Jornal Correio Braziliense

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100% NACIONAL

Finalista contra o México amanhã, Brasil pode ser tetra com todos os seus jogadores atuando em clubes do país. Os últimos sete campeões tinham pelo menos um adolescente no exterior

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Maior exportador de pés de obra no mercado do futebol, o Brasil mantém medida protecionista no Mundial Sub-17. Finalista amanhã contra o México, às 19h, no Bezerrão, a Seleção pode conquistar o tetracampeonato com todos os 21 adolescentes vinculados a clubes do nosso país. Isso não acontece há 16 anos na competição. A última a conseguir o feito foi justamente a esquadra canarinho, em 2003, na campanha do tri. De lá para cá, são sete edições. Todos os vencedores tinham pelo menos um adolescente empregado no exterior (ler quadro).

O Brasil tem tradição de disputar o Mundial Sub-17 com jogadores em atividade no país por questões legais. Houve exceção na conquista do bi, em 1999. O técnico Carlos César convocou o meia Walker. Revelado pelo Guarani, o camisa 8 defendia o Ajax da Holanda na época da competição disputada na Nova Zelândia.

Especialista em divisões de base, o diretor do Atlético-MG, Júnior Chávare, tem um argumento para a permanência dos adolescentes em clubes brasileiros. ;No caso específico do Brasil, o atleta de 17 anos não consegue jogar fora do país. Isso é legislação Fifa. É diferente na Europa. Eles podem transitar facilmente entre os países do continente dentro do critério de cotas ou até mesmo no aspecto comunitário. Aqui, a transferência para fora do Brasil só se concretiza de forma efetiva a partir dos 18 anos. Salvo critérios específicos como o pai ou mãe morarem no exterior, descendência. Hoje, é muito difícil ter jogador com menos de 18 anos jogando fora do país;.

Rodrygo e Vinicius Júnior servem de parâmetro. Ambos tiveram de atingir a maioridade para trocar Santos e Flamengo, respectivamente, pelo Real Madrid. O caso de Walker, na conquista do título de 1999, antecede as novas normas da Fifa. ;A legislação mudou em 2003. Houve a proibição para evitar o tráfico de jogadores, a exploração de mão de obra infantil. O processo de pirateamento de jogadores da África e da América do Sul , principalmente, fez com que houvesse proibição. Jogadores extracomunitários podem ser transferidos a partir dos 16 anos. Esse é um critério;, detalha Júnior Chávare. Eliminada na fase de grupos, a Hungria tinha sete convocados de fora do país.

Adversário do Brasil na decisão de amanhã, o México conta com um estrangeiro. Efrain Álvarez defende o Los Angeles Galaxy na Major League Soccer. Atual campeã da Euro Sub-17, a Holanda tem cinco jogadores empregados no exterior, ou seja, um quarto dos convocados: Ki-Jana Hoever (Liverpool), Melayro Bogarde (Hoffenheim. Ian Maatsen (Chelsea), Yannick Leliendal (Genk) e Jayden Braaf (Manchester City). Dois dos 21 chamados pela França atuam fora do país ; Lucien Agoumé (Internazionale) e Naouirou Ahamada (Juventus).

Além do Brasil, Nova Zelândia, Equador, Coreia do Sul, Japão, Argentina, Tajiquistão e Camarões disputaram o Mundial Sub-17 com lista de convocados 100% nacional.



CAMPEÕES COM ESTRANGEIROS

Últimos sete vencedores do Mundial tinham pelo menos um jogador em atividade no exterior

2017: Inglaterra
Jadon Sancho
(Borussia Dortmund-ALE)

2015: Nigéria
Funsho Bamgboye
(Aspire Academy-Qatar)

2013: Nigéria
Habib Makanjuola
(Chelsea-ING)

2011: México

Richard Sánchez
(FC Dallas-EUA)
Dilan Nicoletti
(Newell;s Old Boys-ARG)

2009: Suíça
Granit Xhaka
(Borussia Monchengladbach-ALE)
Sead Hajrovic
(Arsenal-ING)
Pajtim Kasami
(Lazio-ITA)

2007: Nigéria
Azeez Balogun
(Porto Novo-BEN)

2005: México
Giovani dos Santos
(Barcelona-ESP)