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Portão para o sucesso

Na idade deles, o Rei Pelé decidia quartas de final de Copa. Como gênio é raridade, a geração 2002 do Brasil inicia hoje, no Bezerrão, a batalha pelo tetra na principal vitrine da categoria

postado em 26/10/2019 04:07
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Meninos precisam do Mundial Sub-17 para amadurecer. Gênios nascem prontos. Decidem um duelo das quartas de final da Copa, aos 17 anos, no meio de um monte de homens com idade para ser pai dele. Foi o caso de Edson Arantes do Nascimento, aniversariante da última quarta. Em 19 de junho de 1958, o adolescente chamado de rei três meses antes na visionária crônica A realeza de Pelé, de Nelson Rodrigues, fez o gol da vitória do Brasil sobre o País de Gales. Era apenas a sétima exibição do camisa 10 com a amarelinha ; a segunda na história das copas do Mundo. O resto da história você sabe. Pelé fechou a campanha do título com seis gols. Dois na finalíssima.

A fada madrinha não passa todo dia com a varinha de condão na porta da casa de uma promessa do futebol. Sonho de menino com essa idade é jogar na Europa. Prova disso é a camisa de um dos meninos que sentou-se em um dos portões de acesso ao Abadião, em Ceilândia, para assistir ao treino da Seleção nesta semana. Vestia uma camisa surrada do Barcelona. O outro trajava a do Vasco. Provavelmente, fã de Talles Magno ; o cara do time do coração dele e uma das apostas do Brasil na bertura do Mundial Sub-17 contra o Canadá, hoje, às 17h, no Bezerrão.

O torneio só aceita jogadores nascidos de 1; de janeiro de 2002 a 31 de dezembro de 2004. Parte da geração que entrará em campo no Gama sob a batuta de Guilherme Dalla Déa era bebê quando Ronaldo, o Fenômeno, fez os dois gols do penta na decisão da Copa disputada no Japão e na Coreia do Sul. A maioria nem tinha um ano em 2003, na última vez em que o país conquistou o Mundial Sub-17.

A Seleção Brasileira vive tempos sombrios em todas as categorias. A principal amarga dinastia europeia. As últimas três Copas foram vencidas por europeus: Itália (2006), Espanha (2010), Alemanha (2014) e França (2018). As últimas três edições do Mundial Sub-20 também foram conquistadas pela turma do Velho Continente ; França (2013), Sérvia (2015) e Inglaterra (2017). No Sub-17, somente Nigéria e México conseguiram frear o ímpeto europeu. Mesmo assim, a Suíça levou a taça em 2009; e a Inglaterra, em 2003.

A fase verde-amarela é surreal até na lista dos convocados. Em tempos de compras de jogadores praticamente na barriga da mãe, nenhum dos 21 convocados atua fora do país. Todos defendem clubes brasileiros, mas o estrangeirismo nos nomes e sobrenomes revela país fãs de atletas de fora. Temos Henri. Seria inspiração no carrasco francês Thierry? Patryck. Algo a ver com Vieira? Gabriel Veron. Fã do argentino Juan Sebastian?

Mais inacreditável é a presença do Brasil no Mundial. A Seleção não disputaria o torneio pela segunda edição consecutiva. Foi eliminada na fase de grupos no Sul-Americano deste ano. Nem avançou ao hexagonal final. Como o Peru perdeu o direito de receber o torneio, o Brasil virou sede e ganhou a vaga. Sorte de campeã, dirão alguns. Talvez. Em 17 edições, só um anfitrião faturou o título: o México, em 2011. Que o Brasil seja o segundo.

;O professor Tite é um dos principais técnicos do mundo, me vejo muito parecido com ele e tenho muitas variações;
Guilherme Dalla Dea, técnico da Seleção Sub-17

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