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Tira onda, Brasil!

Ítalo Ferreira conquista a Liga Mundial em Pipeline numa final verde-amarela contra Gabriel Medida e brinda o país com o tetracampeonato. Protagonistas da decisão representarão a nação nos Jogos de Tóquio-2020

Maíra Nunes
postado em 20/12/2019 04:07
O quarto título conquistado pelo Brasil na Liga Mundial de Surfe (World Surf League ; WSL, na sigla em inglês) começou recheado de ansiedade. A falta de ondas de qualidade em Pipeline, no Havaí, fez a organização adiar a final por sete dias. Ontem, enfim, as condições do mar melhoraram e a disputa da taça ficou entre dois compatriotas. O bicampeão Gabriel Medina chegou novamente à última etapa na briga pelo título, mas foi o potiguar Ítalo Ferreira quem ampliou a lista de brasileiros campeões mundiais após uma final alucinante travada entre os dois.

Aos 25 anos, o surfista nascido em Baía Formosa, litoral do Rio Grande do Norte, chegou ao primeiro título da carreira quatro anos após integrar a elite do surfe internacional. Antes disso, Ítalo Ferreira travou um duelo acirrado e emocionante com o paulista Medina, que defendia o título de Pipeline conquistado em 2018, condição que lhe rendeu também o troféu do campeonato na ocasião. O potiguar, porém, provou que o Brasil ganhou o apelido de ;Brazilian Storm; (Tempestade Brasileira) nesta última década justamente pela elevada quantidade de talentos no surfe.

Entre os três concorrentes que chegaram com chances de título no último dia da etapa Billabong Pipe Masters, o norte-americano Kolohe Andino foi o primeiro a sair da disputa. Ele caiu ainda nas oitavas de final, restando apenas brasileiros na briga. Ítalo Ferreira levava vantagem por ter chegado à 11; bateria na liderança do ranking, mas tinha o compatriota na cola. Na prática, Medina precisava terminar na frente de Ítalo para sair tricampeão. Os dois sobreviveram a cada bateria até se enfrentarem em uma final épica.

Com os dois brasileiros que representarão o país na estreia do surfe nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 na decisão, sobrou tubos e aéreos para levantar a torcida que lotava a areia. Ítalo Ferreira abriu a final com um bom tubo, que lhe rendeu 7,83 para sair na frente da disputa. Logo em seguida, o potiguar ampliou a vantagem com outro tubo, para o lado oposto. Medina respondeu com manobra semelhante, de 7,77, em uma final artística diante do mar cristalino do Havaí.

O grande momento da decisão foi protagonizado por Ítalo, que emendou um tubo longo com um aéreo e não deu chances ao amigo bicampeão mundial aumentar a lista. Com o resultado de 15,56 x 12,94, o potiguar se junta ao próprio Medina, que levantou a taça de campeão em 2014 e 2018, e a Adriano de Souza, o Mineirinho, que subiu no lugar mais alto do pódio da WSL em 2015. No surfe, o Brasil pode gritar que é tetracampeão!

O caminho
Com todos os holofotes sobre Ítalo Ferreira, o brasileiro passou para as eliminatórias de Pipeline em segundo da chave, atrás do australiano Billy Kemper. Depois, o potiguar encarou uma sequência de baterias contra brasileiros. Primeiro, venceu Jadson André por 8,53 x 7,20. Nas oitavas de final, somou uma nota de 11,84 contra 4,23 de Peterson Crisanto. E passou por Yago Dora nas quartas, por 15,66 x 13,50.

Em seguida, encarou Kelly Slater, uma lenda do surfe com 11 títulos mundiais, na semifinal. Aos 47 anos, o norte-americano não conseguiu descer em nenhuma onda boa e somou apenas 2,57, enquanto o brasileiro sobrou com 14,77 pontos. Ao menos, Kelly Slater ficou com a segunda vaga dos Estados Unidos para a estreia do surfe nos Jogos Olímpicos, em Tóquio, em 2020.

Medina passou pelas eliminatórias sem susto contra Willian Cardoso e Imaikalani deVault. Depois, voltou a cruzar com deVault, batendo o havaiano por 17,07 x 13,90. Nas oitavas de final, encarou um mar com poucas ondas. Ainda assim, conseguiu um tubo pequeno que lhe rendeu 4,23 e depois usou a interferência como tática para impedir que o brasileiro Caio Ibelli conseguisse descer em uma onda com potencial para ultrapassá-lo.

As quartas de final reservaram um duelo entre dois bicampeões mundiais: Medina e John John Florence. O havaiano venceu duas das quatro primeiras etapas do ano, mas uma cirurgia no joelho o deixou fora do torneio por mais de cinco meses. Ele voltou sem chances de título, mas encarou Medina por uma vaga olímpica. O brasileiro, no entanto, voou literalmente e venceu com ondas de 8,40 e 9,23. A soma de 17,63 superou os 12,33 de John John. Medina ainda passou fácil por Griffin Colapinto na semi antes da final contra Ítalo.


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