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O êxodo da nação rubro-negra

Depois de peregrinar por quase 40 anos no deserto do futebol em busca da terra prometida, Flamengo retorna hoje ao torneio contra o Al-Hilal à caça do sonhado reencontro com o Liverpool na finalíssima

Marcos Paulo Lima
Marcos Paulo Lima
postado em 17/12/2019 04:17
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São 38 anos andando em círculo em busca da chamada terra prometida ; o Mundial de Clubes. Depois do histórico dezembro de 1981 colocando os ingleses na roda, como diz o mantra do Flamengo campeão carioca, brasileiro e da Libertadores em 2019, houve todo tipo de projeto. A cada montagem de um time minimamente competitivo, de uma sequência de vitórias ou de uma conquista relevante, a torcida mais bipolar do país bradava: ;Rumo a Tóquio, Yokohama, Abu Dhabi, Marrakesh;. As sedes e o sistema de disputa do torneio foram mudando até que Doha, no Catar, se apresenta como possível ponto final do êxodo da ;nação; rubro-negra.

Dos 40 milhões de torcedores do Flamengo, 20 mil são esperados em Doha na cobiçada final de sábado contra Liverpool ou Monterrey. Antes de colocar os pés na terra prometida, o time liderado por Jorge Jesus precisa peregrinar mais 90 ou até 180 minutos e os pênaltis no deserto do Oriente Médio e desbancar o atual campeão asiático Al-Hilal da Arábia Saudita, hoje, às 14h30, no Estádio Internacional Khalifa.

O técnico Jorge Jesus é o responsável por guiar os fiéis rubro-negros à final marcada para sábado. Dos três torneios disputados em cinco meses à frente do Flamengo, foi eliminado em apenas um, as quartas de final da Copa do Brasil contra o Athletico-PR. Triunfou nos pontos corridos do Campeonato Brasileiro e no mata-mata da Libertadores. Mais do que isso: o futebol apresentado pelo time do português no ;país do futebol; rompeu fronteiras e ganhou elogios dos vizinhos sul-americanos. Há quem aposte no Flamengo como possibilidade de finalmente equilibrar o jogo com os europeus. O Corinthians foi o último a derrotá-los na decisão de 2012.

Nas últimas nove edições, quatro campeões da Libertadores se despediram nas semifinais. Internacional (2010), Atlético-MG (2013), Atlético Nacional (2016) e River Plate (2018) foram vítimas, respectivamente, de Mazembe (RD Congo), Raja Casablanca (Marrocos), Kashima Antlers (Japão) e Al-Ain (Emirados Árabes Unidos).

;É um ano de pressão, mas muito mais de satisfação. E é isso que vamos tentar passar no nosso jogo. É um prazer, uma alegria, vamos tentar ganhar. Essa pressão é sinônimo do sucesso. Quem não quer? Quero viver toda minha vida com essa pressão;, disse o técnico Jorge Jesus, ontem, na entrevista coletiva oficial da Fifa. ;No Brasil, fala-se muito do Liverpool e esquecem que temos um jogo antes. Esquecem por ser um time saudita, não ser da Europa, não sendo muito valorizado;, ponderou.

Campeão da Champions League e do Mundial de Clubes pelo Bayern Munique em 2013 e da Libertadores neste ano pelo Flamengo, Rafinha conhece o histórico de fracassos sul-americanos nas semifinais: ;Estamos vacinados sobre esse assunto. Nosso pensamento está no Al Hilal. Muitos brasileiros ficaram pelo caminho e não podemos repetir o erro. Se passarmos, pensamos na final;, afirmou o lateral-direito rubro-negro.

Ex-técnico do Al-Hilal, Jorge Jesus recebeu até homenagem do centroavante francês Gomis na vitória do time saudita sobre o Espérance na semifinal do último sábado. Porém, deixou o passado de lado na entrevista de ontem, em Doha. ;Ajudei o Al Hilal a formar essa equipe. Hoje, não tenho nada a ver com o Al Hilal, a não ser o carinho dos jogadores. Um deles é o Gomis. E como é o destino. Falamos que iríamos nos encontrar no futebol e nos encontramos;, comentou.

Romeno

Comandante do Al-Hilal, o romeno Razvan Lucescu ameaça surpreender Jorge Jesus com uma legião de bons jogadores estrangeiros: o colombiano Cuéllar (ex-Flamengo), o peruano Carrillo, o italiano Giovinco e o centroavante Gomis. ;O Jesus pode até ter uma vantagem por ter escolhido alguns dos jogadores. Falam muito sobre ele ter passado aqui, mas isso não importa. O estilo de jogo é totalmente diferente, não influencia muito. É um jogo de 11 de cada lado e será decidido dentro de campo. Temos qualidade e faremos o possível para avançar;, afirmou Lucescu. ;Viemos aqui para obter resultados e estamos sempre jogando para vencer, independentemente do time que vamos enfrentar;, completou o filho do craque romeno Mircea Lucescu.

;O brasileiro Carlos Eduardo concorda com Lucescu. Para o meia-atacante de 30 anos, há uma diferença enorme em relação ao time que foi comandado por Jesus e o atual Al-Hilal. ;Não tem quase nada, até porque são estilos diferentes. Ele fez um bom trabalho aqui, mas o time tem muito pouco do estilo de jogo dele.;




;Ajudei o Al Hilal a formar essa equipe. Hoje, não tenho nada a ver com o Al Hilal, a não ser o carinho dos jogadores. Um deles é o Gomis. E como é o destino. Falamos que iríamos nos encontrar no futebol e nos encontramos;

Jorge Jesus, técnico do Flamengo

;O Jesus pode até ter uma vantagem por ter escolhido alguns dos jogadores, mas isso não importa. O estilo de jogo é totalmente diferente, não influencia muito. É um jogo de 11 de cada lado e será decidido dentro de campo. Temos qualidade e faremos o possível para avançar;
Razvan Lucescu, técnico do Al-Hilal



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