Superesportes

O dia em que Lázaro ressuscitou o Brasil

Operação caça-fantasmas no segundo tempo decreta virada heroica sobre a França depois de estar perdendo por 2 x 0. Seleção despacha velho carrasco e decidirá o caneco contra o México

Maíra Nunes, Gabriel Escobar*, João Romariz*, Mariana Fraga*
postado em 15/11/2019 04:06
[FOTO1]
Não faltou emoção na semifinal entre Brasil e França. Assombrada pelo histórico de vexames brasileiros diante dos franceses, a Seleção entrou em campo acuada e, logo com 13 minutos de partida, perdia por 2 x 0. O placar se arrastou até o fim da primeira etapa. A partida caminhava para mais um fracasso diante dos históricos carrascos, como nas Copas de 1986, 1998 e 2006, e no Mundial Sub-17 de 2001, mas desta vez houve final feliz.

Com raça injetada na veia, o Brasil voltou com outra postura depois do intervalo. Com o oportunismo de Kaio Jorge, artilheiro verde-amarelo no torneio, e substituições pontuais de Guilherme Dalla Déa, a equipe correu atrás e, com gol salvador de Lázaro, aos 43 minutos, alcançou a virada.

Com o triunfo, o Brasil chega pela sexta vez a uma final de Mundial da categoria. Soma três títulos e tem a oportunidade de comemorar o tetra em casa. Para isso, enfrentará o México, que bateu a Holanda nos pênaltis. O embate entre as duas equipes na final aconteceu uma vez, em 2005, quando os mexicanos venceram por 3 x 0 e levantaram a taça. Em busca da revanche, a grande final será no domingo, às 19h, no Bezerrão.

A França começou melhor e o Brasil aguardou para sair nos contra-ataques. Em boa jogada no meio de campo, o camisa 10 e capitão francês, Aouchiche, recebeu a bola em velocidade. Ele viu a passagem do veloz Kalimuendo-Muinga, que só bateu na saída de Donelli para abrir o placar. O bandeirinha marcou impedimento, porém, com a ajuda do VAR, o juiz validou o gol para a festa azul no Bezerrão.

Cinco minutos depois, a França continuava melhor na partida e o Brasil aparentava nervosismo. O atacante Mbuku fez boa tabela com o lateral-esquerdo Pembele, passou por dois defensores brasileiros, um deles com drible por debaixo das pernas, e mandou rasteiro para dentro do gol.

Com o placar adverso, os jovens brasileiros acordaram. Nos minutos finais, a torcida vaiava a troca de bola defensiva do Brasil. Foi quando Diego Rosa fez belo lançamento para Yan Couto. Ele dominou a bola e invadiu a área francesa. Tocou para trás e recebeu carrinho de Pembele. O árbitro assinalou o pênalti, mas foi corrigido pelo VAR. Ele imediatamente mudou de decisão.

Na volta ao jogo, o Brasil ouviu o tradicional ;Eu acredito; das arquibancadas. Postado de forma ofensiva, voltou a se atirar ao ataque. Aos 16 minutos, a pressão surtiu efeito. O gol quase saiu com um brasileiro xará de carrasco francês. O capitão Henri tocou de cabeça a bola que a zaga cortou mal após escanteio. Bem posicionado, Kaio Jorge apenas completou para o gol, assumindo a artilharia da equipe com 4 gols.

Empolgado, o Brasil empatou aos 30 minutos. Daniel Cabral avançou pela esquerda e a bola foi cruzada na área para a finalização de Yan. A bola rebateu na marcação e sobrou para Veron. Ele bateu firme no canto do goleiro para empatar o jogo. A euforia deu lugar à desorganização tática. A França voltou a pressionar e até fez o terceiro anulado corretamente pelo VAR.

Na sequência da revisão, Lázaro ganhou disputa de bola com o zagueiro francês na velocidade, rabiscou para dentro da área e chutou forte no canto de Zinga. Era a virada brasileira, para delírio dos torcedores, jogadores e da comissão técnica no Bezerrão. Da derrota para a virada heroica, com um personagem improvável.


;Na minha cabeça, eu estava bastante confiante de que a bola ia entrar e eu faria o gol. É um momento de muita felicidade para mim e para todos;
Lázaro, autor do gol da virada


FICHA TÉCNICA

Brasil 3

Matheus Donelli; Yan Couto (Sandry), Henri, Luan Patrick, Patryck; Daniel Cabral, Diego Rosa (Lazaro); Peglow, Pedro Lucas (Garcia) e Veron; Kaio Jorge.
Técnico: Guilherme Dalla Déa

França 2
M. Zinga; Soppy, Kouassi, Matsima e Pembele; Ahamada e Millot (Hassan); Lihadji, Aouchiche e Mbuku; Kalimuendo-Muinga (Lepenant)
Técnico: Jean-Claude Giuttini

Gols: Kaio Jorge, Gabriel Veron e Lázaro (Brasil) / Kalimuendo-Muinga e Mbuku (França)
Cartões amarelos: Daniel Cabral e Lázaro (Brasil) / Matsima e Soppy (França)
Público: 13.587 pagantes
Renda: não divulgada
Árbitro: Ivan Barton (El Salvador)

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação