Superesportes

O mundo é dos nordestinos

Filhos da região se destacaram em campeonatos internacionais, em 2019. Conquistaram títulos no boxe, na natação, no surfe, no canoísmo e no futebol

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 29/12/2019 04:15
Ítalo Ferreira campeão mundial de surfe, em Pipeline, 25 anos, Baía Formosa, Rio Grande do Norte

Região de belas paisagens, o Nordeste oferece um litoral de tirar o fôlego e um sertão de grandes histórias e personagens. É cenário de livros de Jorge Amado, Graciliano Ramos, Ariano Suassuna, Ascenso Ferreira, Rachel de Queiróz, entre outros mestres da literatura. É berço do baião, do frevo, do axé, do mangue beat e outros ritmos que balançam o corpo. E, no esporte, não fica de fora: seis atletas que se destacaram internacionalmente, em 2019, são desta região de nove estados e população de quase 60 milhões de habitantes.

Os nordestinos foram protagonistas no ringue, nas águas e no gramado. Se consagraram na Hungria, na Rússia, na Coreia do Sul, no Catar e no Havaí, que, aliás, viu o haole Ítalo Ferreira conquistar o título mundial de surfe.


Potiguar de Baía Formosa, o garoto que pegava ondas com a tampa da caixa de isopor em que o pai levava peixe para vender se tornou o terceiro brasileiro da lista de campeões mundiais, com o bicampeão Gabriel Medina (2014 e 2018) e Adriano ;Mineirinho; de Souza (2015). Por sinal, somente agora é que se perguntarem por Ítalo na sua cidade natal, vão ligar o nome à pessoa: antes da conquista, ele era o Luizinho ; miniatura do pai, o comerciante Luiz Ferreira de Souza.

Em setembro, Ítalo também foi campeão dos Jogos Mundiais da Associação Internacional de Surfe (ISA) ; espécie de pré-olímpico do surfe ;, na praia de Kisakihama, no Japão. Em 2020, ele e Medina serão os representantes brasileiros na estreia do esporte nos Jogos Olímpicos de Tóquio, entre julho e agosto.


Conexão Ubaitaba-Szeged

Do interior da Bahia saiu outro atleta que está entre os melhores do mundo. Aos 25 anos, Isaquias Queiroz conquistou sua 12; medalha como um dos mais velozes canoístas da atualidade. O baiano bem humorado de Ubaitaba, município com pouco mais de 19 mil habitantes, foi campeão individual no C1 1000m no Mundial de Szeged, na Hungria, em agosto. E ainda ganhou a vaga para buscar mais pódios nos Jogos de Tóquio.

Outra baiana, Beatriz Ferreira, fez história ao recolocar, depois de 10 anos, o Brasil no topo do pódio do Mundial de Boxe feminino ; a última brasileira campeã tinha sido Roseli Feitosa. Para se consagrar na categoria até 60kg, Bia venceu as seis lutas que disputou e, na final, não deu chances à chinesa Cong Wang.


Aposta da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), a lutadora de 27 anos soma 24 medalhas em 25 competições de uma carreira feita, literalmente, em casa. Tudo começou com as aulas dadas pelo próprio pai, Raimundo Ferreira, o Sergipe, bicampeão brasileiro e tricampeão baiano, na garagem do imóvel de dois andares em que vivem no bairro Nova Brasília, em Salvador.

Outra cria da capital baiana colocou o Brasil no topo. Aos 27 anos, a soteropolitana Ana Marcela Cunha foi campeã mundial nos 5km e nos 25km do Mundial de Esportes Aquáticos de Gwangju, na Coreia do Sul. Tornou-se assim a maior medalhista de campeonatos mundiais em águas abertas, com 11 premiações. Nas águas coreanas, só faltou o ouro nos 10km, justamente a prova olímpica, mas a quinta colocação garantiu a possibilidade de buscar a inédita medalha em Tóquio.

Em 2019, Ana Marcela também levou o ouro em cinco das nove etapas da Copa do Mundo de Águas Abertas, disputadas de fevereiro a setembro. Em outras duas, pegou a prata, e não foi ao pódio apenas em outras duas fases de que não participou. Também conquistou o ouro do Pan-Americanos de Lima e nos Jogos Mundiais Militares, em Wuhan, na China.


Na água e no campo


A pernambucana Etiene Medeiros foi um dos destaques da natação brasileira. Aos 28 anos, conquistou a prata nos 50 metros costas no Mundial de Esportes Aquáticos de Gwangju, em julho. Dali, partiu para Lima, onde ganhou mais cinco medalhas no Pan no Peru, entre elas o ouro nos 50 metros livre. ;Essas duas grandes competições internacionais têm o glamour delas e antecedem os Jogos Olímpicos. Importante estar entre as melhores, obtendo bons resultados para ser vista como alguém diferente, que pode ter uma boa performance em Tóquio;, avaliou.

Enquanto uma nordestina se destaca entre as melhores nadadores do mundo, um alagoano brilha mais na constelação do futebol europeu: Roberto Firmino Barbosa de Oliveira, 28 anos, nascido em Maceió, é uma das molas-mestras da equipe do Liverpool, que conquistou a Liga dos Campeões.


Mas, por aqui, será por muito tempo lembrado como o algoz do Flamengo por decretar a vitória de 1 x 0, no Mundial de Clubes da Fifa, em Doha, no Catar.

Além disso, no último dia 26, no Boxing Day da Premier League (a primeira divisão do futebol inglês), marcou dois na goleada de 4 x 0 do time da cidade dos Beatles sobre o segundo colocado na competição, o Leicester.

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