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Peça Xavi

Maestro do anfitrião Al-Sadd estreia hoje com uma ambição: ser o quinto campeão do torneio como jogador e técnico. Bi com a camisa do Barcelona, ele tenta espantar a zebra da Nova Caledônia

Marcos Paulo Lima
Marcos Paulo Lima
postado em 11/12/2019 04:16
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O Mundial de Clubes da Fifa começa hoje com uma baita atração à beira do gramado. Bicampeão do torneio com a camisa do Barcelona em 2009 e em 2011, Xavier Hernández Creus, o Xavi, é técnico do Al-Sadd. Classificado para a competição como atual campeão da Qatar Stars League (QSL) ; como é chamada liga nacional do país-sede do torneio ; o clube enfrentará às 14h30 o azarão Hiengh;ne Sport. O time da Nova Caledônia representa a Oceania. O sobrevivente do duelo no Jassim bin Hamad Stadium será o adversário do Monterrey do México nas quartas de final. Um deles enfrentará o badalado Liverpool nas semifinais. Na outra chave, Al-Hilal (Arábia Saudita) e Espérance (Tunísia) medirão forças pelo direito de encarar o Flamengo.

O início da carreira de Xavi como técnico tem saído melhor do que a encomenda. Aos 39 anos, o ídolo do Barcelona e da seleção da Espanha acumula ótimos resultados à frente do Al-Sadd. Debutou na profissão conquistando a Supercopa do Qatar, chamada de Sheikh Jassim Cup. Outra prova do potencial do treinador foi a classificação para as semifinais da Champions League da Ásia. Foi eliminado pelo Al-Hilal. Devoto da posse de bola e do futebol ofensivo praticado pelo mentor Pep Guardiola, Xavi tem até um 7 x 1 na coleção de resultados. A vítima do massacre de agosto foi o Al-Shahaniya pela temporada 2019/2020 da QSL.

;Eu tive uma transição muito rápida de jogador para treinador. Mal tive tempo de pensar nisso. Obviamente, eu tinha uma visão do futebol em mente, porque, como todo mundo sabe, eu cresci no Barcelona e na seleção da Espanha;, disse Xavi em entrevista ao site da Fifa antes do Mundial de Clubes.

Alcançar a final do Mundial de Clubes da Fifa não seria impossível se o Al-Sadd tivesse evitado um possível confronto com o Liverpool. Ao contrário de alguns campeões da Libertadores, os vencedores da Champions League jamais ficaram pelo caminho nas semifinais. Sul-americanos como Internacional, Atlético-MG, Atlético Nacional e River Plate conseguiram ficar pelo caminho e permitiram que azarões como Mazembe (Congo), Raja Casablanca (Marrocos), Kashima Antlers (Japão) e Al-Ain (Emirados Árabes Unidos) fossem vice-campeões.

Xavi tem a oportunidade de se tornar o quinto campeão do Mundial de Clubes como jogador e técnico. O seleto grupo tem apenas o francês Zinedine Zidane, o italiano Carlo Ancelotti e os uruguaios Luis Cubilla e Juan Mujica. A missão impossível é recompensada por um papel bastante rentável no Qatar.

Embaixador do país-sede da Copa de 2022, Xavi recebe 10 milhões de euros (R$ 45 milhões) por temporada para ser uma das caras do megaevento ; um montante de 30 milhões de euros (R$ 135 milhões) pelos três anos de contrato. As contrapartidas são comandar o Al-Sadd, promovendo a QSL; ser garoto-propaganda da Copa e conselheiro dos projetos da Aspire Academy ; a fábrica de talentos do Qatar.

Além do contrato isento de impostos, Xavi desfruta de vários benefícios desembolsados pelos sheiks do país árabe. Mora numa mansão com a mulher, Núria Cunillera e a filha, Asia. Os irmãos dele, Óscar, Àlex e Ariadna têm emprego no país. Além disso, recebeu carta branca para comandar o Al-Sadd numa espécie de estágio de luxo para o próximo passo na carreira: comandar o Barcelona. Volta e meia é lembrado como sucessor de Ernesto Valverde. A trajetória de Xavi lembra a de Pep Guardiola. O técnico do Manchester City também jogou no Catar de 2003 a 2005 antes de pendurar a chuteira e iniciar a transição para a carreira de treinador.

Questionado sobre o estilo como treinador, Xavi não esconde a preferência pelo guardiolismo. ;Eu me descreveria como alguém que gosta de ter a bola. Sofro à beira do campo se meu time não tiver a bola. Eu era assim quando jogava: adorava estar com a bola. Quero que minha equipe tenha controle. Assim fui criado no Barça e na seleção. Essa é a minha filosofia: ter posse no meio do campo, não apenas ficar atrás esperando, e atacar;, afirma.

A primeira missão do treinador no Mundial é domar a zebra da Nova Caledônia. ;Nós olhamos para Hienghene e entendemos que somos os favoritos. No futebol, no entanto, é preciso provar em campo. Base do Qatar na conquista da Copa da Ásia no início do ano, o Al-Sadd conta com a melhor geração de jogadores do país: Akram Afif, Saad al Sheeb (goleiro), Hassan Al Haydos, capitão da equipe nacional, Tarek Salman, Boualem Khoukhi e Salem. No ataque, a referência é o argelino Bagdá Bounedjah. Sem contar o experiente espanhol Gabi numa boa combinação de experiência e juventude. ;Que esqueçam a pressão da estreia, de jogar em casa, e façam o que sabem contra o Hienghene;, prega o técnico Xavi Hernández.

;Sofro à beira do campo se meu time não tiver a bola. Quero que minha equipe tenha o controle. Fui criado assim no Barça. É a minha filosofia: ter posse, atacar, não ficar atrás esperando;

Xavi Hernández, técnico do Al-Sadd

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