios representando ao menos metade dos torcedores em seus estádios;, explica ao Correio André Monnerat.

3/ Qualidade do espetáculo
; Três dos cinco times de maior torcida do país brigam pelo título. Um deles, o Flamengo, tem dando espetáculo aos próprios fãs e aos adversários. É natural que os estádios fiquem cheios. Jogadores de nível internacional como Daniel Alves, Juanfran, Gabigol e Luiz Adriano reforçaram seus times e arrebanham torcedores aos estádios. Quanto mais os clubes segurarem craques, mais a torcida vai ao estádio.

; Além do rubro-negro carioca, que é o clube com maior número de torcedores no país, o futebol apresentado por outras equipes atrai o torcedor ao estádio. O Corinthians, segundo clube com maior número de torcedores no país, ocupa o terceiro lugar na classificação e vem de duas conquistas recentes na Série A, em 2015 e em 2017.

; Os resultados dos clubes em competições paralelas também bombam o Brasileirão.
O Athletico-PR acaba de faturar a Copa do Brasil. O Flamengo alcançou as semifinais da Libertadores depois de 35 anos. O Corinthians estava nas semifinais da Sul-Americana.

4/ Importância da partida
; Dos 20 clubes do Brasileirão, pelo menos cinco ou seis entram como favoritos ao título. Hoje, o Flamengo é líder isolado com 49 pontos, apenas três à frente do vice Palmeiras. ;O Flamengo estar bem, por exemplo, é algo que sempre puxa a média pra cima ; historicamente, os anos de maiores médias gerais sempre tiveram o Flamengo campeão ou brigando lá em cima. O Corinthians também tem uma boa campanha;, avalia Monnerat.

; Outro setor da tabela que leva torcedores aos estádios é a zona da degola. O Cruzeiro encabeça o Z-4. O Fluminense luta desesperadamente para não retornar. Rebaixado três vezes em 11 anos, o Vasco se afasta cada vez mais do risco. Populares, Fortaleza e Ceará confiam na força da torcida para evitar a queda para a Série B.

; Tornar a partida mais atrativa, o ambiente mais agradável e um clima em torno da partida, é um papel importante dos clubes e da CBF. Para tentar manter a média alta de torcedores, a CBF anunciou até sorteios de dois carros por rodada no segundo turno do Brasileirão.

5/ Ingressos

; Acessibilidade atrai. Se, por um lado, o preço dos ingressos teve aumento considerável se comparado ao que era nas décadas de 1980 e 1990, a forma de obtê-los passou a ser mais prática. O conforto e os serviços oferecidos nos estádios também melhorou.

; Com a tecnologia e planos de sócio-torcedor, é possível adquirir ingressos on-line. As filas quilométricas por ingressos, tão comuns há alguns anos, são raridade. ;A venda on-line de ingressos, junto com as novas arenas, facilitou a tomada de decisão do torcedor de ir a um jogo: a percepção é que demanda menos tempo e esforço para estar lá;, analisa Monnerat.

; Torcedor do Flamengo, Raphael Felice discorda. ;Houve um cerceamento de muitas pessoas do Maracanã. Para o torcedor frequentar o estádio, ele tem que ser sócio. O ingresso custa R$ 40 e muitos torcedores não têm condição de pagar. Além do dinheiro pra comprar, tem que ser sócio-torcedor para competir por esses ingressos, principalmente quando os times estão em boa fase. Se fizer falta no fim do mês para comprar o leite ou o pão, ele não vai ao jogo. Isso precisa ser revisto;, cobra o rubro-negro.



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